• Aécio e Eduardo cobram investigação rigorosa sobre os problemas na estatal, e Dilma classifica crise de "factoide político"
Amanda Almeida – Correio Braziliense
A crise política da Petrobras virou ontem instrumento de ataque eleitoral para os três principais candidatos à Presidência da República. Enquanto a presidente Dilma Rousseff (PT) classificou as denúncias envolvendo a empresa como "factoide político", Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) cobraram investigação rigorosa.
Dilma passou o dia em Brasília e, no fim da tarde, deu uma entrevista coletiva no Palácio do Alvorada. Questionada sobre o efeito da crise política no desempenho da Petrobras, ela disse que não se deve "misturar eleição com a maior empresa de petróleo do país". "Isso não é correto. Não mostra nenhuma maturidade", disse. "Acho fundamental que, na eleição, haja a maior e mais livre discussão. Agora, utilizar qualquer factoide político para comprometer uma grande empresa e sua direção é muito perigoso", acrescentou a petista.
Na semana passada, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar se a presidente da Petrobras, Graça Foster, omitiu do Senado informações sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, e a existência de contratos entre a empresa e um grupo do marido dela.
Sobre o mesmo tema, Eduardo Campos defendeu ontem a criação de uma "força-tarefa para uma intensa investigação". "Depois do que aconteceu na Comissão de Inquérito no Senado, é fundamental que instituições, como a Polícia Federal, a Justiça e o Ministério Público, investiguem tudo para esclarecer o que vem acontecendo na Petrobras", afirmou, em evento de campanha em Cabo de Santo Agostinho (PE).
"Não podemos omitir do Brasil o que houve com a maior empresa brasileira, que perdeu metade de seu valor de mercado, multiplicou sua dívida em quatro vezes, levando empresas a fecharem as portas e a demissões nos setores de petróleo, offshore, gás e na indústria naval", completou Eduardo. Segundo denúncia da oposição, a empresa do marido de Graça, Colin Foster, tem 43 contratos com a Petrobras, embora ela tenha negado a existência desses vínculos em depoimento no Senado em maio.
Doleiro
Já Aécio cobrou apuração sobre o esquema de propina montado por Alberto Youssef, relatado pela ex-contadora do doleiro Meire Bomfim Poza à revista Veja. Segundo ela, "malas de dinheiro" saíam de empreiteiras e chegavam a políticos. Youssef foi preso na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que também respingou na Petrobras. O ex-diretor da empresa Paulo Roberto Costa foi preso na ação e é acusado de participar do esquema do doleiro.
"Vamos aguardar que as investigações ocorram e que, se as denúncias forem comprovadas, haja punição exemplar", disse Aécio. Ele passou o dia no Rio de Janeiro. O tucano buscou o filho Bernardo, que estava internado havia 65 dias, depois de ter nascido prematuro. Sobre o uso de computadores do Palácio do Planalto para alterar biografias de jornalistas, Aécio disse que "acabam ultrapassando todos os limites e começam a querer ser donos da biografia de todo mundo". Na coletiva de ontem, Dilma não comentou o assunto.
Aécio e o PSDB foram atacados por Dilma na entrevista. Questionada sobre a promessa de campanha do tucano de criar um Superministério da Infraestrutura, unindo as pastas de Transportes e Minas e Energia, ela disse que os tucanos já tentaram acabar com a última. "Fui a primeira ministra de Minas e Energia depois do governo Fernando Henrique Cardoso. Eles (integrantes do PSDB) estavam fazendo processo de tornar aquele ministério mínimo. Ao que levou isso? Ao maior racionamento da história deste país, em 2000 e 2001. Havia 25 ou 26 motoristas e três engenheiros (na pasta)." Dilma defendeu a manutenção da atual Esplanada. "Acho que esse formato responde ao momento histórico do Brasil."
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