quinta-feira, 1 de maio de 2014

Opinião do dia: Aécio Neves

O pronunciamento presidencial que foi ao ar nesta quarta-feira, em cadeia de rádio e TV, representa o desespero de um governo acossado por sucessivas denúncias de corrupção e uma presidente da República fragilizada pelo boicote da sua própria base, protagonizando um dos mais patéticos episódios já vistos na política brasileira.

É lamentável que a primeira mandatária do país abdique, uma vez mais, da necessária compostura que deveria ter ao utilizar um instrumento de Estado, como a cadeia de rádio e televisão, para fazer campanha política e atacar os adversários.

Dilma Rousseff fala de um país que não é o nosso, onde a inflação é obra do acaso e não dos desacertos do seu governo. Da mesma forma, debita a perda de credibilidade da Petrobras à fiscalização e cobranças das oposições e não como resultado da ação daqueles que transformaram a maior empresa brasileira em um balcão de negócios, sob grave suspeição.

Certamente orientada por seu marqueteiro, a presidente tenta, como se fosse possível, encarnar o atual sentimento de mudança existente no País. Ela ainda não percebeu, mas perceberá, que a mudança pela qual clamam mais de 70% da população brasileira não inclui a sua permanência no poder.

Aécio Neves, senador (MG) e presidente nacional do PSDB. Declaração sobre o pronunciamento de Dilma Rousseff na TV, 30 de abril de 2014

Suspeitos sabiam de Lava Jato, afirma PF

Mensagens trocadas entre doleiros do esquema indicam que eles tinham informações sobre operação policial e preparavam plano de fuga

Fausto Macedo - O Estado de S. Paulo

A Polícia Federal suspeita de vazamento de informações no curso das investigações que culminaram com a Operação Lava Jato. A interceptação de troca de mensagens entre os doleiros Alberto Youssef e Nelma Kodama, apontados como líderes do "grande esquema" de lavagem de dinheiro, levantou a desconfiança dos investigadores de que a organização pode ter tido acesso a dados confidenciais.

Seis dias antes da operação, deflagrada em 17 de março, a PF flagrou Youssef indagando a Nelma, por mensagem instantânea, se "teve bagunça hoje (11 de março) por aí". Ela responde que não e pergunta por quê. "Eu falo no mercado", diz o doleiro.

Para a PF, o teor do diálogo é indício de que Youssef "já tinha sido avisado de que uma possível operação relacionada a crimes financeiros estava para acontecer". No dia 13, Youssef chegou a alertar a doleira de que a operação iria mesmo ocorrer. "Outra coisa, amanhã vai ter operação. Então você sabe o que fazer", escreveu - a ação estava prevista para ocorrer entre os dias 16 e 17.

A PF diz que Nelma ofereceu ao parceiro rota de fuga com helicóptero no Campo de Marte, em São Paulo. "Se quiser, temos um (helicóptero) Agusta no (Campo de) Marte à nossa disposição, ok? Tá na mão."

Na casa de Youssef, a PF encontrou documento com a numeração completa dos processos na Justiça Federal do Paraná sobre a Lava Jato, que ainda estavam sob sigilo. "Essas evidências apontam a possibilidade real de que os dois alvos pudessem tentar fugir das autoridades no momento da deflagração da operação."

Viagem. Na madrugada de 15 de março, a doleira foi presa em Guarulhos quando tentava embarcar para Milão com 200 mil na calcinha. "A prisão em flagrante de Nelma com 200 mil euros às ocultas e na véspera da efetivação das prisões e buscas deve ser analisada sob nova perspectiva", avalia a Justiça Federal. "Diante do conhecimento prévio de que teria operação policial, a explicação para o episódio não se resume a mera tentativa de prática de evasão fraudulenta de divisas, mas sim a tentativa de fuga."

O advogado Marden Esper Maués, que defende Nelma, disse que ela não sabia da Lava Jato. "O trecho da conversa foi pincelado para dar a impressão de que havia um plano de fuga. Não é verdade. Youssef se referia a uma dívida de empréstimo com Nelma. Quando disse 'amanhã vai ter operação', ele quis dizer sobre câmbio e poderia fazer a quitação. Nelma até duvidou, por isso disse que ia ter um Agusta à espera."

Marinha contesta Saúde sobre laboratório de doleiro

O Comando da Marinha contestou a versão divulgada pelo Ministério da Saúde de que partiu dos militares a escolha do Labogen, laboratório do doleiro Alberto Youssef, para fazer negócios com o governo. Segundo a Marinha, o Labogen propôs a sociedade e, em seguida, conseguiu aprovar na Saúde a produção de um remédio que tinha sido rejeitado em 2011.

Marinha contesta Saúde e diz que foi procurada pelo Labogen

Ministério tinha atribuído a militares escolha de laboratório de doleiro

Vinicius Sassine e Francisco Leali – O Globo

BRASÍLIA- O Ministério da Saúde rejeitou em 2011, primeiro ano da gestão de Alexandre Padilha, uma parceria entre o Laboratório Farmacêutico da Marinha (LFM) e um laboratório privado para produzir o cloridrato de sildenafila, usado no tratamento de hipertensão pulmonar.

Em 2013, no entanto, o mesmo ministério, também sob o comando de Padilha, aprovou a parceria para o mesmo medicamento, mas desta vez com outro laboratório privado: o Labogen S/A Química Fina e Biotecnologia, usado pelo doleiro Alberto Youssef para lavar dinheiro, como mostram as investigações da Polícia Federal.

A informação sobre o processo de 2011 foi repassada ao GLOBO pela Marinha, que, pela primeira vez, posicionou-se publicamente para contestar o Ministério da Saúde. A estratégia adotada até agora pela Saúde e por Padilha, hoje exministro e pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PT, era atribuir a escolha do Labogen exclusivamente ao Laboratório da Marinha. Mas não foi o que ocorreu, segundo nota enviada pela Marinha.

A nota se refere a uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP), instrumento utilizado para fabricação de medicamentos a partir de transferência de tecnologia entre laboratórios.

“Ressalta-se que não houve prospecção, por parte do LFM, de nenhum laboratório privado, cabendo esclarecer que os laboratórios públicos é que são procurados por diversos laboratórios privados, farmacêuticos e farmoquímicos.

No caso do medicamento Sildenafil, o LFM já havia apresentado, em 2011, uma proposta de PDP indicando um outro laboratório privado como parceiro. Entretanto, a proposta não foi aprovada pelo MS (Ministério da Saúde).

Posteriormente, em 2013, apenas o laboratório Labogen procurou e apresentou uma proposta ao LFM para a produção do Sildenafil, tendo a mesma sido aprovada pelo MS”, diz a nota.

A nota passou por quatro instâncias da Marinha: pelo diretor do Laboratório Farmacêutico; pelo diretor de Saúde; pelo diretor- geral de Pessoal; e pelo comandante da Marinha, Julio Soares de Moura Neto.

O contra-almirante José Roberto Bueno Junior, diretor do Centro de Comunicação Social, assina a resposta.

O GLOBO pediu ao Ministério da Saúde, via Lei de Acesso à Informação, cópia integral de todos os processos de PDPs envolvendo o Labogen, o que foi negado ao jornal. O ministério sustentou ter decretado o sigilo desses documentos, antes mesmo da Lava Jato, e disse estar impossibilitado de liberar as informações também pelo fato de os processos servirem a um processo administrativo interno aberto para averiguar a parceria. O Labogen tinha interesse em cinco PDPs. Apenas a parceria com o Laboratório da Marinha foi adiante. Estavam previstos repasses de R$ 31 milhões para a compra do medicamento, mas, depois da deflagração da Lava-Jato pela PF, a pasta suspendeu a parceria.

O contrato não foi assinado, e não houve repasse de dinheiro público.

Saúde diz que valores foram revistos
Sem fornecer os documentos, o Ministério da Saúde decidiu apresentar esclarecimentos. Nessas explicações, a pasta alegou que “cabe aos laboratórios públicos identificar os parceiros privados que detenham a tecnologia desejada para formatação da proposta”. O ministério, então, avalia a proposta. “A escolha do produtor privado é de responsabilidade do produtor público. O Ministério da Saúde não é signatário desses contratos, que são de responsabilidade integral do produtor público”, cita o documento enviado ao jornal.

O GLOBO enviou esse posicionamento à Marinha, que elencou quatro atribuições do ministério no “processo decisório de uma PDP”. As propostas são analisadas pelo Grupo Executivo do Complexo Industrial da Saúde (Gecis); uma Comissão Gestora analisa e emite parecer conclusivo; a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos faz a apreciação final da parceria; e, então, é formalizado um
termo de compromisso entre o ministério e o laboratório público. “Um possível contrato só seria assinado no quinto e último ano de vigência da PDP, se fossem cumpridas todas as etapas previstas em nota técnica do ministério”, diz a Marinha.

Na resposta ao GLOBO, o Ministério da Saúde disse que comissões técnicas identificaram a necessidade de revisar os preços propostos, com redução de 74% do valor total. Aprovado pelas comissões, o termo de compromisso foi assinado com o Laboratório da Marinha. “O governo economizaria, em cinco anos, R$ 29,8 milhões ao optar por esse tipo de compra”

Graça Foster sugere que Cerveró poderia ter sido demitido antes

Presidente da Petrobrás diz que conselho poderia tirar o então diretor do cargo logo após detectar falha em parecer técnico

Eduardo Bresciani e Fábio Fabrini - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A presidente da Petrobrás, Graça Foster, afirmou nesta quarta-feira, 30, em audiência na Câmara dos Deputados que era responsabilidade do Conselho de Administração da estatal demitir o então diretor de internacional da companhia, Nestor Cerveró, após constatar falhas no parecer apresentado por ele e que levou à compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. A presidente Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil, estava à frente do colegiado em 2008, quando foi feito o diagnóstico sobre a omissão de cláusulas consideradas importantes.

