segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A vez do Rio – Fernando Gabeira

As Olimpíadas de Londres foram um sucesso de organização. Isso é o que dizem os brasileiros, da Casa do Brasil, ouvidos pelo ‘The Independent’. A bandeira olímpica chega hoje ao Rio. Com ela também a experiência inglesa. Muitos pensavam que Londres viveria um caos. As coisas funcionaram. Os jornais londrinos destacam o papel dos 70 mil voluntários. Eles foram um elemento decisivo.

No entanto, o acerto britânico dependeu também de algumas medidas corretas. Uma delas foi a de criar um diretor de sustentabilidade. Outra foi decidir recuperar uma área degradada para instalar os jogos ali. Foram retiradas 800 toneladas de terra contaminada e o espaço cuidadosamente preparado para os eventos.

Turistas não houve tanto. Londres costuma receber 300 mil pessoas, mas muitas delas evitaram a cidade por causa dos Jogos. Muitos londrinos viajaram, o que costuma acontecer durante o verão. Nos cálculos iniciais, 100 mil pessoas visitaram a cidade durante os Jogos.

E as medalhas? Começa também agora o debate: por que perdemos, por que ganhamos? A escola chinesa de produção de medalhas é francamente autoritária. As crianças são afastadas da família e submetidas a uma disciplina de ferro.

Na Inglaterra, tanto o governo como a imprensa duvidam da eficácia de seu programa de esportes na escola. E há um estímulo para os que os pais e alunos contribuam com sua opinião.

No fundo, a sensação é de que a escola de todos os níveis é o espaço adequado para difundir o esporte. O Brasil não está longe disso, pois formulou o programa Segundo Tempo. A dificuldade foi que parte do dinheiro evaporou na mão de ONGs. Como na canção de Roberto Carlos, o importante nas Olimpíadas são as emoções vividas. Mas essas emoções dão trabalho e custam dinheiro.

O governo decidiu investir mais de R$ 2 bilhões nos grandes eventos esportivos que vamos sediar. Esta cifra deve se ampliar. Só a reforma do Maracanã ultrapassa R$ 1 bilhão.

O interessante é que, enquanto construímos o mais caro estádio do mundo, o Rio não tem gramados para o futebol moderno, no qual a bola corre com facilidade. Tanto o Engenhão como São Januário são muito criticados pelos jogadores. Às vezes, saímos para Volta Redonda onde há um bom estádio, mas o gramado também não é uma maravilha.

Temos problemas com estádios para profissionais. Como esperar um grande crescimento de várias modalidade de esporte em escolas desaparelhadas?

A Inglaterra tem vivido um grande avanço nos seus resultados olímpicos. Talvez ajude estudar não apenas como organizaram as Olimpíadas, mas como se prepararam para uma boa performance.

Em 2008, quando os ingleses iniciaram seu trabalho, havia uma crise econômica no horizonte. Em 2012, quando a bandeira olímpica chega ao Brasil, o panorama não é animador. Deu certo em Londres. Por que não no Rio?

FONTE: JORNAL METRO-RIO

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