Quando assumiu a Presidência sua preocupação central era recuperar o poder de compra dos trabalhadores. Foi sua determinação que fez dele um protagonista de nossa História
Quando assumiu a Presidência da República após o impeachment de Collor, Itamar Franco estava determinado a sair do governo, dois anos depois, com o País tendo debelado a superinflação que assolava a economia brasileira durante quase duas décadas.
A sua preocupação central, ao herdar uma inflação mensal de 26%, era recuperar o poder de compra dos trabalhadores. A inflação crônica tinha impactos diferenciados entre os diferentes grupos da sociedade. A classe média alta e a classe de renda alta dispunham de mecanismos para proteger o valor real de sua renda e de seu patrimônio. Quanto aos assalariados e aos trabalhadores informais somente restava pagar o imposto inflacionário no final de cada mês. Este imposto equivalia à mazela de uma super alíquota de imposto de renda na fonte.
Itamar Franco, apoiado na equipe técnica organizada pelo então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, saiu vitorioso desta batalha. Deixou o Brasil com uma moeda estável que seria o fundamento indispensável para os ciclos de prosperidade de nossa economia até o dia de hoje.
Intuitivo, percebeu claramente o que mais importava para o povo brasileiro no momento histórico de seu mandato presidencial. Poderia ter trilhado os caminhos das soluções populistas não-sustentáveis dos congelamentos de preços, dos confiscos das aplicações financeiras ou das quebras de contratos. Mas preferiu assumir os riscos de uma solução duradoura, definitiva, dentro das normas legais prevalecentes, a qual envolvia criatividade, engenho e arte. Foi, pois, sua determinação política que fez dele um protagonista de nossa História a quem as gerações futuras poderão denominar do "pai do Plano Real".
Nos dias de hoje em que o cidadão brasileiro tem a sensação de que a corrupção virou uma epidemia que contamina os gestores nos três níveis de governo, não há como deixar de registrar que Itamar Franco presidiu o País num período em que não se registrou nenhuma situação de corrupção como as que se observam a cada semana no registro da mídia nacional e internacional. Neste sentido, há muito que se aprender com aquele período da administração pública federal.
Ex-Ministro do Planejamento e da Fazenda do governo Itamar Franco.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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