Em vez da demissão, Cerveró mereceu elogios registrados em ata e uma transferência para a diretoria financeira da BR Distribuidora, principal subsidiária da Petrobrás. Só deixou o posto no mês passado, após o Estado revelar que a presidente Dilma votou pela compra dos primeiros 50% da refinaria, em 2006, o que ela atribui a falha no resumo executivo apresentado pelo ex-diretor ao Conselho de Administração.

"Por que (Cerveró) não foi demitido? (Eu) Não fazia parte do conselho na época. Não posso responder a essa pergunta", disse. "Quem demite e quem aprova diretores da Petrobrás e da BR Distribuidora é o Conselho de Administração, que é o mesmo. Cabe apenas ao conselho. Tem o presidente do Conselho e os conselheiros, cabe a esse presidente do conselho justificar a aprovação ou não de um diretor da nossa companhia", afirmou Graça.

Lava-jato. A presidente da Petrobrás considerou que a Operação Lava Jato da Polícia Federal causa profundo constrangimento à estatal. "A Lava Jato nos constrange profundamente", afirmou. No último dia 17 de março, a Polícia Federal deflagrou operação para desmontar um esquema de lavagem de dinheiro que pode ter alcançado R$ 10 bilhões. Entre os denunciados e já alvo de processos estão o doleiro Alberto Youssef e o engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás. Costa é acusado de ser a ligação do doleiro com a estatal. Ele teria, segundo a Polícia Federal, recebido propina para facilitar a vida de Youssef na empresa.

Em quatro horas de depoimento, ela voltou a qualificar a compra como "mau negócio", mas fez acenos ao grupo do ex-presidente da Petrobrás José Sérgio Gabrielli ao dizer que, em 2006, quando obteve a primeira metade da refinaria, ele era "potencialmente bom". Após uma disputa judicial com a Astra, sócia do empreendimento, a estatal teve de comprar os outros 50%, o que elevou o valor de aquisição para US$ 1,24 bilhão.

Graça repetiu argumentos da diretoria anterior justificando o prejuízo de US$ 530 milhões pelas mudanças no mercado de petróleo, a crise financeira internacional e a falta de investimentos para mudar o perfil da refinaria para o processamento de óleo pesado, como o produzido no Brasil. Sustentou, porém, que as cláusulas Put Option e Marlim, apontadas por Dilma como responsáveis pela polêmica, eram importantes, ao contrário das versões de Gabrielli e Cerveró, que as trataram como "não relevantes" ou "inócuas".

Parlamentares governistas afirmaram que o tom conciliador da presidente da Petrobrás em relação ao antecessor é um "ajuste no discurso político" após Gabrielli, em entrevista ao Estado, ter sustentado que Dilma "não pode fugir à responsabilidade" por ter aprovado o negócio. Graça, porém, acabou pondo a presidente em situação delicada ao destacar que caberia ao conselho comandado por Dilma punir o personagem tido como responsável pelo mau negócio.

"Nestor Cerveró virou culpado, mas antes era herói? Na hora em que o assunto veio à tona, a presidente decide demiti-lo. Mas, antes disso, ele foi ser dirigente da Petrobrás Distribuidora", disse o líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA).

Graça cutucou os tucanos e disse que a estratégia de investir em refinarias no exterior vem de 1999, no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso. Afirmou que o prejuízo de Pasadena poderá ser revertido no futuro, como aconteceu com outros negócios da companhia, mas informou que o ativo não é uma prioridade no momento e só não foi vendido para que a Petrobrás pudesse ter acesso a todas informações sobre o processo de compra.

Graça Foster já havia dado explicações sobre Pasadena, só que no Senado, em 15 de abril.

Nelma Kodama, a doleira que teria trabalhado para o PT

Presa na operação Lava-Jato com 200 mil euros na calcinha, ela é famosa por usar nomes de atrizes como apelido

Cleide Carvalho – O Globo

SÃO PAULO - A doleira Nelma Mitsue Penasso Kodama cansou de ver sua casa de câmbio em Santo André, no ABC paulista, devassada por sucessivas operações da Polícia Federal. Hoje, seus clientes a encontram num restaurante chinês. Nele, comer sukyiaki é algo bem difícil. O portão, quase sempre fechado, só abre a conhecidos.

A atuação de Nelma, de 47 anos, no mercado de câmbio, por meio da Havaí Câmbio e Turismo, foi revelada na CPI dos Bingos, em 2006, pelo doleiro Antonio Claramunt, o Toninho Barcelona, que a apontou como responsável por operações em dólar para o PT na época em que Celso Daniel, assassinado em 2002, era prefeito de Santo André. Ouvida, ela negou qualquer tipo de operação irregular.

Oficialmente, a Havaí deixou de existir, mas Nelma prosperou. Presa na Operação Lava-Jato com 200 mil euros na calcinha, Nelma integra o grupo dos quatro maiores doleiros do país. Entre maio e novembro de 2013, ela enviou para o exterior US$ 5,2 milhões por meio de 91 importações fictícias, usando apenas uma de suas várias empresas de fachada, a Da Vinci Confecções.

Ré na Justiça Federal do Paraná por evasão de divisas e lavagem de dinheiro, ela ainda deve responder por mais crimes: faltam ser rastreados R$ 103 milhões que passaram por oito empresas de fachada e seis offshores em nove países.

Bem-humorada, Nelma atribui a si o título de “dama do mercado de câmbio”, e se comunica com outros doleiros usando como pseudônimo o nome de atrizes famosas, como Cameron Diaz, Angelina Jolie ou Greta Garbo.

A conversa constante entre o grupo se explica: eles operam por um sistema conhecido como “hawala”, que significa “eu confio em você”. Ou seja, tanto no Brasil como no exterior, quando um doleiro não tem em dinheiro vivo a quantia pedida pelo cliente, outro doleiro completa a operação.

Os clientes de Nelma entregam a ela sempre bastante dinheiro. Muitas vezes, acima de R$ 100 mil.

Por mês, circulam pelo esquema atribuído a ela pela Polícia Federal pelo menos R$ 4 milhões. Para que os clientes não sejam identificados, o dinheiro entra e sai de várias contas em nome de empresas de fachada e laranjas.

Numa das conversas gravadas pela PF, ela ironiza e afirma que é uma pessoa desprovida de bens, pois a única coisa que tem em seu nome é um chip da TIM. Todos os bens estão em nome de terceiros. Entre eles, um hotel em São Paulo. Os advogados de Nelma dizem que ela não tem qualquer negócio em Santo André e que a Havaí, fechada há oito anos, era totalmente legalizada.

No palanque da TV – Dilma eleva Bolsa Família e ataca oposição

Em queda nas pesquisas, presidente distribui bondades para todas as classes

Petista usa pronunciamento de 12 minutos pelo Dia do Trabalho para defender seu governo e falar até da Petrobras: oposição reclama de uso eleitoral e vai recorrer ao TSE por campanha antecipada
Presidente usou cadeia de rádio e TV para adotar tom eleitoral, anunciar medidas e defender a Petrobras

Luiza Damé – O Globo

BRASÍLIA - Em meio a quedas sucessivas de popularidade e de pesquisas indicando a possibilidade de segundo turno nas eleições de outubro, a presidente Dilma Rousseff anunciou, nesta quarta-feira, em cadeia de rádio e televisão medidas para agradar a todos os setores da sociedade, especialmente os 36 milhões de beneficiários do Bolsa Família e a classe média. Dilma aumentou em 10% os valores do Bolsa Família, corrigiu a tabela do Imposto de Renda e prometeu manter o reajuste do salário mínimo acima da inflação. Em comemoração ao Dia do Trabalho, a presidente fez um discurso forte e de cunho eleitoral: disse que está ao lado do povo e defendeu a Petrobras.

— Além da ajuda do Congresso e do Judiciário, preciso do apoio de cada um de vocês, trabalhador e trabalhadora. Temos o principal: coragem e vontade política. E temos um lado: o lado do povo. E quem está ao lado do povo pode até perder algumas batalhas, mas sabe que no final colherá a vitória — disse a presidente, quando abordava a proposta de reforma política.

Dilma afirmou ter assinado uma medida provisória corrigindo a tabela do Imposto de Renda, “para favorecer aqueles que vivem da renda do seu trabalho”. Segundo ela, a medida “vai significar um importante ganho salarial indireto e mais dinheiro no bolso do trabalhador”. Também anunciou que baixou um decreto aumentando em 10% os valores do Bolsa Família, para garantir que os beneficiários do Brasil Sem Miséria “continuem acima da linha da extrema pobreza definida pela ONU”.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, Thomas Traumann, informou que o reajuste da tabela do Imposto de Renda será de 4,5%. A medida será publicada no “Diário Oficial” da próxima sexta-feira. A correção é a mesma que vem sendo feita nos últimos quatro anos, e está abaixo da inflação apurada no ano passado, que foi de 5,91% segundo o IPCA.

Salário mínimo terá aumento acima da inflação
O salário mínimo, disse a presidente, continuará sendo reajustado acima da inflação:

— Assumo o compromisso de continuar a política de valorização do salário-mínimo, que tantos benefícios vem trazendo para milhões de trabalhadores e trabalhadoras. A valorização do salário-mínimo tem sido um instrumento efetivo para a diminuição da desigualdade e para o resgate da grande dívida social que ainda temos com os nossos trabalhadores mais pobres. Algumas pessoas reclamam que o nosso salário-mínimo tem crescido mais do que devia. Para eles, um salário-mínimo melhor não significa mais bem-estar para o trabalhador e sua família, dizem que a valorização do salário-mínimo é um erro do governo e, por isso, defendem a adoção de medidas duras, sempre contra os trabalhadores.

A presidente disse que seu governo mantém o compromisso com “o combate incessante e implacável à corrupção”. Segundo ela, o trabalho da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União tem revelado novos casos, que causam “indignação e revolta a todos, seja a sociedade, seja o governo”.

