Deputados temem que tratamento dado à categoria tenha um impacto negativo na reforma dos demais trabalhadores
Marcello Corrêa e Bruno Góes / O Globo
BRASÍLIA - A proposta de reestruturação das carreiras dos militares já começou a ser criticada dentro da própria base do governo. Após a entrega do projeto que muda o sistema das Forças Armadas, o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (PSL-GO), disse que não era o momento para tratar do assunto no Congresso:
— Eu penso que vem num momento difícil. No meu entendimento, era um diálogo que não era para este momento. O momento agora é de sacrifício. Penso que outras carreiras vão pedir essa mesma reestruturação.
Waldir também criticou o aumento de 30 para 35 anos de tempo de contribuição para os militares. Segundo ele, a regra continuará a permitir que um oficial que começou aos 20 anos consiga ir para a inatividade aos 55 anos.
Essa reestruturação também foi criticada pelo líder do DEM, Elmar Nascimento (BA), que afirmou que os parlamentares terão de analisar o projeto para garantir que todas as categorias estejam dando sua contribuição.
— Não dá para ser seletivo nessa questão da Previdência, privilegiar uma categoria em detrimento de outras, sob pena de agente contaminara votação da reforma aqui na Casa —afirmou Nascimento, que não descartou que o texto fique mais duro para a categoria. —Se o governo não soube aplicar uma equidade maior, nós vamos fazê-lo.
Para Nascimento, se o governo começar a fazer concessões, corre-se o risco de desfigurar a proposta e não alcançar os objetivos.
—Na minha região, há uma frase: onde passa o boi, passa a boiada. Domes mojei toque há defensores dos militares, tem muita gente (parlamentares) chegada à classe do magistério, dos servidores públicos.
Líder do PSD, o deputado André de Paula (PE) destacou um ponto positivo do movimento do governo: mostrar que a reforma vale para todos.
—Política é símbolo. Como o governo tem uma presença maciça militar, soaria estranhos e os militares não dividissem com os outros trabalhadores esse sacrifício—disse.
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