- Folha de S. Paulo
A inflação cai, o governo Dilma solta rojão, mas ela só cede porque as taxas de juros foram às alturas, o crescimento econômico é raquítico e, além disso, tem um mundo de preços represados.
A inflação real é bem maior do que a artificial que aí está. Para o marketing eleitoral isto tem pouca ou nenhuma importância. O negócio é bater bumbo. E a banda palaciana já afinou os instrumentos.
Mas vem aí o efeito negativo do remédio amargo ministrado para domar o dragão da inflação, sem falar nos equívocos do governo que travaram os investimentos.
Resultado: a recessão bate na porta e pede para entrar. Sai o fantasma da inflação, entra o do desemprego. O receio palaciano é que ele aumente antes de outubro e volte a assustar o eleitor na hora de registrar seu voto na urna eletrônica.
Só falta levar mais um puxão de orelhas das agências de risco diante da piora nas contas públicas. A meta de economia de gastos deste ano foi para o vinagre com gastos em alta e receitas em queda, levando a dívida pública voltar a crescer.
Motivos não faltam. Para encobrir suas trapalhadas, o governo recorre cada vez mais aos bancos públicos, espetando neles a conta para segurar o preço da energia e reduzir o buraco dos cofres públicos.
De dedos cruzados e mãos atadas, o Palácio do Planalto reza para que o ambiente não azede antes da eleição e segue mudo sobre a bomba relógio que armou para 2015.
Prefere interditar o debate eleitoral, colando na oposição a pecha de malvados da economia. Deu certo. Aécio Neves engavetou a expressão medidas impopulares e trocou-a por "não faltará coragem para tomar as medidas necessárias".
Cedo ou tarde, porém, o governo terá de encarar a realidade. Internamente, o debate já esquentou. Há mais gente admitindo que os equívocos de hoje terão de ser limados no futuro. A dúvida é se o governo será o dono do tempo dos ajustes.
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