— Isso não vai nos inibir de apurar mais, denunciar mais e mostrar tudo à sociedade, e lutar para que todos os culpados sejam punidos com rigor. O que envergonha um país não é apurar, investigar e mostrar. O que pode envergonhar um país é não combater a corrupção, é varrer tudo para baixo do tapete. O Brasil já passou por isso no passado e os brasileiros não aceitam mais a hipocrisia, a covardia ou a conivência — disse.

Dilma defendeu Petrobras e disse que não aceitará ‘campanha negativa’
A presidente também abordou as denúncias envolvendo a Petrobras. Em um negócio polêmico, a Petrobras pagou US$ 1,249 bilhão pela refinaria. Além desse valor, a empresa desembolsou mais US$ 685 milhões em melhorias operacionais, manutenção, paradas programadas e SMS (segurança, saúde e meio ambiente).

— É com essa franqueza que quero falar da Petrobras. A Petrobras é a maior e mais bem-sucedida empresa brasileira. É um símbolo de luta e afirmação do nosso país. É um dos mais importantes patrimônios do nosso povo. Por isso a Petrobras jamais vai se confundir com atos de corrupção ou ação indevida de qualquer pessoa. O que tiver de ser apurado deve e vai ser apurado com o máximo rigor, mas não podemos permitir, como brasileiros que amam e defendem seu país, que se utilize de problemas, mesmo que graves, para tentar destruir a imagem da nossa maior empresa. Repito aqui o que disse há poucos dias em Pernambuco: não transigirei, de nenhuma maneira, em combater qualquer tipo de malfeito ou atos de corrupção, sejam eles cometidos por quem quer que seja. Mas igualmente não vou ouvir calada a campanha negativa dos que, para tirar proveito político, não hesitam em ferir a imagem dessa empresa que o trabalhador brasileiro construiu com tanta luta, suor e lágrimas.

Na TV, Dilma ataca a oposição e anuncia correção na tabela do Imposto de Renda e reajuste no Bolsa Família

João Domingos e João Villaverde – O Estado de S. Paulo

Em queda nas pesquisas de intenção de voto, a presidente Dilma Rousseff aproveitou o Dia do Trabalho para anunciar, na noite desta quarta-feira, 30, em cadeia nacional de rádio e TV, medidas como correção da tabela do Imposto de Renda em 4,5%, reajuste de 10% do Bolsa Família para todos os 36 milhões de beneficiários e destacar a “luta pelo emprego e pela renda” do governo pela continuidade da “política de valorização do salário mínimo”.

“Acabo de assinar uma medida provisória corrigindo a tabela do Imposto de Renda, como estamos fazendo nos últimos anos, para favorecer aqueles que vivem da renda do seu trabalho. Isso vai significar um importante ganho salarial indireto e mais dinheiro no bolso do trabalhador”, afirmou Dilma.


“Assinei também um decreto que atualiza em 10% os valores do Bolsa Família recebidos por 36 milhões de brasileiros beneficiários do programa Brasil sem Miséria, assegurando que todos continuem acima da linha da extrema pobreza definida pela ONU. Anuncio ainda que assumo o compromisso de continuar a política de valorização do salário-mínimo.”

A presidente fez ataques indiretos aos adversários que enfrentará nas urnas. “Algumas pessoas reclamam que o nosso salário mínimo tem crescido mais do que devia. Para eles, um salário mínimo melhor não significa mais bem-estar para o trabalhador e sua família, dizem que a valorização do salário mínimo é um erro do governo e, por isso, defendem a adoção de medidas duras, sempre contra os trabalhadores”, afirmou, em referência a frase atribuída ao economista Armínio Fraga, conselheiro do tucano Aécio Neves no setor. “Nosso governo nunca será o governo do arrocho salarial, nem o governo da mão dura contra o trabalhador.”

Mudança. Ao comentar o desejo de mudanças no governo detectados pelas pesquisas, Dilma defendeu que isso pode ocorrer sob seu comando. “Nosso governo tem o signo da mudança e, junto com vocês, vamos continuar fazendo todas as mudanças que forem necessárias para melhorar a vida dos brasileiros, especialmente dos mais pobres e da classe média”, disse.

“Continuar com as mudanças significa também continuar lutando contra todo tipo de dificuldades e incompreensões, porque mudar não é fácil, e um governo de mudança encontra todo tipo de adversários, que querem manter seus privilégios e as injustiças do passado, mas nós não nos intimidamos.”

Dentro do discurso econômico que levará para a campanha, ela procurou enfatizar ganhos de renda e geração de empregos dos últimos anos. “Vocês que estão nas fábricas, nos campos, nas lojas e nos escritórios sabem bem que estamos vencendo a luta mais difícil e mais importante: a luta do emprego e do salário. Não tenho dúvida, um país que consegue vencer a luta do emprego e do salário nos dias difíceis que a economia internacional atravessa, esse país é capaz de vencer muitos outros desafios.”

Petrobrás. Responsabilizada pelos partidos de oposição por ter autorizado, quando presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, a compra da Refinaria de Pasadena, a presidente Dilma Rousseff aproveitou o pronunciamento para prometer “combate incessante e implacável à corrupção”.

Depois de afirmar que a exposição desses fatos “causa indignação e revolta”, definiu a Petrobrás com “a mais bem-sucedida empresa brasileira” e prometeu: “O que tiver de ser apurado deve e vai ser apurado com o máximo rigor”. Ao concluir, a presidente afirmou: “Não vou ouvir calada” aqueles que, “por proveito político, não hesitam em ferir” a imagem da Petrobrás.

Para Aécio, pronunciamento de Dilma representa desespero do governo

Oposição estuda ir à Justiça sobre pronunciamento de Dilma na TV

Para DEM, presidente falou como candidata o que configura crime eleitoral e abuso de poder

Cristiane Jungblut – O Globo

BRASÍLIA - A oposição reagiu e acusou nesta quarta-feira a presidente Dilma Rousseff de uso eleitoral do pronunciamento na TV sobre o Dia do Trabalho. O presidente do PSDB e pré-candidato tucano à Presidência, Aécio Neves, disse que o pronunciamento “representa o desespero de um governo acossado por sucessivas denúncias de corrupção e uma presidente fragilizada pelo boicote da sua própria base, protagonizando um dos mais patéticos episódios já vistos na política brasileira”.

“É lamentável que a primeira mandatária do país abdique, uma vez mais, da necessária compostura que deveria ter ao utilizar um instrumento de Estado, como a cadeia de rádio e televisão, para fazer campanha política e atacar os adversários.

Segundo Aécio, Dilma “fala de um país que não é o nosso, onde a inflação é obra do acaso e não dos desacertos do seu governo. Da mesma forma, debita a perda de credibilidade da Petrobras à fiscalização e cobranças das oposições e não como resultado da ação daqueles que transformaram a maior empresa brasileira em um balcão de negócios, sob grave suspeição”.

O líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), disse que vai propor à Executiva do partido que ingresse com representação no Ministério Público Eleitoral e junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a presidente por campanha antecipada.

— Vou propor essa representação por abuso de poder e crime eleitoral. Quem está usando recursos públicos em horário oficial é a candidata Dilma e não a presidente Dilma. O PT privatizou o horário institucional brasileiro — disse Mendonça Filho.

Para o líder do DEM, a atitude de Dilma é consequência de sua queda nas pesquisas de intenção de voto e de avaliação do seu governo.

— Acendeu a luz vermelha no Palácio do Planalto, é desespero total. Reajustar Bolsa Família agora, eles estão atirando para tudo quanto é lado — disse Mendonça Filho.

Na mesma linha, o líder do PSDB na Câmara, deputado Antônio Imbassahy (BA), disse que Dilma adotou um tom eleitoral no programa. Mas, para o tucano, ela já tentou isso em outros programas e não surtiu resultado, com sua queda de popularidade se agravando nos últimos meses.

— Ela está apelando. Mas ela entrou numa faixa de de descrédito (junto à população) — disse o tucano.

O líder do PSB na Câmara, deputado Beto Albuquerque (RS), disse que a correção da tabela do Imposto de Renda é um pleito de anos e que, se fosse uma medida pensada, teria sido adotada para valer agora, nesta declaração, o que não ocorreu.

— É uso eleitoral total de algo que já deveria ter sido feito há muito tempo. É uma medida eleitoral, feita de forma tardia, Se fosse de coração mesmo, já teria sido feita — disse Beto Albuquerque.

Enquanto isso... Governo prepara MP para permitir redução de salário e jornada

Medidas atendem primeiro montadoras

Geralda Doca, Martha Beck - O Globo

BRASÍLIA - O governo já tem pronta uma minuta de medida provisória que vai permitir a flexibilização da jornada de trabalho e redução de salários, a fim de evitar uma onda de demissões no ano eleitoral. Com a economia fraca e inflação alta, a geração de empregos é um dos principais trunfos da campanha da presidente Dilma Rousseff. A medida está sendo elaborada para atender as montadoras, que enfrentam queda nas vendas e acúmulo de veículos nos pátios, mas poderá ser adotada por qualquer empresa em outros setores, em momentos de crise.

Batizado de Programa Nacional de Proteção ao Emprego (PPE), a proposta cria uma nova ferramenta no mercado de trabalho em que os empregados poderão ter a jornada reduzida pela metade e receberem no contracheque pouco mais da metade do ordenado, por seis meses. Neste período, o governo divide com os empregadores a conta dos salários, complementando os rendimentos até um determinado teto. Para isso, a ideia é utilizar recursos do FGTS, da receita arrecadada pelo Tesouro Nacional com multa adicional nas demissões sem justa causa ou do patrimônio líquido do Fundo.

— Em linhas gerais, a jornada poderá cair em até 50% , com corte de salário. A empresa paga a metade do ordenado e governo entra com um complemento, que vai variar entre o salário mínimo e teto a ser definido. A principal vantagem é a preservação dos postos de trabalho — explicou um interlocutor.

Possibilidade de perda de salário
Um funcionário que ganha R$ 4 mil, por exemplo, com jornadas diária de oito horas, poderia trabalhar quatro horas. Neste caso, receberia R$ 2 mil do empregador e e um complemento do governo. Por esta fórmula, quanto mais alto for o salário, mais distante ficará a reposição dos 100%. Se o salário for baixo, poderá nem haver perda para o trabalhador.

