A presidente Dilma Rousseff já ganhou a batalha da imagem. Mandou embora seis ministros e ficou com a fama de não transigir com o erro. Pouco importa se no miolo de alguns ministérios a bandalha continue ou se alguns outros ministros também já devessem estar no olho da rua. Para efeito externo, a petista é durona e está fazendo uma faxina na política.
Enfim, imagem é tudo. Nos seus três próximos anos, é possível que Dilma avance sobre outras áreas e de maneira mais real. Uma delas é a notória ineficiência do setor público. Como disse o presidente da Câmara de Gestão criada pelo Planalto, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, "não se pode trabalhar com 23,5 mil assessores de confiança na estrutura política".
E mais: "É pacífico que é impossível administrar com 40 ministérios". Gerdau fez essas observações nesta semana, em Brasília, durante um seminário sobre gestão pública promovido pelo jornal "Valor".
Embora óbvias, são declarações corajosas. Ninguém no Planalto se arrisca a oferecer tal diagnóstico em público, apesar de a avaliação ser consensual em conversas privadas.
Em 511 anos de história, desde o seu descobrimento, o Brasil nunca teve tantos ministros. Não são 40, como arredondou Gerdau, mas 38. Numa reunião ministerial, se cada um quisesse vender seu peixe por 15 minutos, essa rodada de conversa demoraria nove horas e meia.
Gerdau também fez uma revelação: "A presidente já tem se movimentado no sentido de criar grupos de ministérios". A se tornar fato, Dilma dará então um passo decisivo na reformulação do Estado.
Haverá sempre um custo político nesse enxugamento, pois alguns deputados e senadores aliados ficarão sem um ministro para chamar de seu. Mas Dilma Rousseff, aí sim, emplacará a imagem de quem teve a coragem de tornar a administração pública mais moderna e eficaz.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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