Villas-Bôas Corrêa
DEU NO JORNAL DO BRASIL
FOFOCAS INTENCIONALMENTE VAZADAS pelas brechas do Palácio do Planalto espalham o aviso que acende a luz vermelha de advertência, sobre o mau humor que virou pelo avesso o temperamento alegre do presidente Lula . O tom de voz subiu na escala para os berros que ressoam nos corredores palacianos sem que se saiba exatamente o que provocou a explosão. Não é necessário o faro de detetive para reconhecer que os últimos dias, ou semanas, têm sido férteis em aborrecimentos. A marolinha da crise econômica explode nas praias em ondas que desafiam a ousadia dos surfistas. E a equipe econômica bate cabeça na teimosia de quem insiste nos erros, com a esperança de uma nova reviravolta.
Acautelo-me contra a praga da arrogância. E não quero descobrir a pólvora. Mas tenho lá a minha desconfiança de que o efeito Obama mexeu com a cuca do menino nordestino que fugiu da seca no pau-de-arara com a heróica mãe, Dona Lindu, vendeu badulaques nas ruas de São Paulo, completou o curso primário em três escolas públicas até matricular-se no Senai para conquistar a profissão de torneiro mecânico. Daí, um pulo para a militância sindical que revelaria o maior líder popular do país comandou greves que paralisaram as empresas em São Bernardo do Campo. A fundação do Partido dos Trabalhadores foi o arranque para a militância política, com a escalada que impôs a disciplina do aprendizado dos insucessos para o impulso dos sucessos. Lula perdeu e ganhou eleições.
Deputado federal por São Paulo, com milhares de votos, não se ajustou à rotina parlamentar, nem mesmo com o estímulo da Assembléia Constituinte, responsável pela contraditória colcha de retalhos da Constituição de 88, mais remendada que calça de mendigo. O menino de Garanhuns, o rapaz do Senai, o líder sindical de São Bernardo do Campo chegou à Presidência da República, em 2003, e emplacou o segundo mandato que termina em 1º de janeiro de 2011. Lula sorveu a suprema delícia da ascensão vertiginosa. E com a sua pronta inteligência e aguda intuição logo ficou à vontade entre os grandes do mundo presidentes, reis e rainhas, primeiros-ministros de países parlamentaristas galgando os degraus da escada até o reconhecimento como um dos mais destacados líderes, não apenas do continente mas de assembléias internacionais. Juscelino e Jânio também desfrutaram de grande popularidade.
Mas se JK naufragou no JK-65 pela sofreguidão com que foi ao pote, inaugurando Brasília antes de estar pronta e injustamente punido com a cassação do mandato de senador e a perda dos direitos políticos pelo constrangido marechal-presidente Castelo Branco, e se Jânio se perdeu com o golpe frustrado da renúncia, tramado para a volta ao poder nos braços do povo, que não saiu à rua nem para assistir ao embarque para o exterior nenhum dos dois chegou ao recorde de Lula de popularidade aos seis anos já passados de dois mandatos. Lula acusa o golpe de inesperadas dificuldades em duas frentes.
Tem até o fim do ano para comprovar que é capaz de transferir pelo menos metade da sua popularidade para viabilizar a candidatura da ministra Dilma Rousseff, por ele lançada sem ouvir ninguém, ignorando o PT, calado e submisso. A munição armazenada para a arrancada da ministra-candidata este ano, a partir do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), terá que ser dividida entre as centenas de obras em diferentes estágios, alguns com tudo por fazer, e os socorros urgentes, inadiáveis para os milhares de desabrigados, que perderam tudo menos a vida, na interminável e dramática sucessão de enchentes em várias regiões do país: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, estado do Rio, São Paulo, Espírito Santo.
E a chuvarada continua a castigar os que não têm mais nada a perder e os que construíram suas casas em áreas de risco. Há dezenas de pontes a serem reconstruídas, rodovias com o asfalto comprometido, trechos com o trânsito desviado. Além de porto com filas intermináveis de caminhões lotados de carga, paralisados pela buraqueira das estradas, com trechos interditados.
