Ricardo Galhardo e Carla Araújo - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Um dia depois de o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dizer no programa de rádio e TV do PSDB que "nunca antes na história deste País se roubou tanto em nome de uma causa", o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu a acusação desafiando o adversário a contar a história da aprovação da emenda constitucional que permitiu sua reeleição.
O petista disse também estar assustado com os ataques que vem sofrendo nas últimas semanas. Segundo ele, o motivo é o medo dos adversários de enfrentá-lo novamente nas eleições de 2018. "Eu estou assustado. Gente do céu! Agora eles já não querem mais atacar a Dilma. Agora eles já estão pensando é que tem que balear o Lula pensando que o Lula vai voltar em 2018. Eu nem sei se vou estar vivo", afirmou o ex-presidente.
Lula classificou de "bobagem" a fala no programa de FHC sobre a corrupção. "Um homem que foi presidente da República, letrado como ele é, não tinha o direito de falar a bobagem que ele falou ontem (anteontem) à noite. Porque se ele quisesse falar de corrupção precisaria contar para este País a história da sua reeleição", desafiou Lula, durante um seminário promovido ontem pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), em São Paulo.
Aprovada em 1997, a emenda da reeleição foi alvo de acusação de compra de votos no Congresso por parte do governo FHC. O caso foi arquivado pelo então procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, por falta de provas. "Se não quiser dizer para mim, não tem problema. Eu sei como foi. Sente na frente do seu neto e conte para ele", provocou Lula.
Ação. O presidente do PT, Rui Falcão, disse que o partido vai entrar com representação no Tribunal Superior Eleitoral contra o programa do PSDB veiculado na noite de anteontem em cadeia nacional de rádio e TV. Em nota, Falcão não cita nomes, mas faz menções indiretas a FHC e ao presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), protagonistas do programa.
"Pior que tudo é o ressurgimento daquele que, após deixar comprarem a sua reeleição, posa agora de campeão da moralidade." O texto faz referência a Aécio. "De memória curta e alentado prontuário, o candidato derrotado, cuja gestão em Minas Gerais devastou o Estado, invade o vídeo com indignação postiça e pureza inconvincente." O líder tucano no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), rebateu a iniciativa do PT. "A verdade dói", afirmou o senador, em nota. / Colaboraram Erich Decat e Ricardo Brito
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