terça-feira, 14 de outubro de 2014

Aliados de Dilma apontam distância de Lula e cobram presença na campanha

• Candidata à reeleição e ex-presidente, seu principal cabo eleitoral, não aparecem juntos em público desde 3 de outubro

• Lulistas rebatem críticas dizendo que petista ainda espera ser chamado por Dilma para definir sua atuação no segundo turno

Andréia Sadi, Natuza Nery – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Dilma Rousseff e seu antecessor e principal cabo eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não aparecem juntos em público desde 3 de outubro. O sumiço está gerando desconforto no entorno da petista, que cobra nos bastidores uma ação mais enérgica do ex-presidente.

Desde o dia 5 de outubro, quando as urnas confirmaram o segundo turno com Aécio Neves (PSDB), auxiliares de Dilma se queixam da ausência de Lula.

Mas enquanto dilmistas reclamam, lulistas rebatem com outro argumento: ele não só trabalhou no primeiro turno como ainda espera o chamado de Dilma para definir sua ação no segundo. Pedindo anonimato, um amigo de ambos classificou de "sacanagem" as críticas, feitas nos bastidores, ao ex-presidente.

Nesta segunda-feira (13), o ex-presidente apareceu pela primeira vez desde o início da campanha para o segundo turno no programa eleitoral de Dilma na televisão, com uma mensagem gravada ainda no primeiro turno. Ele já se colocou à disposição para uma nova gravação, que está prevista para esta quarta (15).

Ocorre que faltam apenas 12 dias para a eleição, e os aliados de Dilma estranham ele não ter aparecido mais nos programas desta segunda etapa da disputa.

Ouvidos pela reportagem, dilmistas afirmam que o ex-presidente, muito popular no Nordeste, não pôs os pés na região. Na semana passada, a presidente Dilma fez um périplo por Estados nordestinos para tentar ampliar sua vantagem. O ex-presidente não a acompanhou.

Para esse grupo, Lula era o único com interlocução suficiente para tentar evitar que a família de Eduardo Campos aderisse à candidatura tucana. O petista costumava chamar o candidato do PSB, morto em agosto e substituído no primeiro turno por Marina Silva, de "filho".

No sábado, a viúva de Campos divulgou carta formalizando o apoio a Aécio. Com isso, os tucanos esperam abocanhar parte dos eleitores que ajudaram Marina a vencer Dilma em Pernambuco no primeiro turno.

Antes de o ex-governador se lançar candidato à Presidência, Lula mantinha relação próxima com a família Campos.

Assim como ocorreu com Renata, ministros de Dilma pontuam que o antecessor também não se movimentou para impedir que Marina Silva pulasse para o barco tucano e declarasse apoio a Aécio. Petistas esperavam que ela se mantivesse neutra, como em 2010, quando também ficou em terceiro lugar.

Conselhos
Chamou a atenção de aliados do governo a ausência do ex-presidente em encontro de Dilma com governadores e parlamentares eleitos, em Brasília, na semana passada. Nos últimos anos, o petista reclamou a diversos interlocutores que a "afilhada" não ouvia seus conselhos. Dilma escutava, argumenta ele, mas só faz o que quer.

Passados dez dias sem contato público, embora tenham falado por telefone diversas vezes, Lula e Dilma ainda não tinham agenda confirmada até a conclusão desta edição. Assessores afirmam que a ideia é que eles se dividam para percorrer o país.

Nesta segunda (13), Dilma disse que apoiaria uma candidatura de Lula em 2018. "Olha, isso foi dito pelo Rui Falcão, o presidente Lula não me disse isso. Agora, se depender de mim, com certeza eu ajudo."

Colaboraram Valdo Cruz e Aguirre Talento, de Brasília

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