Além de redução de gastos com a folha, os empregadores serão autorizados a recolher de forma proporcional os encargos trabalhistas. Já os empregados serão encaminhados a cursos de qualificação durante a vigência do modelo.

Na prática, o governo quer ampliar o chamado layoff, modelo já existente e adotado recentemente pela Volkswagen. A diferença é que a suspensão temporária dos contratos, limitada hoje a cinco meses, poderá ser ampliada para seis meses, podendo ser prorrogada por até um ano. E quem banca atualmente as despesas com o bolsa qualificação que o trabalhador tem direito durante o afastamento é o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

O problema é que o FAT está deficitário e necessita de constantes aportes do Tesouro Nacional para honrar seus compromissos com o seguro-desemprego e abono salarial (PIS). Por isso, a alternativa em estudo é usar a verba do FGTS. No ano passado, o FAT teve um déficit de R$ 10,365 bilhões e gastos de R$ 31,9 bilhões com o pagamento do seguro-desemprego. Os gastos com o seguro-desemprego responderam por quase metade das despesas totais do FAT no ano passado, que somaram R$ 63,967 bilhões .

Embora seja uma proposta de consenso e prioritária para a presidente Dilma, o modelo ainda enfrenta resistências internas, sobretudo quanto ao uso dos recursos do FGTS para essa finalidade. Inicialmente, havia intenção de anunciar a medida no 1º de Maio, mas não houve tempo para amarrar todos os detalhes.

Além disso, há uma avaliação de que não se trata de uma mudança trivial. Para implementar a medida, será preciso aprovar a MP, alterando a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a lei do seguro-desemprego, se o FAT for mantido como fonte de recursos. Também será necessário baixar uma regulamentação para explicitar as novas regras.

Empresas precisam provar crise
Para vencer resistências, a proposta em discussão nas áreas da Fazenda, do Trabalho e da Secretaria-Geral da Presidência da República prevê que as empresas interessadas em adotar o novo modelo comprovem junto ao governo que enfrentam crise financeira, com avaliação setorial do mercado. Além disso, os empregadores precisarão obter o aval do sindicato dos trabalhadores.

Segundo fontes do Conselho Curador, o Tesouro Nacional deixou de repassar ao FGTS R$ 6,6 bilhões (dados até dezembro de 2013), referentes às receitas obtidas com a multa adicional de 10% nas demissões. Mas há um compromisso firmado em portaria do Ministério da Fazenda de repassar esses recursos no futuro, devidamente corrigidos. A verba está sendo retida, porque o FGTS não precisa dela, mas trata-se de um dinheiro carimbado, previsto em lei (Lei Complementar 110/2001), que criou a contribuição para ajudar a pagar os expurgos dos planos econômicos nas contas do FGTS), destacou uma fonte.

Força Sindical é a favor da proposta
A alternativa de usar os recursos do patrimônio líquido do FGTS também é vista com ressalvas por conselheiros do Fundo. Eles alegam que 80% desse resultado é destinado ao FI-FGTS, fundo criado no bojo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para aplicar em projetos de infraestrutura (ferrovias, portos, energia, aeroportos e rodovias). A proposta, no entanto, conta com o apoio das maiores centrais sindicais: CUT e Força Sindical:

— Precisamos de uma ferramenta que evite demissões — disse um diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ligado à CUT, que participou do acordo com a Volkswagen.
Nesse acordo, o Sindicato conseguiu assegurar o pagamento do salário líquido dos funcionários, sendo que o FAT vai responder por até R$ 1.304,63 e a empresa pelo restante.

O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, disse ser favorável à proposta e defende que o novo modelo possa ser utilizado por qualquer setor da economia. Para o dirigente sindical, o país deveria adotar o sistema da Alemanha, onde foi instituído um fundo para garantir estabilidade do emprego em momentos de crise. Os recursos arrecadados com a multa do FGTS podem ter essa destinação, na sua opinião.

— Acho que é importante, desde que não seja só para beneficiar o setor automotivo, apesar do tamanho da cadeia produtiva e das dificuldades das indústrias de autopeças — destacou Torres

Aécio e Campos vão ao palanque sindical

Tucano causa mal-estar ao defender flexibilização da CLT e Campos diz que não vai 'tirar direitos'; ambos estarão hoje da festa da Força

Pedro Venceslau , Ricardo Chapola - O Estado de S. Paulo

No momento em que travam uma disputa acirrada pelo apoio de dirigentes industriais e do mercado financeiro e falam em adotar medidas duras na economia para combater a inflação, os dois principais candidatos de oposição a presidente Dilma Rousseff (PT), o senador Aécio Neves (PSDB) e o ex-governador Eduardo Campos (PSB), subirão hoje no palanque da comemoração do Dia do Trabalho em São Paulo hoje com visões diferentes sobre a pauta trabalhista.

O tucano e seus aliados falam abertamente em flexibilizar a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) em alguns setores da economia, como o turismo e o agronegócio, a fim de combater a informalidade. O pré-candidato do PSB aproveita para marcar posição, dizendo que não imagina construir o Brasil "tirando direito dos trabalhadores".

Os dois se revezarão no palanque montado pela Força Sindical para celebrar a efeméride do 1° de maio. A posição de Aécio, externada em encontros recentes com empresários, causa desconforto na Força Sindical, central que prmete apoiá-lo na campanha. Isso porque, para os sindicalistas, mexer nas leis trabalhistas, mesmo que pontualmente, é como mexer em algo "sagrado".

"Temos que ter coragem de debater isso. Em determinados eventos e regiões, a falta de flexibilização no turismo tem levado à informalidade", disse o senador na semana passada depois de um encontro na Associação Comercial de São Paulo. Ele já tinha defendido essa tese para empresários do setor em uma feira no começo de abril.

Na segunda-feira, deu um passo adiante no encontro da capital. "Defendemos flexibilizações pontuais, mas se chegarmos a conclusão de que elas podem ser necessárias em outros setores, vamos discutir isso".

Reação. "Se o Aécio colocar isso em pauta, ele vai levar chumbo grosso dos trabalhadores. Se vier com essa conversa, não terá apoio de nenhum trabalhador", disse o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, que estará ao lado do tucano no palco montado na festa de hoje em São Paulo. Presdiente nacional do Solidariedade, único partido até agora que já declarou apoio a Aécio Neves, o deputado federal Paulinho da Força se mostra preocupado com o discurso do aliado. "Estamos discutindo o programa. Vamos convencê-lo de que isso é um erro. Somos contra a flexibilização em todos o setores, inclusive no turismo", diz o dirigente. Ainda segundo Paulinho, a flexibilização "seria o caos" para os trabalhadores do setor. "O turismo não tem muita organização. Eles perderiam direitos", diz.

A divergência ocorre no momento que o Solidaridade sonha em indicar o candidato a vice na chapa do senador tucano. O nome da sigla para a "missão" já foi escolhido. "Indicamos o Miguel Torres, presidente da Força", diz Paulinho. A tendência de Aécio, porém, é ter um vice do próprio PSDB, de preferência de São Paulo, maior colégio eleitoral do País.

Oportunidade. A contradição entre Aécio e seus aliados sindicalistas foi vista pelos aliados de Campos como uma janela de oportunidade para delimitar terreno. "É inegável que ele (Aécio) está mais à direita que a gente. Na hora da bifurcação entre PT e PSDB, o PT sempre empurra a pecha de que os tucanos defendem os ricos. Com a gente isso não pega", afirma o deputado Márcio França, presidente do PSB paulista e um dos mais frequentes interlocutores do ex-governador. Ex-secretário de Turismo do governo Geraldo Alckmin (PSDB), ele diz ser contra a flexiblização até mesmo no setor. "Não defendemos flexibilização em lugar nenhum".

Questionado ontem sobre as propostas de Aécio, Campos respondeu em encontro partidário em São Paulo. "Vamos abordar a causa trabalhista com diálogo, como sempre fizemos. Sempre dialoguei muito com o movimento sindical. Imagine se a gente vai começar uma agenda para melhorar o Brasil pensando em subtrair os direitos dos trabalhadores"

Aécio Neves debate soluções e desafios do setor rural com produtores

RIBEIRÃO PRETO (SP) - O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, conversou e debateu problemas e soluções do setor rural com produtores, nesta quarta-feira (30), durante a Agrishow 2014. Realizada em Ribeirão Preto (SP), a Agrishow é a maior feira do agronegócio realizada na América Latina.

Aécio Neves destacou a eficiência dos produtores do país, responsáveis por importante parcela do crescimento do PIB brasileiro, mesmo enfrentando problemas básicos de logística. Para o senador, a Agrishow mostra um Brasil que funciona.

“Essa feira é o retrato do Brasil que dá certo. Do Brasil que empreende, que arrisca e que sustenta outros setores extremamente deficientes da economia brasileira. Se o Brasil é hoje um Brasil que ainda cresce, mesmo que a indicadores extremamente baixos, cresce em razão do vigor do agronegócio. Costumo dizer e quero repetir aqui na Agrishow, a mais importante feita do setor que acontece no Brasil, da porteira para dentro não existe ninguém mais preparado, mais qualificado e mais produtivo que o brasileiro. Nossos problemas começam da porteira para fora. Na ausência de logística, de rodovias, de ferrovias, de hidrovias, de portos competitivos. Eles se agravam na questão tributária, passa pela questão do financiamento e também do seguro”, disse Aécio em entrevista à imprensa.

Crise do etanol
Aécio Neves também defendeu a recuperação do setor sucroalcooleiro, que passa pela mais grave crise de sua história. Para ele, nesse momento é importante ouvir os empresários e trabalhadores do campo para compreender oportunidades e dificuldades por que passam.

