- O Estado de S. Paulo
É próximo de 100% o porcentual de políticos, petistas ou não, que apostam na impossibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio da Silva vir a ser candidato a presidente no lugar de Dilma Rousseff.
Contudo, se fosse numericamente possível, ultrapassaria esse índice os que consideram fora de cogitação a hipótese de a presidente vir a obter êxito na reeleição sem a ajuda do antecessor.
Na visão desse pessoal, sozinha ela não se elege. Embora seus interlocutores de partidos aliados percebam a importância da posse da "caneta" com linha direta ao Diário Oficial, consideram tal certeza equivocada.
Portanto, não obstante ela disponha do poder formal, quem tem a força política é ele. Até mesmo para contrariar interesses imediatos do PT em nome do projeto maior representado pela reeleição de Dilma.
Em nome desse plano, recentemente Lula desembarcou no PMDB para uma ofensiva de última hora para tentar mudar a tendência crescente no partido de renunciar à aliança formal em prol da liberdade de apoios das candidaturas de oposição onde lhe convier nos Estados.
A autonomia de cada um nessa altura parece impossível de ser mudada. Mas, nem é isso o mais importante para o governo, que quer mesmo é garantir votos na convenção de 10 de junho por causa do tempo no horário eleitoral, independentemente de como cada seção regional vá atuar.
Lula começou a entrar no jogo na tentativa de inverter a tendência hoje majoritária pelo fim da parceria. A questão é: Lula tem toda essa força e capital de influência para apaziguar as insatisfações e mudar o resultado desse jogo?
Quem conhece muito bem as regras diz que há uma combinação de fatores: a influência de Lula e os números das pesquisas. O primeiro é forte, mas o segundo é determinante.
O ex-presidente decidiu investir pesado nas seções regionais do Rio e Ceará. Na primeira, sem chance de sucesso, dado que o PMDB pede o impossível: a retirada da já consolidada candidatura do senador Lindbergh Farias.
Mas, no Ceará, não é visto como impossível Lula rifar os irmãos Ciro e Cid Gomes para ficar com Eunício Oliveira do PMDB. Seriam 60 preciosos votos na convenção de 10 de junho.
Isso pode mudar o resultado da convenção, cujas contas hoje indicam derrota para o governo. A serventia dos Gomes para o Planalto é bem menor que a prestação de serviços decorrente de aliança com o PMDB.
A paga da paga. A presidente Dilma recebeu anteontem a confirmação do apoio formal do PTB à reeleição. Não pelos seus belos olhos nem pelos ainda mais belos dotes políticos. Em troca da nomeação de um indicado pelo partido na semana passada para uma vice-presidência da Caixa Econômica Federal.
Torcida organizada. A manifestação de José Serra em página de rede social dizendo que será candidato a um cargo no Poder Legislativo não foi suficiente para enterrar as especulações de que possa vir a ser vice na chapa de Aécio Neves.
No mundo político viceja a seguinte leitura: Serra afirmou que nunca pleiteou ser candidato a vice, mas não disse que recusaria se fosse convidado pelo titular da chapa.
Os defensores da união acham que, se Aécio Neves pedir com jeito, vai.
No PMDB a avaliação é a de que, se for, a casa do PT cai. O PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab compartilha da opinião.
A pergunta que se faz é: para Serra, que sempre quis ser presidente, tem inequívoca vocação para o Executivo, já passou diversas vezes pelo Legislativo, é melhor ser vice-presidente ou mais um em meio a tantos integrantes de um Poder desprestigiado?
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