Márcio Falcão – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Em reunião com a equipe econômica, a cúpula do PMDB se comprometeu na noite desta segunda-feira (23) em apoiar o ajuste fiscal do governo que altera a legislações trabalhistas e previdenciárias.
Os peemedebista, no entanto, aproveitaram a presença do ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) principalmente para reclamar da falta de espaço para influenciar nas decisões políticas do governo Dilma Rousseff. Com um discurso ensaiado, reclamaram que a legenda só é chamada de última hora para apagar incêndios. As críticas foram disparadas principalmente pelos senadores peemedebistas.
Diante das queixas, Mercadante fez uma espécie de mea culpa e reconheceu que é preciso repensar a coalizão.
Sem aval das centrais sindicais e com resistências em sua base no Congresso, o Planalto quer preservar a essência do pacote que muda regras para concessão de seguro-desemprego, abono salarial, pensão por morte e seguro-defeso para pescadores artesanais. A economia será de R$ 18 bilhões neste ano.
O encontro entre os ministro Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Alexadre Tombini (Banco Central) e os sete ministros do PMDB, os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), além de líderes do partido, ocorreu no Palácio do Jaburu, residência do vice-presidente Michel Temer.
Num aceno ao partido, a equipe econômica passou mais de quatro horas tratando do pacote. Os ministros fizeram uma apresentação e depois abriram para as perguntas dos peemedebistas.
O ministro da Fazenda saiu em defesa do ajuste alegando que a economia brasileira precisa de uma correção de rumo, diante dos problemas nas contas públicas e no desgaste da credibilidade do país.
Ele argumentou ainda que o cenário internacional mostra que países que não passaram por adequações semelhantes foram levado a crises.
Participantes disseram ainda que o presidente da Câmara teria dito que as medidas são necessárias e que não iria se opor. Procurado pela Folha, Cunha disse que o "governo vai contar com a boa vontade do PMDB", mas que haverá uma discussão política.
Alguns líderes colocaram que o governo precisará, agora, convencer o comando do partido.
A ministra Kátia Abreu (Agricultura) afirmou que a cúpula do PMDB se comprometeu em apoiar o ajuste. Ela afirmou que não acertaram os termos do apoio, mas será na "forma que o ajuste fiscal exige".
Segundo ela, Levy deixou um cenário positivo para os próximos anos. "Mais uma vez o PMDB vai apoiar as medidas do governo. O PMDB assumiu o compromisso de apoiar as medidas porque se são boas para o Brasil, são boas para o PMDB".
Kátia Abreu minimizou as queixas do PMDB. "Não eram reclamações, mas só observações", disse.
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