“O setor sucroalcooleiro precisa ser recuperado no Brasil. Foram cerca de 40 usinas que fecharam, temos mais de uma dezena com enormes dificuldades. Precisamos recuperar esse setor porque é um setor amplamente gerador de empregos, e 100 mil já se foram, com políticas de estabilidade, com políticas de preços, com políticas de financiamento. Minha visita à Agrishow tem como objetivo também não apenas falar daquilo que pretendemos fazer, mas ouvir. Ouvir das principais lideranças do setor, ouvir daqueles que têm empreendido em uma indústria que também passa por dificuldades, mas talvez a única que, hoje, ajuda efetivamente o Brasil a crescer. É uma oportunidade de falar, mas, sobretudo, de ouvir”, afirmou Aécio Neves.

BC precisa de governança com autonomia, diz Campos

Carla Araújo e Ricardo Chapola - Agência Estado

O provável candidato à Presidência, Eduardo Campos (PSB), voltou a defender nesta quarta-feira, 30, que Banco Central precisa de uma maior autonomia e que em um eventual governo trabalhará para dar mais poder a autoridade monetária. Segundo ele, não há divergência na opinião com sua possível vice, Marina Silva, que tem se mostrado um pouco mais reticente à ideia. "Há na verdade um consenso entre nós de que o Banco Central precisa de uma governança com autonomia", disse, após participar de um encontro com 22 economistas, em São Paulo, para debater o futuro programa econômico do PSB.

Segundo ele, essa questão está sendo estudada dentro da cúpula da campanha e "há vários modelos de debates sobre a possibilidade dessa autonomia virar uma autonomia legal como tem em outros países". "Temos um claro consenso de que o BC deve ter autonomia para fazer uma boa gestão da política monetária, que deve ter sinergia com a política fiscal", reforçou.

Campos ponderou que ainda há pontos de divergências a serem equacionados e não se comprometeu que a autonomia do BC estará expressa formalmente no programa. "Temos um debate que ainda não é consensual nem entre os técnicos, com diversas possibilidades de como essa autonomia pode evoluir para uma autonomia também jurídica", explicou.

A meta do PSB é apresentar seu programa econômico, segundo Campos, até o fim de junho. "Estamos ouvindo muitas pessoas que estudam a realidade brasileira", afirmou. "Estamos nos apropriando das informações, que nem sempre são tão transparentes como gostaríamos que fossem."

Campos disse ainda que quer garantir "segurança aos agentes econômicos". Segundo ele, em seu eventual governo haverá clareza dos compromissos, com uma economia "transparente e firme". "Nosso programa de governo usará a criatividade para que as contas públicas tenham transparência", disse.

O provável candidato afirmou que seu eventual governo terá compromisso com as conquistas sociais e com a boa governança. "Sem preconceitos com quem empreende, sem preconceitos com quem arrisca seu capital para gerar renda, trabalho e oportunidades", afirmou.

Campos diz que atual política obrigará governo a fazer ‘tarifaço após eleição’

Para pré-candidato, agências reguladoras de energia e petróleo têm de ter maior independência

Renato Onofre – O Globo

SÃO PAULO – O pré-candidato à Presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, afirmou na tarde desta quarta-feira que a atual política de controle da inflação vai obrigar o governo a fazer um “tarifaço após a eleição”. Ainda segundo Campos, as agências reguladoras de energia e petróleo têm de ter maior independência. E defendeu a independência do Banco Central

- O controle que se estabelece da inflação real é um controle da fase pré-Real, onde se seguram os preços administrados pelo Estado, como energia e combustível, para depois da eleição. O povo brasileiro já viveu isso. Se seguram os preços e, no dia seguinte ao da eleição, vem o tarifaço, que atinge fortemente os assalariados - profetizou.

Ao lado da futura companheira de chapa, Marina Silva, o ex-governador de Pernambuco cobrou mais transparência nos dados públicos e rebateu a presidente Dilma Rousseff que, mais cedo na Bahia, condenou a oposição por “muitas vezes se pinta a realidade com cores negras para se aproveitar das circunstâncias”. Antes de responder, sua vice, Marina Silva, fez questão de reafirmar que a realidade está "meio" cinzenta.

- Na verdade nós não sabemos ainda a cor e nem o tom do cinza porque falta transparência efetiva para os números.

As vésperas do dia do Trabalho, Campos não polemizou sobre um dos principais pedidos do setor produtivo de flexibilizar as leis trabalhistas:

- Não imagino que vamos começar uma agenda para melhorar o Brasil pensando em subtrair direitos dos trabalhadores.
Campos admitiu que analisa a possibilidade de, caso eleito, dar independência jurídica ao Banco Central defendida pelo mercado financeiro. A medida não é consenso dentro da aliança PSB-Rede e até Marina Silva já declarou contrária a ideia.

- Há um consenso entre nós que o banco central do Brasil precisa de uma autonomia. E neste momento os técnicos que nos auxiliam a debater essa questão têm vários modelos que estão em debate sobre a possibilidade dessa autonomia virar uma autonomia legal como tem em outros países. Nós temos um claro consenso de que o banco central deve ter autonomia para fazer para fazer uma boa gestão da política monetária que deve ter sinergia com a política fiscal. E temos um debate que ainda não é consensual nem entre os técnicos de evoluir para uma autonomia jurídica.

A assessoria de Campos ainda confirmou nesta quarta-feira a presença dele nas comemorações do 1o de Maio da Força Sindical e na marcha convocada pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) que seguirá do Largo do Arouche até o Vale do Anhangabaú.

Dilma afirma que será candidata à reeleição com ou sem apoio da base aliada

Presidente diz, em entrevista a rádios da Bahia, que movimento “volta Lula” é normal e minimiza dissidência de parte da bancada do PR

O Globo

SÃO PAULO - Em entrevista a rádios da Bahia, na manhã desta quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o movimento “volta Lula” é normal e que vai levar sua candidatura à reeleição adiante mesmo que não tenha o apoio da base aliada. Na segunda-feira, parte da bancada do PR no Congresso manifestou apoio a uma possível candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

— (O “volta Lula”) é uma situação normal. Gostaria que, quando eu for candidata, eu tenha o apoio da minha própria base. Mas não havendo esse apoio, vamos tocar em frente — disse Dilma.

Ao comentar a atitute de políticos do PR, que compõe sua base aliada, a presidente disse que “sempre por trás das coisas existem outras explicações” e declarou que não iria se importar com isso. Segundo ela, em ano eleitoral ocorrem fatos “concebíveis e “até as inconcebíveis”. Logo depois, a presidente disse que gosta do seu trabalho:

— Daqui até o final do ano, tenho uma atividade importantíssima para fazer, que não posso me desligar.

Na segunda-feira, em um jantar com editores de esportes de jornais e TVs do país, Dilma já havia falado que o “volta Lula” não iria afetar sua relação com o ex-presidente:

— Ninguém vai conseguir me separar do Lula, ou o Lula de mim. Sei da lealdade dele a mim, e ele sabe da minha lealdade a ele — declarou aos jornalistas. — Existe uma coisa que é lealdade. Então, isso não me pega.

Falando para um público baiano, Dilma comentou a greve de policiais militares na Bahia. Durante a paralisação, encerrada no último dia 17, foram registrados 59 homicídios em Salvador e região metropolitana, segundo a Secretaria de Segurança Pública.

— Vamos ter que ter tolerância zero com a violência. Não podemos tolerar que qualquer grupo ao fazer greve permita a morte de pessoas. Isso é inadmissível. A sociedade tem que perceber que tem de repudiar esse tipo de atitude.

Ainda durante a entrevista para rádios locais, a presidente lembrou que a Copa do Mundo será marcada pela luta contra o racismo e que pediu para o Papa Francisco escrever uma mensagem sobre isso para ser lida durante o mundial.

Merval Pereira Dilma reage a golpe

- O Globo

Quem melhor definiu a situação em que se encontra o PT e partidos da base aliada foi o ministro Ricardo Berzoini, um membro destacado da burocracia partidária: a campanha pela volta de Lula não tem sentido prático, disse ele, à guisa de defender a candidatura da presidente Dilma à reeleição.

Sintomático que a melhor coisa que ele pudesse dizer fosse isso, apelando para o pragmatismo de seus correligionários. Nenhum elogio ao governo Dilma, nem mesmo um comentário sobre eventuais qualidades. “Ela tem o direito de se candidatar”, disse Berzoini, e cabe ao PT lidar com essa realidade.

Mesmo que esteja coberto de razão, a fala do ministro de Relações Institucionais demonstra como estão se estreitando as chances de Dilma na campanha. Para aliados circunstanciais, a maioria dos partidos que fazem parte da coalizão, esse argumento prático não encerra o assunto, ao contrário, reforça a sensação de que é preciso procurar uma alternativa longe do PT. Mesmo que a maioria dos petistas não queira a candidatura de Dilma, não há outra escolha a não ser seguir com ela até o final, mesmo que seja para perder (e ela tem boas chances de vencer).

Se a alternativa for Lula, dificilmente se tornará realidade. Em primeiro lugar, existe a necessidade de Dilma aprovar a troca, o que parece improvável. Ao anunciar que será candidata mesmo sem o apoio da base aliada, Dilma pode ter cometido um erro político, revelando sua fragilidade, mas demonstrou que tirá-la do páreo não será fácil.

Dilma também, espertamente, ressaltou a lealdade que existiria entre ela e Lula, o que coloca uma outra barreira ao golpe partidário que pretendem dar. Lula teria que assumir uma traição à sua criatura o que, convenhamos, não seria bom para sua imagem. Uma solução de ruptura tampouco seria uma boa saída para o PT, pois teria de passar a campanha inteira justificando o golpe em Dilma que, por sinal, estará no Planalto com a caneta na mão e cheia de ressentimento.

A substituição por motivos de saúde seria a única saída, mas nada indica que Dilma tenha problemas, e seria impossível conseguir o aval de médicos respeitados do Hospital Sírio-Libanês para encobrir a manobra golpista.

Falta sentido prático ao movimento “Volta, Lula”, além de faltar vontade ao principal personagem desse “golpe branco”, o próprio ex-presidente. Não diria que se pudesse voltar à Presidência sem passar por eleições, que ele não gostaria. Mas disputar uma eleição difícil, em condições anormais como as criadas pelos afastamento de Dilma, seria mais que um risco.

