Presidenciáveis sabem que serão cobrados sobre temas espinhosos e discutem abordagem com economistas
Renata Agostini, Douglas Gavras, Ricardo Galhardo | O Estado de S. Paulo.
Políticos que pretendem se lançar na corrida presidencial começam a moldar o discurso econômico e tentam atrair economistas de peso para dar consistência aos seus projetos. O tema deve prevalecer num pleito que ocorrerá em meio a uma das mais severas crises da história do País. Os presidenciáveis sabem que serão cobrados sobre temas como reforma da Previdência e cortes no funcionalismo, e ainda tateiam a abordagem a ser adotada. Mas há pistas sobre a visão econômica que vão tentar vender. Geraldo Alckmin (PSDB) se aproxima de economistas liberais e quer ser o candidato da responsabilidade fiscal. João Doria (PSDB) bate na tecla das privatizações. Marina (Rede) retorna com antigos aliados. Jair Bolsonaro (PSC) diz querer um Estado menor e tenta moldar uma imagem de liberal. Ciro Gomes
(PDT) aposta em juros baixos e estatais fortes. Lula (PT) reuniu parceiros de governo num grupo de economistas para pensar o País e planeja crédito farto para incentivar o consumo e agradar a sua base.
Políticos que pretendem se lançar na corrida presidencial de 2018 começam a moldar seu discurso econômico e tentam atrair economistas de peso para dar consistência aos seus projetos eleitorais. O tema, em geral inescapável ao debate, deve predominar no próximo pleito, que ocorrerá com o País ainda tentando se desvencilhar de uma das mais severas crises de sua história.
Os presidenciáveis ainda tateiam a abordagem que usarão, mas já há pistas, seja em declarações ou nos nomes que tentam aglutinar ao seu redor, sobre a visão econômica que tentarão vender. Lula (PT) reuniu exparceiros de governo num grupo de economistas para pensar o País e intensifica discurso que agrada à sua base eleitoral. Geraldo Alckmin e João Doria (PSDB) cortejam economistas liberais. Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) retornam com antigos aliados. Jair Bolsonaro (PSC) quer colar em si o rótulo de liberal, mas ainda busca um nome disposto a compor seu receituário.
Postulante à sucessão de Michel Temer, o governador de São Paulo tem ensaiado nova roupagem, com viés mais liberal. Sua defesa da austeridade nos gastos sempre agradou a pensadores dessa ala, mas posições defendidas pelo tucano na eleição de 2006, como interferência do governo nos juros e no câmbio, e sua defesa de estatais costumavam deixar muitos deles desconfiados.
Alckmin dá sinais de que deseja distanciar sua imagem da de economistas considerados “desenvolvimentistas”, como Yoshiaki Nakano, da FGV-SP, referência na área econômica na campanha em que o tucano perdeu para Lula. Desde o início do ano está em contato com o ex-presidente do Banco Central Persio Arida, que foi levado a encontro com ele por intermédio do cientista político Luiz Felipe D’Ávila. Apoiadores advogam que ele anuncie oficialmente o desejo de ter Arida como fiador de seu plano econômico. Arida não comentou.
Alckmin buscou ainda conselhos de Armínio Fraga, ex-chefe do BC, e de Joaquim Levy, exministro da Fazenda – ambos de visão liberal. Testou o discurso no Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP), que reúne economistas, banqueiros e empresários, e causou boa impressão, dizem participantes. Fez ode à austeridade, com congelamento de salários durante a crise, e defendeu as parcerias público-privadas.
Doria, que ensaia uma candidatura, também tenta atrair economistas que orbitam o tucanato. Arida e Fraga foram procurados, apurou o Estado. Mas o prefeito de São Paulo já tem uma guru para moldar seu ideário, declaradamente liberal e privatista. Ana Carla Abraão Costa, ex-executiva do Itaú e ex-secretária de Fazenda de Goiás, é sua referência, segundo o prefeito. Ela é presidente do Conselho de Gestão Fiscal do Município.
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