Cristiane Agostine e Raquel Ulhôa, de Brasília
DEU NO VALOR ECONÔMICO
O governo federal avalia que existe o risco de a CPI da Petrobras ser transformada em instrumento de pressão para aliados ampliarem sua participação em estatais, em especial na Petrobras. Os líderes do PT e dos partidos governistas pretendem realizar hoje um "pente-fino" na relação de senadores da base em busca dos mais leais, para definir os integrantes da comissão de inquérito. A intenção é que a base não tenha apenas uma maioria numérica na CPI, mas sim uma maioria qualificada e confiável.
O Palácio do Planalto teme o comportamento do PMDB, mais que o da oposição. O PMDB está em um momento de insatisfação com o governo. Seus principais líderes reclamam. É o caso do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), do líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves, que tiveram seus apadrinhados demitidos, sem aviso, da Infraero. Ontem, ainda, o partido perdeu para o PT a liderança do governo no Senado, a senadora Ideli Salvatti substituirá Roseana Sarney na função.
Na CPI, a cota de indicações do PMDB é importante para o governo. A comissão de inquérito é composta por 11 parlamentares e a oposição tem direito a três indicações. O bloco PT-PR-PSB-PCdoB-PRB tem direito a três indicações. PTB e PDT, da base têm direito a uma indicação cada. Com o controle dos pemedebistas, o governo ficaria com oito parlamentares, mas os três indicados pelo PMDB podem aliar-se pontualmente com o PSDB e DEM, deixando a oposição com seis senadores e a base, com cinco.
O governo mobilizou seus principais quadros para compor a CPI. Do PT, os mais cotados são a senadora Ideli Salvatti (SC), considerada uma aliada fiel, e o senador Delcídio Amaral (MS), pelo conhecimento que tem da Petrobras. Das três vagas que a oposição tem na CPI, o PSDB deve indicar dois senadores, apesar de ter uma bancada menor do que a do DEM. "Como eles tiveram a iniciativa de pedir a CPI concordamos que eles tenham a maioria", explicou o líder do DEM no Senado, José Agripino. Hoje os líderes partidários passarão o dia para definir quais serão os indicados para a comissão.
Os tucanos tentarão indicar o relator ou o presidente da comissão, apesar de o governo articular sua base para ter o maior controle possível da condução das investigações. "A regra de o governo indicar um cargo e a oposição indicar o outro já foi quebrada muitas vezes", disse o líder do PT, Aloizio Mercadante.
A preocupação do governo com o PMDB aumentou depois que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não evitou a CPI e autorizou a leitura do seu requerimento. Até mesmo a falta de reação do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), na sessão em que os três tucanos pressionavam a Mesa para que o requerimento fosse lido foi vista com estranheza.
Por trás do ação do PMDB, segundo informações de adversários, estaria a pressão para obter mais poder na diretoria da Petrobras. Os pemedebistas estão inconformados com o esvaziamento da diretoria Internacional, que ocupam, promovido pelo presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Querem também a diretoria de Abastecimento, que hoje é ocupada por Paulo Roberto. Os pemedebistas querem que Paulo Roberto vá para a diretoria de Exploração e Produção. "O apetite do PMDB é grande e o partido não foca um só lugar", diz um senador governista. Por conta da fragilidade em sua própria base, o governo tenta mapear os interesses da oposição para ver se será possível contar, eventualmente, com algum voto oposicionista.
A expectativa de senadores do PSDB e do DEM quanto à CPI é diferente. Enquanto o clima entre os tucanos é de ofensiva contra o governo, na bancada demista ouve-se muito as palavras "cautela", "equilibrio" e "ponderação". O DEM, entretanto, afirmou que as divergências com os tucanos, expostas na última sexta-feira, estão superadas. Quer dar instrumentos aos senadores para a análise de informações técnicas e documentos complexos que virão à tona durante a investigação.
Com a instalação da CPI, a audiência pública no Senado com o presidente da Petrobras, negociada em reunião com líderes partidárias como forma de o governo ganhar tempo para instalar a CPI, pode ser cancelada.
Deputados aliados do governo, liderados por André Vargas (PT-PR), iniciaram movimento ontem para transformar esta CPI do Senado em mista. Acreditam que o governo terá melhor controle dos trabalhos com a presença de deputados. A bancada do partido na Câmara vai colocar em discussão, hoje, a proposta.
