- Valor Econômico
Aforismo de Alckmin é devagar se vai ao longe
O governador Geraldo Alckmin não está negligente, nem abúlico, nem indiferente a uma campanha política mais objetiva para pleitear novamente a Presidência da República, dizem os especialistas da sua equipe. Ele está intencionalmente mais discreto, por uma razão, que poderia ser classificada como técnica.
O apresentador Luciano Huck não desistiu do sonho de ser candidato a presidente da República, o que ele fez foi desistir da articulação explícita neste momento, inclusive de dizer, mesmo na intimidade, que é candidato. Isso estava lhe trazendo problemas desnecessários e insolúveis por enquanto. O que não significa que não seja candidato, quem sabe num dia não muito distante.
O que se destaca nas articulações políticas atuais é que os candidatos possíveis estão se adaptando às evidências produzidas pelo eleitorado: quem se lançar agora não chegará ao fim, ou terá dificuldades adicionais de sucesso. Há muitos já ficando pelo caminho e, teoricamente, estaria cedo para isso. Ciro Gomes esconde-se, dando maior peso à sua campanha em rede social, na internet, para evitar chamuscar-se em declarações sob pilotis. Jair Bolsonaro já esteve mais exposto, agora tem colocado seu coordenador de programa como escudo de celeuma. Marina Silva some do cenário como tragada pela ausência de discurso e proposta. Luiz Inácio Lula da Silva continua a falar muito, mas inegavelmente menos do que antes de ter sua candidatura pendurada na Justiça.
Esses candidatos devem ter constatado que a eleição de 2018 não começou para valer. E quem lhes informou disso foram as pesquisas, segundo as quais o eleitor ainda não está interessado no que esses políticos têm a dizer.
Uma maioria, 65% dos consultados, são contra todos os candidatos no cenário da campanha. Portanto, o candidato Lula teria 37% não do eleitorado, mas dos 35% que já admitiram ter uma preferência. Ou seja, Lula tem 9% de eleitores que estão com ele ficando solto, sendo preso, ou em qualquer outra situação.
Bolsonaro tem 15% dos 35% decididos, ou seja, tem 4% do eleitorado que votariam nele também em qualquer circunstância. Os 65% de indecisos ainda não participam dessa eleição. Portanto, quem tiver juízo não acelera sua campanha agora.
Alckmin não é adequado nem tem temperamento para uma campanha definida como atlética, barulhenta, tal como a de Lula, de Bolsonaro, de Ciro Gomes, como seria a de Arthur Virgílio se com ele disputasse a prévia do PSDB. Ele não é de luta livre, e assim dá a impressão de estar sem apetite, mas na verdade está educadamente contido, silencioso.