DEU EM O GLOBO
A produção industrial caiu 2% no segundo trimestre, mais do que a previsão de vários economistas. Mas isso não é problema. A projeção mais comum continua sendo a de que o país vai crescer em torno de 7%. O número bonito no entanto esconde alguns desequilíbrios: os gastos públicos aumentaram, o déficit em conta corrente cresceu e consultorias apontam perda de qualidade da política monetária.
A MB Associados afirmou em relatório que o país começa a entrar em desequilíbrio macroeconômico. Diz que está em estágio incipiente, mas aponta piora nas políticas monetária, fiscal e um déficit crescente nas nossas contas externas. Parece exagero falar isso se a mesma consultoria projeta crescimento de 7% do PIB; 11,8% da indústria; e 9,9% do comércio este ano. Parte da explicação para o desacordo entre os números bons e o diagnóstico ruim está no carregamento estatístico.
Ele mostra que mesmo que a economia pare de crescer até o final do ano, a média do PIB de 2010 já será 6% maior do que a de 2009. Ou seja, esse número robusto, como dizem os economistas, já aconteceu. Representa mais um crescimento passado do que o futuro.
As indicações de políticas monetária e fiscal e as contas do setor externo sinalizam a necessidade de novas medidas de ajuste na economia, que deveriam vir com o próximo presidente.
Enfatizamos que esse cenário de desequilíbrio trará consequências negativas no longo prazo, enquanto no curto prazo o crescimento continuará ocorrendo, disse a MB Associados.
O déficit em conta corrente, segundo projeções do Itaú Unibanco deve atingir 2,5% do PIB este ano, contra 1,6% do ano passado.
Isso quer dizer que aumentou a nossa dependência de poupança externa. O déficit foi de US$ 5,2 bilhões somente no mês de junho.
A MB projeta uma deterioração crescente no déficit nos próximos anos (vejam no gráfico). Com reservas em mais de US$ 250 bilhões, isso não parece problema, mas há sinais amarelos: a balança comercial tem sido favorecida pelos preços altos das matériasprimas no comércio internacional.
Qualquer desaceleração nas principais economias, qualquer redução da importação da China, pode reverter esse cenário de uma hora para outra.
O principal problema é que o déficit está crescendo de forma muito forte. Financiar quase US$ 100 bilhões por ano não será trivial, disse o economista Sérgio Vale, da MB.
Como o Brasil tem baixa taxa de poupança, e o governo tem déficit nominal, o crescimento acaba sendo financiado por poupança externa; o que não é difícil quando não há crise, mas torna o país mais vulnerável às oscilações externas. O que complica a situação é uma conjuntura de elevação dos gastos públicos, como a atual. O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, que prevê crescimento de 7,2% do PIB este ano, acha inevitável que o próximo presidente, seja quem for, faça ajustes nas contas públicas.
A questão fiscal será uma herança negativa para o próximo governo. Quem assumir terá que aumentar a poupança do setor público para diminuir o déficit em conta corrente. É preciso conter o crescimento das despesas e aumentar os investimentos, do contrário, teremos gargalos de infraestrutura que vão impedir um crescimento maior do PIB explicou.
Para o economista Bernardo Wjuniski, da Tendências, que prevê crescimento de 6,4% do PIB este ano, as projeções de forte crescimento da economia estão escondendo desajustes, principalmente no campo fiscal. Ele explica que a dívida bruta saltou de 55% do PIB antes da crise internacional, em setembro de 2008, para 60,1% em junho deste ano. E chegou a bater em 64% em janeiro.
As projeções de crescimento do PIB estão camuflando políticas econômicas equivocadas no campo fiscal. A dívida bruta cresceu muito, em grande parte pelo fator BNDES, que foi capitalizado com a emissão de títulos públicos do Tesouro. O governo tem dado ênfase no crescimento de curto prazo disse.
Mas para o governo o importante é que haja clima de euforia este ano, para garantir a eleição da sua candidata. Desequilíbrios que estão sendo formados terão que ser enfrentados nos próximos anos.