DEU NO VALOR ECONÔMICO
O governo federal avalia que existe o risco de a CPI da Petrobras ser transformada em instrumento de pressão para aliados ampliarem sua participação em estatais, em especial na Petrobras. Os líderes do PT e dos partidos governistas pretendem realizar hoje um "pente-fino" na relação de senadores da base em busca dos mais leais, para definir os integrantes da comissão de inquérito. A intenção é que a base não tenha apenas uma maioria numérica na CPI, mas sim uma maioria qualificada e confiável.
O Palácio do Planalto teme o comportamento do PMDB, mais que o da oposição. O PMDB está em um momento de insatisfação com o governo. Seus principais líderes reclamam. É o caso do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), do líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves, que tiveram seus apadrinhados demitidos, sem aviso, da Infraero. Ontem, ainda, o partido perdeu para o PT a liderança do governo no Senado, a senadora Ideli Salvatti substituirá Roseana Sarney na função.
Na CPI, a cota de indicações do PMDB é importante para o governo. A comissão de inquérito é composta por 11 parlamentares e a oposição tem direito a três indicações. O bloco PT-PR-PSB-PCdoB-PRB tem direito a três indicações. PTB e PDT, da base têm direito a uma indicação cada. Com o controle dos pemedebistas, o governo ficaria com oito parlamentares, mas os três indicados pelo PMDB podem aliar-se pontualmente com o PSDB e DEM, deixando a oposição com seis senadores e a base, com cinco.
O governo mobilizou seus principais quadros para compor a CPI. Do PT, os mais cotados são a senadora Ideli Salvatti (SC), considerada uma aliada fiel, e o senador Delcídio Amaral (MS), pelo conhecimento que tem da Petrobras. Das três vagas que a oposição tem na CPI, o PSDB deve indicar dois senadores, apesar de ter uma bancada menor do que a do DEM. "Como eles tiveram a iniciativa de pedir a CPI concordamos que eles tenham a maioria", explicou o líder do DEM no Senado, José Agripino. Hoje os líderes partidários passarão o dia para definir quais serão os indicados para a comissão.
Os tucanos tentarão indicar o relator ou o presidente da comissão, apesar de o governo articular sua base para ter o maior controle possível da condução das investigações. "A regra de o governo indicar um cargo e a oposição indicar o outro já foi quebrada muitas vezes", disse o líder do PT, Aloizio Mercadante.
A preocupação do governo com o PMDB aumentou depois que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não evitou a CPI e autorizou a leitura do seu requerimento. Até mesmo a falta de reação do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), na sessão em que os três tucanos pressionavam a Mesa para que o requerimento fosse lido foi vista com estranheza.
Por trás do ação do PMDB, segundo informações de adversários, estaria a pressão para obter mais poder na diretoria da Petrobras. Os pemedebistas estão inconformados com o esvaziamento da diretoria Internacional, que ocupam, promovido pelo presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Querem também a diretoria de Abastecimento, que hoje é ocupada por Paulo Roberto. Os pemedebistas querem que Paulo Roberto vá para a diretoria de Exploração e Produção. "O apetite do PMDB é grande e o partido não foca um só lugar", diz um senador governista. Por conta da fragilidade em sua própria base, o governo tenta mapear os interesses da oposição para ver se será possível contar, eventualmente, com algum voto oposicionista.
A expectativa de senadores do PSDB e do DEM quanto à CPI é diferente. Enquanto o clima entre os tucanos é de ofensiva contra o governo, na bancada demista ouve-se muito as palavras "cautela", "equilibrio" e "ponderação". O DEM, entretanto, afirmou que as divergências com os tucanos, expostas na última sexta-feira, estão superadas. Quer dar instrumentos aos senadores para a análise de informações técnicas e documentos complexos que virão à tona durante a investigação.
Com a instalação da CPI, a audiência pública no Senado com o presidente da Petrobras, negociada em reunião com líderes partidárias como forma de o governo ganhar tempo para instalar a CPI, pode ser cancelada.
Deputados aliados do governo, liderados por André Vargas (PT-PR), iniciaram movimento ontem para transformar esta CPI do Senado em mista. Acreditam que o governo terá melhor controle dos trabalhos com a presença de deputados. A bancada do partido na Câmara vai colocar em discussão, hoje, a proposta.
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