DEU EM O GLOBO
Há exatos quatro anos, Serra também não havia decidido, e PSDB pressionava por candidatura
Carolina Benevides
Em março de 2006, José Serra, que na época era prefeito de São Paulo, fazia o PSDB e seus aliados viverem um momento muito parecido com o que enfrentam hoje: estavam todos também à espera de o tucano decidir se iria ou não se candidatar ao Planalto. Há exatos quatro anos, em 2 de março de 2006, reportagem publicada pelo GLOBO mostrava que o partido colocava nas mãos de Serra a decisão sobre sua candidatura à Presidência. E mais: que a cúpula do PSDB queria que ele assumisse sua pré-candidatura até o dia 10 daquele mês, mas o então prefeito pedia mais tempo para se decidir. Ele acabou abrindo mão da disputa dentro do PSDB com o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, escolhido candidato e depois derrotado pelo presidente Lula na disputa.
— A repetição dos fatos mostra que ele tem uma personalidade que gera um comportamento mais cauteloso. Como toda característica, a cautela tem um lado positivo e outro negativo.
Se a pessoa não tiver flexibilidade, ela está condenada a manter sua característica mesmo quando ela ganha conotação negativa. No caso do Serra, foi ótimo ser cauteloso até um determinado momento. Agora, manter essa cautela e não assumir a candidatura pode ser visto como covardia. Quando a pessoa não abre mão de sua característica para se adequar às circunstâncias, ela perde contato com a realidade — analisa Luiz Alberto Py, psiquiatra e psicanalista.
Para Fernando Abrucio, professor de ciência política da Fundação Getulio Vargas, Serra sempre se mostrou um político que pensa e repensa suas decisões: — Ele não se guia pelo instinto, como o presidente Lula.
É um político que se arrisca pouco e agora enfrenta um dilema: talvez essa seja sua última chance de concorrer à Presidência, mas ele sabe também que em São Paulo está praticamente reeleito — diz Abrucio, lembrando que a pesquisa Datafolha que mostra que a diferença de Serra para Dilma Rousseff caiu para apenas 4 pontos trouxe para o tucano um novo problema: — A estratégia de não assumir que vai concorrer não pode mais ser mantida.
É como em um jogo de futebol: ele montou uma estratégia e, aos 10 minutos do 1° tempo, viu que precisa mudar. Para uma pessoa que gosta de calcular seus passos, isso é difícil.
Há exatos quatro anos, Serra também não havia decidido, e PSDB pressionava por candidatura
Carolina Benevides
Em março de 2006, José Serra, que na época era prefeito de São Paulo, fazia o PSDB e seus aliados viverem um momento muito parecido com o que enfrentam hoje: estavam todos também à espera de o tucano decidir se iria ou não se candidatar ao Planalto. Há exatos quatro anos, em 2 de março de 2006, reportagem publicada pelo GLOBO mostrava que o partido colocava nas mãos de Serra a decisão sobre sua candidatura à Presidência. E mais: que a cúpula do PSDB queria que ele assumisse sua pré-candidatura até o dia 10 daquele mês, mas o então prefeito pedia mais tempo para se decidir. Ele acabou abrindo mão da disputa dentro do PSDB com o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, escolhido candidato e depois derrotado pelo presidente Lula na disputa.
— A repetição dos fatos mostra que ele tem uma personalidade que gera um comportamento mais cauteloso. Como toda característica, a cautela tem um lado positivo e outro negativo.
Se a pessoa não tiver flexibilidade, ela está condenada a manter sua característica mesmo quando ela ganha conotação negativa. No caso do Serra, foi ótimo ser cauteloso até um determinado momento. Agora, manter essa cautela e não assumir a candidatura pode ser visto como covardia. Quando a pessoa não abre mão de sua característica para se adequar às circunstâncias, ela perde contato com a realidade — analisa Luiz Alberto Py, psiquiatra e psicanalista.
Para Fernando Abrucio, professor de ciência política da Fundação Getulio Vargas, Serra sempre se mostrou um político que pensa e repensa suas decisões: — Ele não se guia pelo instinto, como o presidente Lula.
É um político que se arrisca pouco e agora enfrenta um dilema: talvez essa seja sua última chance de concorrer à Presidência, mas ele sabe também que em São Paulo está praticamente reeleito — diz Abrucio, lembrando que a pesquisa Datafolha que mostra que a diferença de Serra para Dilma Rousseff caiu para apenas 4 pontos trouxe para o tucano um novo problema: — A estratégia de não assumir que vai concorrer não pode mais ser mantida.
É como em um jogo de futebol: ele montou uma estratégia e, aos 10 minutos do 1° tempo, viu que precisa mudar. Para uma pessoa que gosta de calcular seus passos, isso é difícil.
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