- Folha de S. Paulo
Planalto pretende explorar distribuição de verba para ampliar influência do presidente
Michel Temer pode até estar em dúvida sobre a aventura de se atirar numa campanha à reeleição com míseros 6% de aprovação no eleitorado, mas as engrenagens da máquina do governo já começaram a girar para favorecê-lo e ampliar sua influência no jogo da sucessão presidencial.
O Palácio do Planalto inaugurou a distribuição dos R$ 14,8 milhões em emendas parlamentares a que cada deputado e senador tem direito este ano —uma fortuna às vésperas de uma campanha marcada pela escassez de financiamento, em que políticos vendem seus passes em troca de R$ 2,5 milhões do fundo eleitoral.
Auxiliares do presidente pretendem explorar o repasse desse dinheiro como a principal ferramenta para atrair aliados e construir uma base política vinculada diretamente a Temer, em que serão recompensados aqueles que estiverem alinhados com o projeto de seu grupo político na disputa de outubro.
O governo é obrigado a liberar as emendas mesmo aos parlamentares de oposição, mas o Planalto quer antecipar a transferência do dinheiro para seus amigos e atender aos demais políticos só depois da eleição.
O peso do cofre federal pode ser um trunfo de Temer para conquistar a fidelidade dos políticos porque a maioria dos partidos ainda não escolheu um candidato a presidente, e boa parte dos parlamentares permanece “solteira” nessa disputa. Preocupados com suas próprias reeleições, eles podem se sentir seduzidos.
O dinheiro das emendas é crucial para deputados e senadores porque é repassado às prefeituras de seus redutos e se traduzem em obras que chamam a atenção dos eleitores.
A impopularidade de Temer cristalizou a impressão de que ele está inelegível na prática e de que seu apoio será tóxico para qualquer candidato. O presidente está disposto a usar o peso da máquina federal para recuperar força política —seja para se lançar à reeleição, seja para vender seu poder a outro postulante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário