Paola de Moura
RIO - Unidos num casamento de conveniências e sob a tutela das cúpulas nacionais, PT e PMDB do Rio voltaram a se estranhar nas últimas semanas. Tudo porque o presidente do PMDB do Rio, Jorge Picciani, em entrevista ao jornal "O Dia", afirmou que seu partido não garantiria apoio a candidatos do PT nas eleições deste ano em algumas prefeituras, como a de Niterói, e criticou vários prefeitos do partido. Adversário de Picciani na última eleição, o senador Lindbergh Farias (PT) protestou e disse que partido poderia romper o acordo na capital, na qual dá apoio à reeleição do prefeito Eduardo Paes e coloca na chapa o vereador Adilson Pires como candidato a vice. A confusão foi tanta que a cúpula do PT se reuniu ontem em São Paulo para discutir o assunto.
Tentando colocar novamente panos quentes na disputa e azeitar a aliança, o presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão, convocou Lindbergh Farias para uma reunião em São Paulo. Depois da conversa, disse que vai marcar nova reunião, agora com o governador Sérgio Cabral (PMDB) e Eduardo Paes para defender os interesses do PT no Estado.
O maior problema está em Niterói. O PT quer que o deputado estadual Rodrigo Neves, atual secretário estadual de Assistência Social, seja o candidato da aliança. Segundo Lindbergh, a candidatura tem o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da presidente Dilma Rousseff e de Cabral. Mas Picciani vem defendendo há meses a reeleição do prefeito Jorge Roberto da Silveira (PDT), que desde a tragédia do morro do Morro Bumba, em 2010, onde morreram mais de 40 pessoas, não aparece publicamente e faz um governo com pouca aprovação na cidade. Picciani alega que Silveira apoiou o governador na última eleição e que o partido tem um compromisso assumido com o prefeito da cidade.
Presidente do PT no Rio, Jorge Florêncio de Oliveira também questionou as afirmações de Picciani. Em nota, disse que "uma aliança política é sustentada por um projeto comum, respeito mútuo e diálogo democrático". "Acreditamos que as opiniões desrespeitosas expressas pelo presidente do PMDB não sejam compartilhadas pelo governador Sérgio Cabral e pelo prefeito Eduardo Paes", disse, na nota. Florêncio afirmou ainda que Picciani usa comportamento "truculento e impróprio" e, que por isso, teria sido derrotado na última eleição, quando se candidatou ao Senado.
Na entrevista, Picciani analisou os quadros do PT no Estado e disse que Lindbergh não preparou sucessor em Nova Iguaçu. Afirmou também que, em Belford Roxo, apesar de o governador estar investindo R$ 200 milhões em asfalto, o atual prefeito Alcides Rolim (PT) tem índices "desesperadores", e que o prefeito de Petrópolis, Paulo Mustrangi (PT), é ótimo, mas que, como todos os da região, ficou com fama de ladrão depois dos desvios das verbas para a recuperação da Região Serrana.
FONTE: VALOR ECONÔMICO
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