DEU EM O GLOBO
Além das quatro pessoas ligadas a Serra, analistas da Receita em Mauá (SP) devassaram os dados fiscais de 140 contribuintes, entre eles personalidades e empresários que vivem longe do ABC paulista. PT e PSDB trocaram acusações.
Devassa generalizada
Acessos a dados na Receita atingiram personalidades e empresários fora do campo tucano
Roberto Maltchik
BRASÍLIA - Além de tucanos, aliados e parentes do candidato à Presidência José Serra (PSDB), o terminal da analista tributária Adeildda Ferreira Leão dos Santos, na Delegacia da Receita Federal em Mauá (SP), serviu para a devassa dos dados fiscais de personalidades, empresários e contribuintes que vivem a milhares de quilômetros do ABC paulista.
O levantamento da Corregedoria da Receita na estação de trabalho da servidora revela que Ana Maria Braga, apresentadora da Rede Globo; a família Klein, que comanda as Casas Bahia; e políticos sem elo aparente com o candidato tucano também tiveram a declaração de Imposto de Renda examinada.
Da lista de 140 CPFs, pelo menos sete contribuintes tiveram suas informações fiscais acessadas de forma comprovadamente imotivada.
Esse grupo é formado pelos quatro aliados de Serra Eduardo Jorge, Ricardo Sérgio, Luiz Carlos Mendonça de Barros e Gregório Marin Preciado , além de Gilmar Argenta, filiado ao PCdoB, Carla Argenta, esposa dele, e Amauri Baragatti, que já pertenceu aos quadros do PSDB. Quanto aos demais contribuintes, cabe à Corregedoria da Receita identificar por que tais informações foram acessadas e se houve quebra de sigilo.
A investigação revelou que o IR do suplente da senadora Marisa Serra (PSDB-MS), o pecuarista Antonio Russo Netto, também foi devassado.
De sua fazenda no interior de Mato Grosso do Sul, Russo se disse perplexo: Não tenho negócios no ABC. Minha declaração foi feita em São Paulo. Sinceramente, não vejo motivos para que meu nome esteja nesta lista afirmou o empresário.
A delegacia de Mauá também serviu de base para a extração dos dados fiscais de Ronaldo de Souza, ex-sócio de Ricardo Sérgio, que ocupou a direção do Banco do Brasil no governo Fernando Henrique. Dono da empresa Antares Participações, Souza já faleceu.
Entre alvos, quatro são da família Klein
Em 4 de agosto de 2009, o terminal de Adeildda foi usado para acessar e imprimir as declarações de quatro integrantes da família Klein: o fundador das Casas Bahia, Samuel Klein, o presidente da companhia, Michael Klein, a esposa dele, Maria Alice Klein, e o neto de Samuel, Raphael Klein. Até a ex-mulher de Michael, Jeanete Roizman, teve os dados analisados.
Já as informações sigilosas da apresentadora Ana Maria Braga saíram dos terminais do Fisco no ABC em 16 de novembro do ano passado, às 11h15m. Como na maioria dos casos, o acesso se limitou à declaração de 2009.
Adeildda e as outras duas analistas investigadas pela Corregedoria Antônia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva e Ana Maria Caroto Cano negaram em depoimento envolvimento com o episódio. Sem explicação, as declarações de Adeildda e Ana Maria também aparecem na lista de consultas feitas nos terminais sob investigação. A declaração de Adeildda foi impressa um minuto antes do acesso às informações de Mendonça de Barros, em 8 de outubro de 2009. O advogado de Adeildda, Marcelo Panzardi, disse que desconhecia o acesso ao IR da cliente, no terminal dela.
Entre agosto e dezembro de 2009, os servidores demonstraram interesse por empresários, políticos, desportistas e artistas de várias regiões do país. É o caso de um conselheiro de empresa de transporte de cargas no porto de Imbituba, em Santa Catarina, e de dois servidores públicos um deles aposentado que estariam em Picos, no Piauí.
Foram acessados dados de Armando Ferreira da Cunha, dono de franquias dos Correios, e de Adalberto Nadur, presidente do PTB empresarial e candidato a deputado federal em São Paulo. O PTB apoia Serra, mas está rachado.