A produção industrial caiu 2% no segundo trimestre, mais do que a previsão de vários economistas. Mas isso não é problema. A projeção mais comum continua sendo a de que o país vai crescer em torno de 7%. O número bonito no entanto esconde alguns desequilíbrios: os gastos públicos aumentaram, o déficit em conta corrente cresceu e consultorias apontam perda de qualidade da política monetária.
A MB Associados afirmou em relatório que o país começa a entrar em desequilíbrio macroeconômico. Diz que está em estágio incipiente, mas aponta piora nas políticas monetária, fiscal e um déficit crescente nas nossas contas externas. Parece exagero falar isso se a mesma consultoria projeta crescimento de 7% do PIB; 11,8% da indústria; e 9,9% do comércio este ano. Parte da explicação para o desacordo entre os números bons e o diagnóstico ruim está no carregamento estatístico.
Ele mostra que mesmo que a economia pare de crescer até o final do ano, a média do PIB de 2010 já será 6% maior do que a de 2009. Ou seja, esse número robusto, como dizem os economistas, já aconteceu. Representa mais um crescimento passado do que o futuro.
As indicações de políticas monetária e fiscal e as contas do setor externo sinalizam a necessidade de novas medidas de ajuste na economia, que deveriam vir com o próximo presidente.
Enfatizamos que esse cenário de desequilíbrio trará consequências negativas no longo prazo, enquanto no curto prazo o crescimento continuará ocorrendo, disse a MB Associados.
O déficit em conta corrente, segundo projeções do Itaú Unibanco deve atingir 2,5% do PIB este ano, contra 1,6% do ano passado.
Isso quer dizer que aumentou a nossa dependência de poupança externa. O déficit foi de US$ 5,2 bilhões somente no mês de junho.
A MB projeta uma deterioração crescente no déficit nos próximos anos (vejam no gráfico). Com reservas em mais de US$ 250 bilhões, isso não parece problema, mas há sinais amarelos: a balança comercial tem sido favorecida pelos preços altos das matériasprimas no comércio internacional.
Qualquer desaceleração nas principais economias, qualquer redução da importação da China, pode reverter esse cenário de uma hora para outra.
O principal problema é que o déficit está crescendo de forma muito forte. Financiar quase US$ 100 bilhões por ano não será trivial, disse o economista Sérgio Vale, da MB.
Como o Brasil tem baixa taxa de poupança, e o governo tem déficit nominal, o crescimento acaba sendo financiado por poupança externa; o que não é difícil quando não há crise, mas torna o país mais vulnerável às oscilações externas. O que complica a situação é uma conjuntura de elevação dos gastos públicos, como a atual. O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, que prevê crescimento de 7,2% do PIB este ano, acha inevitável que o próximo presidente, seja quem for, faça ajustes nas contas públicas.
A questão fiscal será uma herança negativa para o próximo governo. Quem assumir terá que aumentar a poupança do setor público para diminuir o déficit em conta corrente. É preciso conter o crescimento das despesas e aumentar os investimentos, do contrário, teremos gargalos de infraestrutura que vão impedir um crescimento maior do PIB explicou.
Para o economista Bernardo Wjuniski, da Tendências, que prevê crescimento de 6,4% do PIB este ano, as projeções de forte crescimento da economia estão escondendo desajustes, principalmente no campo fiscal. Ele explica que a dívida bruta saltou de 55% do PIB antes da crise internacional, em setembro de 2008, para 60,1% em junho deste ano. E chegou a bater em 64% em janeiro.
As projeções de crescimento do PIB estão camuflando políticas econômicas equivocadas no campo fiscal. A dívida bruta cresceu muito, em grande parte pelo fator BNDES, que foi capitalizado com a emissão de títulos públicos do Tesouro. O governo tem dado ênfase no crescimento de curto prazo disse.
Mas para o governo o importante é que haja clima de euforia este ano, para garantir a eleição da sua candidata. Desequilíbrios que estão sendo formados terão que ser enfrentados nos próximos anos.
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