DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Além das fraudes com a venda de carteiras de financiamentos e empréstimos a bancos, o Panamericano apresentou problemas em sua unidade de cartões de credito. Em audiência pública no Congresso, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, apontou as "inconsistências contábeis" responsáveis por R$ 400 milhões do rombo total de R$ 2,5 bilhões. Meirelles indicou que o empresário Sílvio Santos deve se desfazer do banco.
Cartão de crédito também sofreu fraude
Presidente do BC informou que unidade de cartões do Panamericano também apresentou ‘inconsistências contábeis’, no valor de R$ 400 milhões
Fernando Nakagawa e Fabio Graner
BRASÍLIA - O socorro ao Banco Panamericano não cobriu apenas o rombo dos empréstimos vendidos a outras instituições financeiras. O dinheiro também foi usado para corrigir problemas na unidade de cartões de crédito.
Quinta-feira, em audiência pública no Congresso, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, trouxe à tona o segundo foco da fraude que, sozinho, foi responsável por R$ 400 milhões do rombo de R$ 2,5 bilhões.
Menos de 48 horas depois de a crise do Panamericano se tornar pública, o presidente do BC anunciou que as fraudes vão além da cessão de financiamentos e empréstimos. Em um tipo de operação distinta da vista na venda de carteiras, a unidade de cartões de crédito também registrou "inconsistências contábeis". Segundo o Estado apurou, esse problema não havia sido constatado pelos técnicos do BC e foi reportado voluntariamente pela diretoria do Panamericano nas últimas semanas.
Ao ser questionado se os problemas nos cartões também envolveriam o repasse das operações a outros bancos sem baixa contábil, Meirelles afirmou que "não há indícios disso". Mas a hipótese não está totalmente descartada, já que muitos bancos negociam recebíveis de cartão, seja com clientes lojistas ou entre instituições financeiras.
Meirelles lembrou que o tema "cartões de crédito" não é de jurisdição direta da autoridade monetária. Por isso, a fraude não teria sido encontrada originalmente pelos técnicos do BC.
Venda
O presidente do BC indicou que o empresário Silvio Santos deve se desfazer do controle do Panamericano para pagar a dívida de R$ 2,5 bilhões com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC). O empréstimo emergencial que salvou a financeira tem condições especiais: pagamento em dez anos com carência de três anos, período em que não há pagamento de juros e amortizações.
Ao comentar a possibilidade de venda do banco, Meirelles disse que é possível que no futuro a Caixa Econômica Federal seja sócia de outro grupo empresarial – e não o Grupo Silvio Santos – no Panamericano. Apesar desse prognóstico, ele afirmou desconhecer qualquer negociação para troca do controle acionário.
Meirelles reafirmou que a investigação do BC não encontrou sinais de problemas semelhantes ao do Panamericano em outras instituições. "A análise não encontrou nenhuma ocorrência em outros bancos, mas nenhum Banco Central do mundo pode garantir responsabilidades futuras", afirmou, ao ressaltar que não há garantia de que o sistema bancário seja completamente blindado às fraudes.
Final feliz
Parlamentares questionaram Meirelles se o BC não pode se responsabilizar por bancos e suas operações de modo a evitar fraudes como a do Panamericano. "Minha experiência diz que o BC não deve fazer isso porque, quando um governo assume a responsabilidade de instituições privadas, ele dá um selo de garantia. Isso abre um passivo contingente e risco moral incomensurável."
Meirelles destacou que executivos poderiam se aproveitar desse seguro de última instância do governo para administrar ativos de forma inadequada. "Não há cobertor para todos", resumiu.
Apesar da gravidade do problema no Panamericano, o clima entre os diretores do BC era de tranquilidade na audiência pública da manhã de quinta. Aos parlamentares, Meirelles disse que é preciso comemorar o fato de o episódio ter tido "final feliz".
Além das fraudes com a venda de carteiras de financiamentos e empréstimos a bancos, o Panamericano apresentou problemas em sua unidade de cartões de credito. Em audiência pública no Congresso, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, apontou as "inconsistências contábeis" responsáveis por R$ 400 milhões do rombo total de R$ 2,5 bilhões. Meirelles indicou que o empresário Sílvio Santos deve se desfazer do banco.
Cartão de crédito também sofreu fraude
Presidente do BC informou que unidade de cartões do Panamericano também apresentou ‘inconsistências contábeis’, no valor de R$ 400 milhões
Fernando Nakagawa e Fabio Graner
BRASÍLIA - O socorro ao Banco Panamericano não cobriu apenas o rombo dos empréstimos vendidos a outras instituições financeiras. O dinheiro também foi usado para corrigir problemas na unidade de cartões de crédito.
Quinta-feira, em audiência pública no Congresso, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, trouxe à tona o segundo foco da fraude que, sozinho, foi responsável por R$ 400 milhões do rombo de R$ 2,5 bilhões.
Menos de 48 horas depois de a crise do Panamericano se tornar pública, o presidente do BC anunciou que as fraudes vão além da cessão de financiamentos e empréstimos. Em um tipo de operação distinta da vista na venda de carteiras, a unidade de cartões de crédito também registrou "inconsistências contábeis". Segundo o Estado apurou, esse problema não havia sido constatado pelos técnicos do BC e foi reportado voluntariamente pela diretoria do Panamericano nas últimas semanas.
Ao ser questionado se os problemas nos cartões também envolveriam o repasse das operações a outros bancos sem baixa contábil, Meirelles afirmou que "não há indícios disso". Mas a hipótese não está totalmente descartada, já que muitos bancos negociam recebíveis de cartão, seja com clientes lojistas ou entre instituições financeiras.
Meirelles lembrou que o tema "cartões de crédito" não é de jurisdição direta da autoridade monetária. Por isso, a fraude não teria sido encontrada originalmente pelos técnicos do BC.
Venda
O presidente do BC indicou que o empresário Silvio Santos deve se desfazer do controle do Panamericano para pagar a dívida de R$ 2,5 bilhões com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC). O empréstimo emergencial que salvou a financeira tem condições especiais: pagamento em dez anos com carência de três anos, período em que não há pagamento de juros e amortizações.
Ao comentar a possibilidade de venda do banco, Meirelles disse que é possível que no futuro a Caixa Econômica Federal seja sócia de outro grupo empresarial – e não o Grupo Silvio Santos – no Panamericano. Apesar desse prognóstico, ele afirmou desconhecer qualquer negociação para troca do controle acionário.
Meirelles reafirmou que a investigação do BC não encontrou sinais de problemas semelhantes ao do Panamericano em outras instituições. "A análise não encontrou nenhuma ocorrência em outros bancos, mas nenhum Banco Central do mundo pode garantir responsabilidades futuras", afirmou, ao ressaltar que não há garantia de que o sistema bancário seja completamente blindado às fraudes.
Final feliz
Parlamentares questionaram Meirelles se o BC não pode se responsabilizar por bancos e suas operações de modo a evitar fraudes como a do Panamericano. "Minha experiência diz que o BC não deve fazer isso porque, quando um governo assume a responsabilidade de instituições privadas, ele dá um selo de garantia. Isso abre um passivo contingente e risco moral incomensurável."
Meirelles destacou que executivos poderiam se aproveitar desse seguro de última instância do governo para administrar ativos de forma inadequada. "Não há cobertor para todos", resumiu.
Apesar da gravidade do problema no Panamericano, o clima entre os diretores do BC era de tranquilidade na audiência pública da manhã de quinta. Aos parlamentares, Meirelles disse que é preciso comemorar o fato de o episódio ter tido "final feliz".
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