sábado, 25 de outubro de 2008

Eleições no Rio: namoro explicito entre Vladimir e Gabeira


Lucia Hippolito
DEU NO BLOG DE LUCIA HIPPOLITO


O último debate entre Fernando Gabeira e Eduardo Paes explicitou com toda a clareza o difícil dilema em que se encontra o eleitor carioca.


Não se trata de escolher entre dois candidatos, dois projetos, duas propostas.


Trata-se e escolher entre dois mundos diferentes.

De um lado, um competente candidato a gerente de uma grande loja de departamentos. Superintendente, talvez. Conhece profundamente o estoque, o preço da grosa de alfinetes, a utilidade de uma boa chave de fenda.

Do outro, alguém que é, em si mesmo um projeto. Uma proposta andante. Um Quixote da boa causa: a honestidade, a correção, o futuro, o sonho, uma nova forma de fazer política, novas práticas, novos métodos.

Um velho-moço contra um moço-velho. Velhíssimo.

No debate ao vivo, Eduardo Paes destilou números, competência, pegadinhas ridículas.

Declarou, depois do debate, que prefere o apoio de Jorge Babu ao apoio de César Maia.

(Jorge Babu, vereador pelo PT, foi preso pela PF junto com Duda Mendonça, coisa de dois anos atrás, em uma briga de galos no Rio. Hoje é acusado de comandar milícias na Zona Oeste.)

Gabeira foi bafejado pela sorte: por sorteio, iniciou e encerrou o debate. Ambos em tom maior, de grandeza. No miolo, foi mediano.

No final, teve seu dó de peito. Foi Gabeira por inteiro. Diferente, ousado, original. Chamou até os adversários para a grande conversação em favor do Rio. Bonito.

Mas o melhor do debate, assistido ao vivo no Rio, foram dois momentos-ternura.

Primeiro momento-ternura: ver Vladimir Palmeira (PT) e Francisco Dornelles (PP) juntinhos no cercadinho dos apoiadores de Eduardo Paes, trocando tapinhas nas costas, é feito a propaganda do Mastercard: não tem preço.

Segundo momento-ternura: Vladimir Palmeira rindo abertamente quando seu velho companheiro de militância, Fernando Gabeira, dava uma estocada em Eduardo Paes, seu recente aliado político.

Vladimir é um soldado do PT. José Dirceu já tentou esmagá-lo várias vezes com seu tacão (embora tenham sido também companheiros de militância estudantil).

Mas com Gabeira, o “namoro” era explícito. Vladimir ria abertamente a cada “saia justa” de Eduardo Paes.

A sopa da vingança, dizia minha avó, toma-se gelada.

O eleitor carioca está diante de uma escolha difícil.

Mas Gabeira mostrou que certos valores não morrem.

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