Só a substituição de candidatos já seria uma admissão de fracasso, e uma tendência de derrota que teria de ser superada pelo “craque” do time, tirado do banco de reservas. Mesmo para um “craque” como Lula, seria difícil reverter uma derrota iminente.

Longe dos melhores dias, seja pela idade ou pelos problemas de saúde que superou, Lula dificilmente teria condições de enfrentar uma campanha estafante como a que se avizinha. Teria de confiar em seu magnetismo e no tempo de TV, mas levar em conta que hoje está mais vulnerável a críticas do que esteve.

Superar a crise do mensalão foi possível, em especial, pela situação econômica em 2006. Hoje temos uma economia debilitada e uma perspectiva de um 2015 difícil, que exigirá de quem for eleito um esforço para restabelecer o equilíbrio às contas públicas e controlar a inflação. Tarefa que Lula enfrentou 12 anos atrás.

Estará disposto a arriscar duplamente seu prestígio e sua história, disputando uma eleição difícil e depois encarando um mandato que tem tudo para impedir que repita o sucesso dos oito anos em que governou?

Como sempre acontece quando improvisa, Dilma fez uma declaração entre a obviedade e o enigmático: “Sempre, por trás de todas as coisas, existem outras explicações”. Referia-se às traições que se desenham às suas costas, no PT e na base.

O que quer dizer a presidente? Certamente o que não pode aprofundar por falta de condições políticas, que os que a estão abandonando o fazem por interesses fisiológicos, que ela rejeita.

Esta seria uma boa linha de atuação, se Dilma tivesse condições de romper com os aliados de circunstâncias e anunciasse um segundo mandato livre desses interesses subalternos. Foi o que ela ensaiou com a “faxina ética”, e teve que voltar atrás.

Jarbas de Holanda: Alianças nacional e estaduais após o desgaste do governo e do PT

O cenário de composições partidárias para o pleito presidencial, que parecia consolidar-se no primeiro tri-mestre de 2014, projetava amplíssima aliança em favor da reeleição de Dilma Rousseff. Sem que fosse muito afetado por dissidências em alguns estados que se aglutinavam em torno de candidaturas majoritárias sem compromisso de exclusividade do apoio a Dilma ou vinculadas explicitamente à oposição nacional (dissidências expressivas de conflitos locais entre legendas dessa aliança, sobretudo entre o PT e o PMDB).

Ao longo de abril, tal cenário sofreu mudanças significativas e que poderão acentuar-se até as convenções das diversas legendas, em junho. Quanto à disputa maior, o sinal mais recente de mudanças é o aumento das resistências no PR e no PP, e já também no PSD, à presença deles na aliança reeleitoral. E quanto aos pleitos nos estados, adensam-se nas duas últimas legendas, e no PMDB, ações para a montagem de palanques desligados daquela aliança e em parte já explicitando respaldo à oposição nacional, em ambas as situações em contraposição a candidatos ou composições do PT.

Essa contraposição explica o balanço – feito ontem no Valor, pelo secretário geral do PSD, Saulo Queiroz – sobre as posturas que seu partido está adotando nas eleições estaduais: “Não são muitos os lugares onde o PSD irá caminhar junto com o PT. Nas regiões Sul e Sudeste (ou seja, do Rio Grande do Sul a Minas) não estaremos juntos com o PT em nenhum estado”. Acrescentando que “num estado onde o PSD já se co-ligou com o PSDB contra o PT, não tem como o partido ir para Dilma”. Ela também constitui a causa básica do lançamento, neste mês, pelo PMDB da Bahia, da candidatura de Geddel Vieira Lima ao Senado, na chapa oposicionista (nos dois planos) articulada por Aécio Neves e que terá Paulo Souto, do DEM, na disputa do governo do estado; bem como da participação do presidente do diretório peemedebista do Rio de Janeiro, Jorge Picciani , no movimento Aezão, que vincula as candidaturas de Luiz Fernando Pezão ao governo fluminense à de Aécio a presidente; e ainda das articulações para composição, no Ceará, entre os nomes de Eunício Oliveira, do PMDB, para o governo estadual e o do tucano Tasso Jereissati, para o Senado; além do apoio dos peemedebistas de Pernambuco à campanha de Eduardo Campos. Por outro lado, reforça-se o oposicionismo no PP com o apoio de Aécio à candidata do partido ao governo gaúcho, a senadora Ana Amélia, e, em Minas, com a ascensão do vice-governador Alberto Pinto Coelho à chefia do Executivo, substituindo o tucano Antonio Anastasia, que deverá disputar o Senado.

Potencializadas pelas quedas, nas pesquisas feitas em abril, das avaliações da presidente e da candidata, as referidas resistências poderão crescer de escala com os resultados de novas sondagens do eleitorado previstas para os próximos dias. Que deverão refletir o impacto da sucessão de denúncias que envolvem a Petrobras, somado às reações à crescente pressão inflacionária dos alimentos e dos serviços e aos diversos indicadores macro e microeconômicos negativos. E as novas pesquisas terão efeitos anti-Dilma e anti-PT ainda maiores se apontarem crescimento dos candidatos oposicionistas, em especial de Aécio. Nesta hipótese – que, ademais de afirmar o novo cenário de 2º turno, abrirá perspectiva de vitória oposicionista no turno final – o maior perigo para a campanha reeleitoral será um salto nas pressões pelo “volta Lula”, nos partidos aliados, inclusive no PMDB, e no próprio PT. Pressões já antecipadas pela maioria da bancada de deputados federais do PR.

Mas o ex-presidente seguirá rejeitando essas pressões e empenhado para a melhoria dos índices de avaliação social da candidatura petista. Porque, de um lado, continua convencido de que conseguirá manter ampla coligação de apoio e de que ela será competitiva num 2º turno. E porque, de outro lado, insiste na avaliação de que render-se ao “volta Lula” implicaria em verdadeiro desmonte do governo, com perigosas consequências políticas e eleitorais para o PT e para ele – para a candidatura que assumisse e, vencendo a disputa, para o agravamento do legado de problemas econômicos e sociais a que teria de dar respostas. Respostas duras que comprometeriam seriamente a imagem de presidente com alta popularidade nos dois mandatos que desempenhou, e que projeta capitalizar numa candidatura em 2018.

Jarbas de Holanda é jornalista

Eliane Cantanhêde: Kassab é Dilma, não PT

- Folha de S. Paulo /EBC

Ao chegar a um restaurante em Brasília, nesta semana, o ministro Afif Domingos saudou calorosamente seu parceiro de PSD Gilberto Kassab: "Eis a noiva mais disputada da eleição!".

Nestes tempos em que o principal esporte em Brasília, quiçá do Brasil, é falar mal de Dilma Rousseff, Kassab diz que vai com ela até o fim e é pródigo em elogios à presidente, "mulher forte e de caráter", e à candidata, "que tem tudo para se reeleger".

E se ela perder? "Se perder, e daí? Vou perder junto com ela. Ninguém faz política só para ganhar."

Apesar de dilmista, Kassab vive de ti-ti-ti com Eduardo Campos, do PSB, e passou a fazer algo que não costumava fazer até bem pouco tempo atrás: falar bem de Aécio Neves, do PSDB, e prever que ele vai crescer. Kassab não gosta de amarras. Prefere circular à vontade em todos os meios, partidos e campanhas.

Isso, porém, tem limites. Mais dilmista na eleição presidencial do que grande parte dos aliados da presidente no Congresso, Kassab vai logo avisando que, em São Paulo, não quer papo com os petistas. Algo assim: sou Dilma, não sou PT. Especialmente, cá entre nós, depois que a candidatura do ex-ministro Alexandre Padilha foi alvejada antes de realmente alçar voo.

Pré-candidato ao governo paulista, Kassab tem duas alternativas: aliar-se a Paulo Skaf, do PMDB, que tende a entrar no vácuo de Padilha, ou virar vice, ora, ora, na chapa do governador Geraldo Alckmin, do PSDB. Kassab e Alckmin não se cruzam, ou não se bicam, mas, em campanhas, isso é o de menos.

Kassab, pois, está no melhor dos mundos: saiu da prefeitura debaixo de uma saraivada de críticas e hoje, como definiu Afif, é a "noiva mais disputada da eleição". Se ficaria esquisito apoiar Dilma na presidencial e ser vice de Alckmin na estadual? Bem, depende. Afif já não é ministro de Dilma e vice de Alckmin?

Tudo pelo poder, ops!, tudo pelo bem de São Paulo e do Brasil...

Tereza Cruvinel: O ponto que paira

A campanha presidencial tem algo de insólito. Dilma pratica a auto-desconstrução, e seus adversários apostam no crescimento inercial à custa do desgaste dela

- Correio Braziliense

Estamos no curso da sétima campanha presidencial depois do fim da ditadura. Cada campanha foi única, marcada por circunstâncias próprias e pela personalidade dos atores envolvidos. A deste ano, entretanto, tem algo de mais atípico, na conduta dos candidatos, na ação dos partidos e na postura dos eleitores. E pairando sobretudo isso ficará, talvez até 20 dias antes do pleito, quando acaba o prazo para a troca de candidatos, este grande ponto de interrogação: Lula voltará ou não no papel de candidato, que ele encarnou durante 17 anos, de 1989 a 2006.

Não só a presidente Dilma, como candidata à reeleição, tem tido uma postura heterodoxa. Aécio Neves e Eduardo Campos são atípicos com suas campanhas que apostam na força inercial do desgaste de Dilma. Cresceram agora, graças ao desgaste dela com a crise da Petrobras, não à empatia do eleitorado com suas ideais e propostas para o país. Ninguém é capaz de dizer com segurança o que cada um deles faria na economia ou na gestão das principais políticas públicas.

