Prejudicada pela inflação e pelo endividamento elevado, a classe B perderá participação no consumo neste ano. Com famílias egressas da classe C, esse estrato social também terá um crescimento menor do que a média da população na aquisição de produtos. O consumo total deve crescer neste ano 9,9% em relação a 2012. Já o da classe D deve subir 6,6%
Risco de inadimplência já ronda a nova classe B
Com oferta de crédito ampliada por bancos e financeiras, famílias que ascenderam socialmente enfrentam dificuldades para pagar suas dívidas
A maior oferta de crédito, direcionada nos últimos meses por bancos e financeiras àsfa-mílias de maior renda para fugir do risco de inadimplência, pode afetar a capacidade de pagamento de classes mais abastadas, especialmente aquelas que ascenderam socialmente empurradas pelo crédito. Isso é o que mostram duas pesquisas diferentes para traçar o perfil dos endividados.
Entre setembro de 2012 e março deste ano, a proporção de famílias endividadas com renda superior a dez salários mínimos (R$ 6.780) que acreditam que não vão conseguir quitar os compromissos em dia aumentou de 1,9% para 2,2%, segundo a Fecomércio-SP. Nesse período, a fatia das famílias com renda inferior a dez mínimos nessa mesma condição caiu de 6,4% para 4,3%.
O aperto das classes mais ricas fica claro também no resultado de uma pesquisa encomendada à Serasa e ao Ibope pelo Instituto Geoc, que reúne as empresas de cobrança de dívidas atrasadas. Uma entre quatro famílias das classes AeB, que pagam suas dívidas em dia, informou que falta dinheiro no fim do mês. O resultado mais que dobra, vai a 51%, entre as famílias inadimplentes nesse estrato de renda.
“Nos últimos meses, os bancos melhoraram suas carteiras de crédito e colocaram foco nas famílias mais ricas”, diz o assessor econômico da Fecomércio-SP, Fábio Pina. Por isso, na opinião dele, o endividamento e o risco de inadimplência aumentaram nesse estrato social, agravado agora com a inflação, que corrói renda de toda a população.
O avanço do crédito, misturado com a inadimplência ainda em níveis elevados, e agora com aumento da inflação, faz essa “nova classe B” adequar as dívidas ao orçamento mais apertado. Jair Lantaller, vice-presidente do Instituto Geoc e diretor da empresa Nova Que st, diz que 21% dás dívidas renegociadas pela sua companhia no setor automotivo são do segundo carro da família. São prestações entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil, que correspondem a veículos cujo preço à vista supera R$ 50 mil.
Além de renegociar a dívida, outra alternativa da classe B para não ficar inadimplente é trocar o veículo mais caro, comprado a prazo, por outro mais barato. “Cerca de 3% da nossa clientela faz essa mudança. Esse nível é considerado normal”, conta o diretor da concessionária GM Pallazzo, Wilson Goes. Ele diz, no entanto, que não sentiu aumento nesse tipo de operação.
Internet» Outro indicador que mostra que o consumo das famílias de maior renda deve recuar aparece na intenção de compras na internet, onde quase a metade ganha mais de R$ 4 mil. Em pesquisa do Provar com a empresa de informações do comércio eletrônico e-bit, 76,5% dos consumidores planejam ir às compras em lojas virtuais neste 2.0 trimestre, 7,4 pontos porcentuais abaixo do primeiro trimestre e o menor resultado da série da pesquisa iniciada em 2007. Já no varejo tradicional, que abrange clientes de retida menor, o resultado licou estável no período.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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