Marcos Coimbra
DEU NO ESTADO DE MINAS
Quem compraria Alckmin e venderia Kassab? E vice-versa? Quanto estaria pagando Marta Suplicy como vitoriosa no segundo turno em São Paulo?
DEU NO ESTADO DE MINAS
Quem compraria Alckmin e venderia Kassab? E vice-versa? Quanto estaria pagando Marta Suplicy como vitoriosa no segundo turno em São Paulo?
Cada país tem uma experiência única e uma cultura política própria, fruto de um sem número de circunstancias de sua história. O que vale para um, raramente vale para outro.
Ainda assim, é curioso ver quão diferentes podem ser dois países, mesmo quando compartilham coisas relevantes. Nesses casos, esperaríamos mais semelhanças que as discrepâncias que tendemos a ver.
Tomemos nosso gosto pelos jogos de azar e as apostas. Talvez existam outros países com pendor parecido, mas não devem ser muitos aqueles onde ele é maior. Da fezinha diária que tantos fazem, mesmo sabendo que seu hábito não é exatamente legal, aos carteados das tardes e noites, nós brasileiros gostamos de jogar, de preferência “a valer”, apostando tão alto quanto podemos. Bingos, loterias, mega-sena, raspadinhas, videopôquer, caça-níqueis, cassinos clandestinos, turismo de roleta, jogos pela internet, corridas de cavalo, rinhas de galos, tem para todos os gostos e bolsos.
Por que, então, não temos uma coisa tão comum em países parecidos conosco, onde as pessoas também gostam de apostar? Por que não existe no Brasil o tradicional e, nos últimos tempos, de novo florescente mercado das apostas eleitorais?
Para quem não sabe, esse é um mercado que movimenta montanhas de dólares e centenas de milhares de apostadores, hoje em dia particularmente em sites especializados da internet. Muitos são americanos e ingleses e o maior de todos é irlandês, no qual se pode apostar em cenários políticos mundo afora, de quem vai ser o próximo primeiro-ministro da Austrália ao partido que vai vencer a eleição em uma província alemã.
Os maiores volumes são dirigidos às grandes eleições, como as presidenciais americanas. As de novembro estão sendo alvo de apostas faz anos, ainda quando não havia sequer candidatos nítidos. Por falar nisso, quem quiser pode apostar, hoje, no resultado da eleição de 2012.
O curioso é que as transações nesse mercado têm se revelado altamente capazes de antecipar os resultados efetivos das eleições, mais até que as pesquisas de intenção de voto. O que parece é que, quando milhares de pessoas arriscam seu dinheiro apostando em um determinado resultado futuro, elas procuram ser maximamente racionais. Para isso, agregam toda a informação possível, seja do que identificam em suas comunidades, seja de suas avaliações do que a mídia publica. Cada mudança percebida no cenário eleitoral as faz recalcular suas posições, para não perder o investimento e aumentar o lucro.
Seria divertido ver como seriam as apostas aqui, se um mercado parecido existisse no Brasil. Quem compraria Alckmin e venderia Kassab? E vice-versa? Quanto estaria pagando Marta Suplicy como vitoriosa no segundo turno em São Paulo?
Em Salvador, muito dinheiro ia trocar de mãos, com os apostadores buscando a melhor opção entre três candidatos empatados. E quando a aposta fosse relativa a quantos votos um candidato teria, perdendo ou ganhando? Em uma eleição como a do Rio de Janeiro, com 12 candidatos e quatro com chances de passar para o segundo turno, muita gente ia ficar nervosa. E os bem informados ou com alta intuição, que conseguissem perceber azarões que terminam vencendo? Iam ganhar uns bons cobres.
A mania de apostar em eleições, que tem mais de 100 anos nos Estados Unidos, não é algo a copiar. Mas que tem um lado positivo, não há dúvidas. Ela é parte de culturas cívicas onde a política tem uma dimensão lúdica, cotidiana, próxima do cidadão. Se nossa trajetória democrática não tivesse sido tão entrecortada por golpes, talvez fôssemos assim.
Até que não seria má idéia adotar coisa parecida no Brasil. As eleições ficariam mais animadas.
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