Mas Dilma é ainda mais insólita, parecendo empenhada na autodesconstrução. Sua declaração de ontem, de que será candidata com ou sem apoio dos partidos da base, expressa sua incompreensão do modo brasileiro de fazer política, com todos os defeitos que ele tem. Sem os partidos da base, não haverá tempo de televisão, nem palanques nos estados. Não haverá campanha. O PT sozinho não faz verão e mesmo ele é um pote até aqui de mágoas com ela. Quando Dilma sangrou pela primeira vez, logo depois das manifestações de junho de 2013, em vez de se abraçar aos aliados, ela começou a brigar com eles. Os tubarões então atacaram. O ministro Ricardo Berzoini vem pacificando a base mas em alguns casos, sua ação é tardia. Vide o que fez o ressentido PR ao lançar o manifesto "Volta Lula".

Essas estranhezas, dela e de seus adversários, alimentam o "volta Lula", que ninguém sabe até onde vai crescer. Teoricamente, o PT tem o início de setembro para trocar Dilma por Lula na chapa. Mas quem colocaria o guizo no gato? Quem convenceria uma presidente que declara gostar do cargo a abdicar do direito à recandidatura? Lula nega mas há sinais de que se prepara para uma eventual emergência. Alguém já explicou, por exemplo, por que ele convenceu o empresário Josué Alencar, filho de seu ex-vice José Alencar, a filiar-se ao PMDB? Ele já tinha certa uma candidatura a governador pelo partido do pai, o PRB. Mas Lula pediu e ele atendeu. Ia ser candidato ao Senado mas desistiu de enfrentar o ex-governador Anastasia, que seria imbatível. Há quem diga que Lula levou Josué para o PMDB para chamá-lo como vice, caso precise ser candidato. Leal a Dilma ele é, como disse ela no jantar com jornalistas esportivos. Mas até que ponto estaria disposto a aceitar uma derrota do projeto longamente perseguido para não ofendê-la? Esta é a grande interrogação.

Uma palavra no cais
Nos últimos dois anos o Correio Braziliense propiciou-me o reencontro com o ofício de analista política, do qual me havia afastado em 2007, após exercê-lo por 22 anos seguidos no jornal O Globo. Deixei-o para enfrentar um desafio democrático, a implantação da tevê pública num país que nunca observara o equilíbrio entre radiodifusão privada, estatal e pública, tradição nas melhores democracias, preceituado pelo artigo 223 de nossa Constituição. Missão cumprida, apesar das incompreensões e agressões, o chamado do jornalismo se impôs e, pelas mãos do diretor de redação Josemar Gimenez, aportei aqui no Correio, escrevendo, às terças, quintas e aos domingos, esta publicada também pelos outros jornais do grupo Diarios Associados.

Foram tempos fecundos para um observador da cena política de nosso país: tempo de enorme desgaste para a atividade política, por conta das faltas de alguns atores e das enormes falhas do próprio sistema que não conseguimos reformar. Mas foram, por outro lado, tempos adventícios para a sociedade civil, que deu mostras de sua vitalidade e de uma nova e forte exigência em relação ao Estado e aos que o dirigem. Cheguei em 2012 e integrei-me ao esforço de cobertura das eleições municipais. Afora um crescimento do PSB e um enraizamento do PT no interior, o pleito apenas reproduziu as estacas mais fundas do sistema, que estão lá nos municípios. Em 2013, entretanto, vimos aflorar as grandes manifestações populares, que não davam o ar de sua graças desde as campanhas da transição, a das diretas e a de Tancredo Neves. Contados os votos de 2012, o navio da sucessão presidencial pôs-se ao mar, com sua carga de alianças, contradições e incertezas. E aqui estamos, numa campanha muito singular. Na passagem pelo Correio, tive a especial satisfação de participar da excelente série histórica "À Sombra dos Quepes", publicada na passagem dos 50 anos do golpe. É dever do jornalista mais maduro compartilhar com os mais jovens a experiência vivida.

Tudo vale a pena se a disposição não é pequena. Foi um boa parceria, mas chegou o momento da separação. Neste período, convivi com uma equipe admirável por sua garra e dedicação, dirigida por um editor que combina exigência e firmeza com suavidade, Leonardo Cavalcanti. Aprendi a admirar a argúcia de Josemar no comando do jornal, a energia monumental de Ana Dubeux como editora-chefe, a onipresença de Carlos Alexandre como editor-executivo. A todos, sou grata pelo convívio enriquecedor. Por fim, um agradecimento especial aos leitores de outros tempos que reencontrei e aos novos que chegaram, e que poderão continuar me encontrando como comentarista da RedeTV. Outros encontros virão.

As agruras da presidente: O Estado de S. Paulo - Editorial

Em política, nunca se deve dizer nunca, ressalvou dias atrás o ex-presidente Lula, antes de reiterar a lealdade à candidatura de sua afilhada Dilma Rousseff à reeleição. Ela mesma invocou o termo ao responder à inescapável pergunta sobre o "Volta, Lula" que lhe foi feita por jornalistas esportivos em um jantar - cujo prato de resistência deveriam ser os preparativos para a Copa e os protestos contra o evento - segunda-feira, no Alvorada. "Nada me separa dele e nada o separa de mim", entoou. "Sei da lealdade dele a mim, e ele da minha lealdade a ele."

Menos por isso, decerto, do que por saber que Dilma não tem a mais remota intenção de desistir da chance de passar mais quatro anos no Planalto e por pressentir que a operação da troca de nomes poderá não ser, nas urnas, o sucesso que a justificaria, Lula há de calcular que, para si, melhor do que ter elegido um poste será reeleger o poste que, em vez de iluminar, estorva. Se der errado, a culpa, naturalmente, será de Dilma. Se der certo, será a consagração de sua trajetória como o maior líder de massas da história nacional. Guardadas as diferenças, ele já rodou esse filme.

Em 2009, desistiu de buscar o terceiro mandato consecutivo não necessariamente por reverenciar a regra do jogo, que o proíbe, mas por intuir que talvez não pudesse pagar o preço político da tentativa de mudá-la. Antes fazer e tornar a fazer o sucessor, e se guardar para 2018. Não obstante o "nunca", a sua tendência é de permanecer leal a esse traçado. Ocorre que, por si só, o alarido em torno do "Volta, Lula" - resultado do desgosto dos aliados com o desempenho da presidente, do seu fracasso em construir uma coalizão de interesses da qual fosse ela a líder e do receio petista de perder o poder em 2015 - agrava a sua avitaminose política e acentua a sua vulnerabilidade eleitoral.

Um episódio deixa isso claro. Horas antes da entrevista de Dilma, o líder do PR na Câmara, Bernardo Santana, da base governista, se fez fotografar pendurando na parede o retrato de Lula. Segundo ele, 20 dos 32 membros da bancada preferem que o ex-presidente seja o candidato. "Só Lula tem condição de enfrentar qualquer crise", alegou. Pouco importa que tenha se recusado a identificar os supostos 20 lulistas. Pouco importam também as divisões internas no partido que possam ter parte com o anúncio. O ponto é que, estivesse Dilma nadando de braçada nas pesquisas, Santana não se sentiria inseguro do que o espera nas urnas a ponto de aprontar-lhe tamanha desfeita.

A cena de um político aliado afixando a imagem de um Lula com a faixa presidencial é o símbolo mais contundente das agruras de Dilma. É inevitável a comparação com o hino da vitoriosa campanha a presidente do ex-ditador Getúlio Vargas, em 1950. "Bota o retrato do velho outra vez / Bota no mesmo lugar", dizia a marcha que arrebatou o carnaval daquele ano. Eis o carma da presidente. Um dia lhe perguntam o que acha do "Volta, Lula". No outro, ontem cedo, numa entrevista a rádios baianas, o que acha da fidelidade dos partidos alinhados com o Planalto. A resposta é pura Dilma sem açúcar: "Gostaria muito que, quando for candidata, eu tivesse o apoio da minha base, da minha própria base. Agora, não havendo esse apoio, a gente vai tocar em frente".

Falta tocar o eleitor. Por mais que os resultados dos levantamentos de intenção de voto devam ser vistos com cautela - a três meses do início da campanha na TV e a cinco da ida às urnas, quando a disputa ainda não entrou no radar da grande maioria dos brasileiros -, o fato é que a mera coerência dos números da queda da candidata acelera o processo de seu desgaste. Sinal disso é que a equipe da reeleição, segundo uma inconfidência, já se dará por feliz se a chefe parar de cair nas próximas sondagens. A expectativa de vitória no primeiro turno se dissipou. Era, de resto, uma fantasia: nem Lula, apesar de toda a sua popularidade, conseguiu liquidar a fatura logo de saída na reeleição.

Já a aprovação a Dilma - a sua bagagem para as urnas - se aproxima perigosamente do nível que, para os especialistas, conduz antes à derrota do que à vitória eleitoral, sejam quais forem os adversários.

Míriam Leitão: O trabalho

Sempre achei admirável como os brasileiros se esforçam para trabalhar. A admiração tem crescido nos difíceis tempos atuais.

Trabalhadores das grandes cidades precisam começar o dia numa corrida de obstáculos para chegar ao trabalho: o ônibus está lotado ou não para, os trens urbanos são mal cuidados e também cheios. Os metrôs, insuficientes. São horas de luta até chegar.

E só então a jornada começa, quando o trabalhador já está cansado pelo esforço de atingir o local onde exerce suas atividades diárias: na fábrica, no escritório, na loja, no supermercado, na casa de família. Investimentos eficientes em mobilidade urbana diminuiriam esse desgaste. Olhando da perspectiva econômica, isso aumentaria a produtividade do trabalho.

Olhando pelo ângulo pessoal, esses investimentos permitiriam melhora na qualidade de vida, mais tempo de convivência com as famílias, o que tem valor intangível para toda a sociedade.

Quando as reportagens mostram diariamente algum problema grave de trânsito, em um dos grandes centros brasileiros, com os ônibus, metrôs, trens, o que se ouve nas entrevistas é sempre uma frase do tipo “eu preciso chegar ao trabalho”.

