DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Após o PMDB, que se disse ofendido com a lista tríplice, é a vez de o PP querer dote para aceitar o casamento
Vera Rosa
Com a nova arrumação no ninho tucano, aliados do governo Lula já começam a fazer "exigências" para apoiar a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Palácio do Planalto, em 2010. Depois de dirigentes do PMDB dizerem-se ofendidos com declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que sugeriu ao partido a apresentação de uma lista tríplice para Dilma escolher o vice de sua chapa -, agora é a vez do PP de querer um dote para aceitar o casamento.
"Aprecio a Dilma e acho que ela é uma mulher de valor, mas não faremos acordo federal sem São Paulo", afirmou o deputado Paulo Maluf (PP-SP), que não foi ao jantar da ministra com a bancada do PP, há 53 dias, em Brasília. "A definição do nosso apoio tem de passar por uma conversa sobre o maior colégio eleitoral do País."
Presidente do PP paulista, Maluf gostaria que o PT avalizasse a candidatura do deputado Celso Russomanno (SP) à sucessão do governador José Serra (PSDB). Na prática, sabe que essa hipótese é impossível, mas quer o compromisso de que o PT não hostilizará Russomanno.
"Temos de deixar definido já como ficam as coisas e se vão nos apoiar lá na frente, pois temos um candidato que tem votos e discurso", insistiu Maluf. "Quem o PT tem em São Paulo?", perguntou Russomanno, que também não bateu ponto no jantar de outubro, no qual Dilma caprichou nos elogios ao PP.
Para arrepio de petistas mais radicais, a ministra chegou a dizer, naquele jantar, que não sabe distinguir entre as "realizações" do PP e do PT no governo Lula, tamanha a "afinidade" entre os dois partidos, ex-rivais históricos. "É possível ter acordo com o PP em São Paulo", disse o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), informado sobre a imposição de Maluf. "Se o candidato deles apoiar a Dilma, podemos firmar acordo para estarmos juntos no segundo turno." Cauteloso, o senador Francisco Dornelles (RJ), presidente nacional do PP, disse que é cedo para a legenda resolver com quem ficará em 2010. "Política e pressa não combinam", resumiu. Nem mesmo a desistência do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB) - que retirou sua pré-candidatura, deixando o caminho livre para Serra -, fez Dornelles antecipar a decisão do PP. O senador é tio de Aécio e estava numa saia-justa, aguardando o desfecho da novela na seara tucana.
FATOR CIRO
Além da indefinição de muitos aliados, há o "fator Ciro". O PT não definiu quem será seu representante na disputa ao Palácio dos Bandeirantes porque está à espera do deputado Ciro Gomes (PSB-SP). Defensor de uma eleição polarizada entre Dilma e Serra - para investir numa campanha plebiscitária, de comparação entre os projetos do petismo e do tucanato -, Lula quer que o PT desista da candidatura própria e apoie Ciro.
O deputado continua de olho na Presidência e jura que, se não tiver apoio suficiente para a empreitada, não concorrerá a nada. Pior: tem dado fortes estocadas no PMDB do presidente da Câmara, Michel Temer (SP), cotado para vice de Dilma.
Os últimos protestos de Ciro, para quem a coalizão entre o PT e o PMDB faz "mal ao Brasil", entornaram o caldo da aliança. "Ele quer a vaga de vice (de Dilma) e eu faço gosto", rebateu Temer. Berzoini saiu em defesa da parceria peemedebista. "O PMDB está presente em várias alianças com o PSB, inclusive no Ceará de Ciro, e acho que ele não precisa brigar com os aliados", afirmou. A cúpula petista já decidiu que, se Ciro não entrar na corrida ao Bandeirantes, o candidato será do PT. Nesse caso, o nome mais cotado é o do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.
O PTB do deputado cassado Roberto Jefferson - que denunciou o mensalão, em 2005 - é outra legenda que enfrenta divergências internas em relação ao apoio a Dilma. Motivo: fatia considerável da sigla defende dobradinha com Serra. Após a transferência de José Múcio Monteiro da Secretaria de Relações Institucionais para o Tribunal de Contas da União (TCU), o PTB de Jefferson ficou sem assento na Esplanada dos Ministérios.
"O ideal é não ter ninguém no governo, para ficar com mais liberdade", afirmou Jefferson. Se depender de Múcio e do líder do PTB no Senado, Gim Argello (DF), o casamento petebista com Dilma será de papel passado.
"Darei palanque para a ministra no Distrito Federal", garantiu Argello, pré-candidato do PTB a governador. Diante das divergências, a tendência do PTB é liberar diretórios estaduais para agirem como bem entenderem em 2010.