COLABOROU: Demétrio Weber
Além das quatro pessoas ligadas a Serra, analistas da Receita em Mauá (SP) devassaram os dados fiscais de 140 contribuintes, entre eles personalidades e empresários que vivem longe do ABC paulista. PT e PSDB trocaram acusações.
Devassa generalizada
Acessos a dados na Receita atingiram personalidades e empresários fora do campo tucano
Roberto Maltchik
BRASÍLIA - Além de tucanos, aliados e parentes do candidato à Presidência José Serra (PSDB), o terminal da analista tributária Adeildda Ferreira Leão dos Santos, na Delegacia da Receita Federal em Mauá (SP), serviu para a devassa dos dados fiscais de personalidades, empresários e contribuintes que vivem a milhares de quilômetros do ABC paulista.
O levantamento da Corregedoria da Receita na estação de trabalho da servidora revela que Ana Maria Braga, apresentadora da Rede Globo; a família Klein, que comanda as Casas Bahia; e políticos sem elo aparente com o candidato tucano também tiveram a declaração de Imposto de Renda examinada.
Da lista de 140 CPFs, pelo menos sete contribuintes tiveram suas informações fiscais acessadas de forma comprovadamente imotivada.
Esse grupo é formado pelos quatro aliados de Serra Eduardo Jorge, Ricardo Sérgio, Luiz Carlos Mendonça de Barros e Gregório Marin Preciado , além de Gilmar Argenta, filiado ao PCdoB, Carla Argenta, esposa dele, e Amauri Baragatti, que já pertenceu aos quadros do PSDB. Quanto aos demais contribuintes, cabe à Corregedoria da Receita identificar por que tais informações foram acessadas e se houve quebra de sigilo.
A investigação revelou que o IR do suplente da senadora Marisa Serra (PSDB-MS), o pecuarista Antonio Russo Netto, também foi devassado.
De sua fazenda no interior de Mato Grosso do Sul, Russo se disse perplexo: Não tenho negócios no ABC. Minha declaração foi feita em São Paulo. Sinceramente, não vejo motivos para que meu nome esteja nesta lista afirmou o empresário.
A delegacia de Mauá também serviu de base para a extração dos dados fiscais de Ronaldo de Souza, ex-sócio de Ricardo Sérgio, que ocupou a direção do Banco do Brasil no governo Fernando Henrique. Dono da empresa Antares Participações, Souza já faleceu.
Entre alvos, quatro são da família Klein
Em 4 de agosto de 2009, o terminal de Adeildda foi usado para acessar e imprimir as declarações de quatro integrantes da família Klein: o fundador das Casas Bahia, Samuel Klein, o presidente da companhia, Michael Klein, a esposa dele, Maria Alice Klein, e o neto de Samuel, Raphael Klein. Até a ex-mulher de Michael, Jeanete Roizman, teve os dados analisados.
Já as informações sigilosas da apresentadora Ana Maria Braga saíram dos terminais do Fisco no ABC em 16 de novembro do ano passado, às 11h15m. Como na maioria dos casos, o acesso se limitou à declaração de 2009.
Adeildda e as outras duas analistas investigadas pela Corregedoria Antônia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva e Ana Maria Caroto Cano negaram em depoimento envolvimento com o episódio. Sem explicação, as declarações de Adeildda e Ana Maria também aparecem na lista de consultas feitas nos terminais sob investigação. A declaração de Adeildda foi impressa um minuto antes do acesso às informações de Mendonça de Barros, em 8 de outubro de 2009. O advogado de Adeildda, Marcelo Panzardi, disse que desconhecia o acesso ao IR da cliente, no terminal dela.
Entre agosto e dezembro de 2009, os servidores demonstraram interesse por empresários, políticos, desportistas e artistas de várias regiões do país. É o caso de um conselheiro de empresa de transporte de cargas no porto de Imbituba, em Santa Catarina, e de dois servidores públicos um deles aposentado que estariam em Picos, no Piauí.
Foram acessados dados de Armando Ferreira da Cunha, dono de franquias dos Correios, e de Adalberto Nadur, presidente do PTB empresarial e candidato a deputado federal em São Paulo. O PTB apoia Serra, mas está rachado.
COLABOROU: Demétrio Weber
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