DEU NO JORNAL DO BRASIL
FOFOCAS INTENCIONALMENTE VAZADAS pelas brechas do Palácio do Planalto espalham o aviso que acende a luz vermelha de advertência, sobre o mau humor que virou pelo avesso o temperamento alegre do presidente Lula . O tom de voz subiu na escala para os berros que ressoam nos corredores palacianos sem que se saiba exatamente o que provocou a explosão. Não é necessário o faro de detetive para reconhecer que os últimos dias, ou semanas, têm sido férteis em aborrecimentos. A marolinha da crise econômica explode nas praias em ondas que desafiam a ousadia dos surfistas. E a equipe econômica bate cabeça na teimosia de quem insiste nos erros, com a esperança de uma nova reviravolta.
Acautelo-me contra a praga da arrogância. E não quero descobrir a pólvora. Mas tenho lá a minha desconfiança de que o efeito Obama mexeu com a cuca do menino nordestino que fugiu da seca no pau-de-arara com a heróica mãe, Dona Lindu, vendeu badulaques nas ruas de São Paulo, completou o curso primário em três escolas públicas até matricular-se no Senai para conquistar a profissão de torneiro mecânico. Daí, um pulo para a militância sindical que revelaria o maior líder popular do país comandou greves que paralisaram as empresas em São Bernardo do Campo. A fundação do Partido dos Trabalhadores foi o arranque para a militância política, com a escalada que impôs a disciplina do aprendizado dos insucessos para o impulso dos sucessos. Lula perdeu e ganhou eleições.
Deputado federal por São Paulo, com milhares de votos, não se ajustou à rotina parlamentar, nem mesmo com o estímulo da Assembléia Constituinte, responsável pela contraditória colcha de retalhos da Constituição de 88, mais remendada que calça de mendigo. O menino de Garanhuns, o rapaz do Senai, o líder sindical de São Bernardo do Campo chegou à Presidência da República, em 2003, e emplacou o segundo mandato que termina em 1º de janeiro de 2011. Lula sorveu a suprema delícia da ascensão vertiginosa. E com a sua pronta inteligência e aguda intuição logo ficou à vontade entre os grandes do mundo presidentes, reis e rainhas, primeiros-ministros de países parlamentaristas galgando os degraus da escada até o reconhecimento como um dos mais destacados líderes, não apenas do continente mas de assembléias internacionais. Juscelino e Jânio também desfrutaram de grande popularidade.
Mas se JK naufragou no JK-65 pela sofreguidão com que foi ao pote, inaugurando Brasília antes de estar pronta e injustamente punido com a cassação do mandato de senador e a perda dos direitos políticos pelo constrangido marechal-presidente Castelo Branco, e se Jânio se perdeu com o golpe frustrado da renúncia, tramado para a volta ao poder nos braços do povo, que não saiu à rua nem para assistir ao embarque para o exterior nenhum dos dois chegou ao recorde de Lula de popularidade aos seis anos já passados de dois mandatos. Lula acusa o golpe de inesperadas dificuldades em duas frentes.
Tem até o fim do ano para comprovar que é capaz de transferir pelo menos metade da sua popularidade para viabilizar a candidatura da ministra Dilma Rousseff, por ele lançada sem ouvir ninguém, ignorando o PT, calado e submisso. A munição armazenada para a arrancada da ministra-candidata este ano, a partir do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), terá que ser dividida entre as centenas de obras em diferentes estágios, alguns com tudo por fazer, e os socorros urgentes, inadiáveis para os milhares de desabrigados, que perderam tudo menos a vida, na interminável e dramática sucessão de enchentes em várias regiões do país: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, estado do Rio, São Paulo, Espírito Santo.
E a chuvarada continua a castigar os que não têm mais nada a perder e os que construíram suas casas em áreas de risco. Há dezenas de pontes a serem reconstruídas, rodovias com o asfalto comprometido, trechos com o trânsito desviado. Além de porto com filas intermináveis de caminhões lotados de carga, paralisados pela buraqueira das estradas, com trechos interditados.
É difícil manter o bom humor com tantos problemas a reclamar a urgência prioritária do socorro.
E, para mal dos pecados, o Barack Obama a explodir como um fenômeno político que junta 2 milhões de pessoas nas ruas geladas de Washington para assistir à posse do presidente do mais poderoso país do mundo.
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