E agora cada vez mais brasileiros vão de carro para o serviço. Carros financiados em longas prestações, que se desgastam no caminho e que ficam engarrafado horas. Muitas vezes, para fugir do tráfego, a pessoa sai de casa mais cedo e chega antes do horário, esticando a carga horária.

Nos últimos anos, piorou muito a mobilidade urbana e esse problema foi crescendo de forma exponencial. O IBGE já fez pesquisas de quanto tempo se gasta por dia no transporte até o trabalho.

Milhões de brasileiros nas metrópoles acordam de madrugada, quando a cama ainda os chama, e seguem para a corrida diária de obstáculo até chegar à empresa que os contrata, ao local onde executam suas tarefas.

É neles que penso neste 1º de maio. Em quem tem que provar diariamente sua determinação de trabalhar, perdendo horas do seu dia apenas com o ir e vir nas cidades, onde há décadas há subinvestimento em infraestrutura de transporte. E a eles rendo homenagem.

Os trabalhadores domésticos que moram em locais mais distantes das periferias das grandes cidades são os que mais cedo madrugam para chegar. Está, felizmente, diminuindo muito o percentual dos que dormem no emprego. Mas a lei que protege esses trabalhadores — em geral, mulheres — com todos os direitos trabalhistas está presa no Congresso. É lei, mas não foi regulamentada.

A verdade é que o brasileiro gosta de trabalhar e prova isso diariamente. O mercado de trabalho melhorou nos últimos anos com ganhos de renda e queda do desemprego.

Ainda assim, há 40% de trabalhadores informais, e o mercado de trabalho tem desigualdades grandes. Jovens, mulheres e negros enfrentam taxas maiores de desocupação.

Tem caído o número de trabalhadores encontrados pela fiscalização em condições degradantes, mas esses fatos inaceitáveis ainda acontecem. Brasileiros que vão de uma região a outra atraídos por uma promessa de emprego e lá ficam sem as promessas cumpridas e sem condição de voltar para casa.

Este espaço da coluna de 1º de maio fica então dedicado a todos esses brasileiros que não apenas trabalham, mas têm que provar diariamente que querem trabalhar. Têm que superar obstáculos e correr riscos na esperança de que o trabalho garanta a eles, elas, e aos seus filhos um futuro melhor. Que a maioria esteja hoje descansando neste feriado. É justo e merecido.

Brasília-DF: Denise Rothenburg

- Correio Braziliense

Onde mora o perigo
O maior temor dos políticos hoje é a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava-Jato. Há um receio de que, na hora em que os depoimentos de Paulo Roberto desaguarem na futura CPI da Petrobras, os estragos sejam bem maiores do que os registrados até aqui. Daí o fato de o governo — com a ajuda do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), — trabalhar para que a inevitável CPI ficasse restrita à Casa, onde é possível um controle maior por parte dos aliados ao Planalto, em especial, o PMDB.
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Paralelamente, segue o jogo no sentido de atrasar as investigações para coincidir com a Copa do Mundo e assim, contar com a sorte de que os eleitores prestem mais atenção aos gramados do que ao trabalho da CPI, que dificilmente ficará restrita aos senadores.

A esperança dos petistas
Por mais que Dilma Rousseff diga com todas as letras que ela e Lula falam a mesma língua, tem um grupo do PT, especialmente, aqueles ligados a André Vargas, que não acreditam mais na candidatura dela. "Ela desagradou empresários, políticos e até setores do partido, mas, infelizmente, não podemos dizer isso abertamente", comenta um petista.

Imagina na Copa
A avaliação de setores petistas é a de que os ventos de Dilma e o comportamento dela mudaram desde as manifestações de junho do ano passado. Ali, começou a redução da popularidade e a classe política perdeu o medo de enfrentá-la. Passou a vê-la como detentora de vulnerabilidades que podiam ser exploradas.

Câmara versus Senado
Se Renan Calheiros, enquanto presidente do Congresso, não instalar a CPI mista da Petrobras, nem o seu partido vai poupá-lo. Os deputados do PMDB, assim como o líder da Minoria, Domingos Sávio (MG), têm pronta uma representação contra o presidente da Casa para encaminhar ao Supremo Tribunal Federal.

E no Dia do Trabalho...
A pauta é velha: nas manifestações de hoje estarão em debate a regulamentação do FGTS dos empregados domésticos e a jornada de 40 horas semanais, que até hoje não saíram do papel.

CURTIDAS

Aquecimento/ Na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, que vem sendo chamada de pré-CPI, as excelências ganharam apelidos. Amaury Teixeira (foto), PT-BA, virou o ursão da Dilma. Da oposição, os "pitbulls" são pelo menos três, os líderes do DEM, Mendonça Filho, da Minoria, Domingos Sávio (PSDB-MG), e o deputado Fernando Francischini (SDD-PR).

Em desuso/ Alguns deputados se referiam à presença de cabines no plenário da Câmara ao fato de estar se formando uma fila de possíveis processos no Conselho de Ética da Casa. Ocorre que a votação para perda de mandato agora é aberta. As cabines são para a eleição do sucessor de André Vargas no cargo de primeiro vice-presidente, na semana que vem.

Dois CPFs/ A presidente da Petrobras, Graça Foster, parecia outra pessoa, de tanta calma e reverências feitas aos parlamentares. Quem a viu em audiências anteriores no Senado ou na Câmara notou uma mudança radical, algo como da arrogância à humildade num prazo de menos de um mês.

Sábios conselheiros/ José Dirceu parece ter fechado os ouvidos aos advogados amigos que não se cansam de repetir que, quanto mais quieto e recluso ele ficar, melhor para conquistar a remissão da pena ou mesmo o emprego externo. Enquanto ele estiver aparecendo e cobrando defesa e manifestações públicas em seu favor, mais difícil ficará para que ele conquiste os benefícios do bom comportamento.

Diário do Poder – Cláudio Humberto

- Jornal do Commercio (PE)

• PSDB não desistiu de Serra para vice de Aécio
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) ainda trabalha com a hipótese de ter como seu vice, na disputa pela Presidência, o desafeto político José Serra (SP), que surpreendeu aliados ao comparecer em jantar para o mineiro na casa do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD). Para o tucanato, a aliança garantiria votação expressiva em São Paulo e Minas Gerais, desestabilizando aliança de Eduardo Campos (PSB-PE) e Marina Silva.

• Sonho meu
Aécio deixou claro, em entrevista à Band, que adoraria ter na vice um quadro como José Serra nas eleições contra a presidenta Dilma.

• Na pista
Se Serra não aceitar o convite, o PSDB também avalia negociar a vice com o PSD de Gilberto Kassab, em troca de apoio nacional e em SP.

• DEM quer
O DEM, aliado de longas datas do PSDB, reclama o direito à vice e não se conforma com apoio de Kassab, que quase levou a sigla à extinção.

• Me engana que eu gosto
É manobra útil o “Volta, Lula”: ele finge que desestimula, Dilma usa o “vitimismo” para a reeleição e o PT aproveita para abafar escândalos.

• ‘Dono’ da CNC pode perder poder após 33 anos
Reeleito com apoio de 94% dos sindicatos do comércio do Estado do Rio, o presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz, é o nome mais forte para a difícil tarefa de remover Antonio de Oliveira Santos da presidência da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Santos, o “carrapato”, não quer deixar o cargo ao qual está agarrado há 33 anos. Aos 94 anos, o ambicioso “dono” da CNC quer mais 4 de mandato.

• Força carioca
Orlando Diniz recebeu apoio de 50 dos 53 sindicatos que votaram na Fecomércio-RJ. E foi aclamado para enfrentar Antonio Santos na CNC.

• Sombrero
Dilma disse ao Globo que em 1970 “estava na cadeia” e que, “na hora, até os da tortura torceram pelo Brasil”. Boas lembranças, pelo visto.

• PIB no peito
A indústria de medalhas não sofre crise: serão mais 692 para o Ministério da Defesa distribuir com a Ordem do Mérito Militar a granel.

• Prenda-me se for capaz
O mensaleiro José Genoino tem que se apresentar no presídio da Papuda para cumprir pena imposta pelo STF. Caso contrário, o tribunal vai expedir mandado para que a polícia o recolha na marra.

• Trabalhador uma ova
Enquanto os trabalhadores de bem folgaram nesta quinta (1º), feriado do Dia do Trabalhador, deputados e senadores cataram beco na terça à noite. Ontem, só alguns gatos pingados apareceram no Congresso.

• Mês do Trabalho
Maio deveria ser lembrado como mês do trabalho, não pelo feriado deste dia 1º, mas para “comemorar” o fim do colossal ciclo de 150 dias dando duro apenas para pagar a alta carga tributária brasileira.

• Explica aí
A presidenta Dilma assumiu tom político em seus discursos e declarou que “o povo brasileiro não vai retroagir”. Resta saber se foi referência ao declínio nas pesquisas eleitorais ou uma resposta ao “Volta, Lula”.

• Beleza
Delegados da Polícia Civil de Minas escolheram o dia anterior ao feriado, claro, para cruzar os braços, garantindo feriadão mais amplo. Querem saltar de salários de R$ 7.747,50 para R$ 16.022,96.

• Dinheiro voando
A Indonésia está irritada com os sete meses de atraso na entrega de quatro Super Tucanos do lote de oito da Embraer. A multa de US$ 7 milhões compensou, diz o Jakarta Post.

• Enrolou
A presidente da Petrobras, Graça Foster, passou por tremenda saia justa ontem (30) na Câmara. Os parlamentares perguntaram na bucha: é contra ou a favor da instalação da CPI que investigará a estatal?

• …e não falou
Foster tirou o corpo fora dizendo que como cidadã não tinha nenhum comentário sobre a necessidade de criação da CPI. Ora, ninguém ali queria ouvir a cidadã, mas a presidente da empresa a ser investigada.

• Pensando bem…
…deveria ser proibido o feriado de 1º de Maio para os 61 milhões que não trabalham nem querem trabalhar, como apurou pesquisa do IBGE.