Após o PMDB, que se disse ofendido com a lista tríplice, é a vez de o PP querer dote para aceitar o casamento
Vera Rosa
Com a nova arrumação no ninho tucano, aliados do governo Lula já começam a fazer "exigências" para apoiar a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Palácio do Planalto, em 2010. Depois de dirigentes do PMDB dizerem-se ofendidos com declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que sugeriu ao partido a apresentação de uma lista tríplice para Dilma escolher o vice de sua chapa -, agora é a vez do PP de querer um dote para aceitar o casamento.
"Aprecio a Dilma e acho que ela é uma mulher de valor, mas não faremos acordo federal sem São Paulo", afirmou o deputado Paulo Maluf (PP-SP), que não foi ao jantar da ministra com a bancada do PP, há 53 dias, em Brasília. "A definição do nosso apoio tem de passar por uma conversa sobre o maior colégio eleitoral do País."
Presidente do PP paulista, Maluf gostaria que o PT avalizasse a candidatura do deputado Celso Russomanno (SP) à sucessão do governador José Serra (PSDB). Na prática, sabe que essa hipótese é impossível, mas quer o compromisso de que o PT não hostilizará Russomanno.
"Temos de deixar definido já como ficam as coisas e se vão nos apoiar lá na frente, pois temos um candidato que tem votos e discurso", insistiu Maluf. "Quem o PT tem em São Paulo?", perguntou Russomanno, que também não bateu ponto no jantar de outubro, no qual Dilma caprichou nos elogios ao PP.
Para arrepio de petistas mais radicais, a ministra chegou a dizer, naquele jantar, que não sabe distinguir entre as "realizações" do PP e do PT no governo Lula, tamanha a "afinidade" entre os dois partidos, ex-rivais históricos. "É possível ter acordo com o PP em São Paulo", disse o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), informado sobre a imposição de Maluf. "Se o candidato deles apoiar a Dilma, podemos firmar acordo para estarmos juntos no segundo turno." Cauteloso, o senador Francisco Dornelles (RJ), presidente nacional do PP, disse que é cedo para a legenda resolver com quem ficará em 2010. "Política e pressa não combinam", resumiu. Nem mesmo a desistência do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB) - que retirou sua pré-candidatura, deixando o caminho livre para Serra -, fez Dornelles antecipar a decisão do PP. O senador é tio de Aécio e estava numa saia-justa, aguardando o desfecho da novela na seara tucana.
FATOR CIRO
Além da indefinição de muitos aliados, há o "fator Ciro". O PT não definiu quem será seu representante na disputa ao Palácio dos Bandeirantes porque está à espera do deputado Ciro Gomes (PSB-SP). Defensor de uma eleição polarizada entre Dilma e Serra - para investir numa campanha plebiscitária, de comparação entre os projetos do petismo e do tucanato -, Lula quer que o PT desista da candidatura própria e apoie Ciro.
O deputado continua de olho na Presidência e jura que, se não tiver apoio suficiente para a empreitada, não concorrerá a nada. Pior: tem dado fortes estocadas no PMDB do presidente da Câmara, Michel Temer (SP), cotado para vice de Dilma.
Os últimos protestos de Ciro, para quem a coalizão entre o PT e o PMDB faz "mal ao Brasil", entornaram o caldo da aliança. "Ele quer a vaga de vice (de Dilma) e eu faço gosto", rebateu Temer. Berzoini saiu em defesa da parceria peemedebista. "O PMDB está presente em várias alianças com o PSB, inclusive no Ceará de Ciro, e acho que ele não precisa brigar com os aliados", afirmou. A cúpula petista já decidiu que, se Ciro não entrar na corrida ao Bandeirantes, o candidato será do PT. Nesse caso, o nome mais cotado é o do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.
O PTB do deputado cassado Roberto Jefferson - que denunciou o mensalão, em 2005 - é outra legenda que enfrenta divergências internas em relação ao apoio a Dilma. Motivo: fatia considerável da sigla defende dobradinha com Serra. Após a transferência de José Múcio Monteiro da Secretaria de Relações Institucionais para o Tribunal de Contas da União (TCU), o PTB de Jefferson ficou sem assento na Esplanada dos Ministérios.
"O ideal é não ter ninguém no governo, para ficar com mais liberdade", afirmou Jefferson. Se depender de Múcio e do líder do PTB no Senado, Gim Argello (DF), o casamento petebista com Dilma será de papel passado.
"Darei palanque para a ministra no Distrito Federal", garantiu Argello, pré-candidato do PTB a governador. Diante das divergências, a tendência do PTB é liberar diretórios estaduais para agirem como bem entenderem em 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário