A economia brasileira deverá crescer entre 3,5% e 4% este ano, disse o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. Antes do agravamento da crise financeira internacional, a estimativa de crescimento era bem maior: 4,5%
Fazenda admite que economia crescerá menos em 2011
Ministério refaz as contas e prevê expansão entre 3,5% e 4%. Mercado ainda considera estimativa otimista demais
Martha Beck, Cristiane Jungblut e Wagner Gomes
BRASÍLIA e SÃO PAULO. A economia brasileira deve crescer entre 3,5% e 4% este ano, disse ontem o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. Embora a pasta ainda trabalhe com uma projeção oficial de 4,5% para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, o agravamento da crise internacional está fazendo com que os técnicos reavaliem o quadro. O Banco Central (BC) já reduziu sua previsão para 3,5%.
- Nossa projeção está sendo reavaliada, e eu acho que o crescimento (de 2011) está entre 3,5% e 4% - disse Barbosa após audiência pública no Congresso Nacional.
Para 2012, o secretário ainda crê que a taxa de crescimento da economia ficará em 5%, podendo chegar a 5,5% num prazo mais longo. Mas Barbosa defendeu que esse quadro só será possível se a política fiscal for equilibrada, o que depende, por exemplo, da prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU) - mecanismo que permite ao governo gastar livremente 20% dos recursos do Orçamento federal.
BC brinca com fogo ao cortar juros, diz Mailson
Mesmo sendo reduzidas, as estimativas oficiais para o crescimento ainda são mais otimistas que as feitas pelos agentes de mercado e pelo próprio Congresso Nacional. O Credit Suisse Brasil, por exemplo, trabalha com uma alta de apenas 2,9% para o PIB de 2011 e de 3,3% para 2012. Já a consultoria LCA estima que a expansão deste ano deve ficar abaixo de 3,4%. Até mesmo a Comissão Mista de Orçamento já reduziu sua estimativa para 2012 de 5% para 4,5%.
O desânimo é resultado do agravamento do quadro externo, que desaqueceu a atividade nos países desenvolvidos e pode comprometer ainda mais mercados que são importantes para a indústria nacional, como a China. "Assumimos que o ambiente global permanecerá desfavorável por um período prolongado em função do baixo crescimento nos EUA e na Europa, da incerteza sobre a sustentabilidade fiscal de países periféricos da zona do euro e da ligeira e gradual desaceleração na economia da China", afirma relatório recente do Credit Suisse sobre a economia brasileira.
Ao reduzir a taxa básica de juros (Selic) no mês passado, o BC pôs em risco sua reputação e ainda pode se ver obrigado a voltar atrás em breve. Para o economista Eduardo Gianetti da Fonseca, ao cortar os juros o BC fez uma "aposta de risco" e provavelmente será obrigado a subir novamente a Selic já no primeiro semestre de 2012:
- Como economista, acho uma aposta de risco, e o cenário mais provável é que a política terá que ser revista no primeiro semestre de 2012.
Para o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, o BC está brincando "com algo muito sério, que é o risco inflacionário":
- A nova política privilegia o crescimento e se preocupa menos com a inflação. Mas o Brasil mudou. A sociedade é intolerante com a inflação.
FONTE: O GLOBO
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