Em ofício à Alerj, Beltrame informa que todas as denúncias de ameaças contra Marcelo Freixo foram verificadas
Sérgio Ramalho
A Secretaria de Segurança informou ontem que tomou todas as medidas necessárias ao receber as denúncias sobre supostos planos para executar o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Num ofício enviado ontem ao deputado estadual Paulo Melo (PMDB), presidente da Assembleia Legislativa do Rio e governador em exercício, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, informou que todas as denúncias "foram verificadas e processadas". Alvo de 27 ameaças de morte - sete apenas este mês -, o deputado, que presidiu a CPI das Milícias em 2008, vai deixar o país hoje a convite da Anistia Internacional.
Acompanhado pela família, Marcelo Freixo disse que vai participar de reuniões com representantes da organização na Europa. Por medida de segurança, o político não revelou o local onde ficará hospedado. Na tarde de ontem, Freixo escreveu em seu Twitter que ficará menos de um mês no exterior:
- Minha saída é curta. Será apenas o período necessário para ajustes na minha segurança.
Pré-candidato pelo PSOL à prefeitura do Rio, Freixo recebeu reforço de segurança, incluindo carro blindado, segundo o presidente da Alerj. O deputado Paulo Melo (PMDB) ressaltou que atualmente Freixo é o deputado que conta com o maior aparato de proteção entre os políticos da Casa.
Freixo confirma ter recebido reforço na segurança, mas ressalta que, a partir do assassinato da juíza Patrícia Acioli, em agosto passado, as denúncias sobre planos para matá-lo ganharam maior proporção:
- Desde que presidi a CPI das Milícias, venho recebendo ameaças. São 27 até o momento, sendo que sete vieram à tona neste mês. Todas foram reunidas em um dossiê enviado ontem à Secretaria de Segurança Pública, ao Ministério Público, à Polícia Federal e ao Ministério da Justiça - disse o deputado.
Na semana passada, Freixo esteve com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para falar sobre sua segurança. Na ocasião, o ministro disponibilizou ajuda ao governo do Rio, a quem caberia garantir a proteção do parlamentar. Segundo a assessoria do ministério, a pasta só poderia agir diante de um pedido do governo estadual. Em nota, o Ministério Público estadual informou ontem ter solicitado a Beltrame, no último dia 18, o aumento da segurança do parlamentar.
Freixo espera que sua saída possa mobilizar o estado a combater as milícias:
- Não adianta apenas prender. É preciso tirar o braço econômico e territorial desses grupos. É verdade que os principais chefes das milícias foram presos. Mas elas continuam ganhando espaço nas zonas Oeste e Norte, onde faturam alto com a venda de proteção, exploração de "gatonet" (TV a cabo clandestina), cobrança de ágio na venda de gás e de pedágio ao transporte alternativo.
A saída de Freixo do Brasil foi noticiada ontem no site do jornal britânico "The Telegraph". O título dizia que o deputado estava sendo forçado ao exílio por causa de ameaças da máfia. O caso também foi assunto do francês "Le Monde".
Freixo diz que muitos milicianos presos continuam dando ordens aos seus subordinados e até mesmo fugindo da prisão, como aconteceu na Polinter do Grajaú. Na noite da última sexta-feira, sete presos escaparam da carceragem da unidade da Polícia Civil, entre eles Marcos Faria Pereira, apontado como um dos chefes da milícia que atua em favelas de Piedade, Quintino e Campinho, na Zona Norte.
Miliciano tinha detalhes da rotina do parlamentar
Em 9 de outubro, O GLOBO revelou a descoberta de um plano em que um ex-cabo da PM que fugiu do Batalhão Especial Prisional (BEP) em setembro passado estaria articulando a execução do deputado. Ligado a um grupo paramilitar de Campo Grande, Carlos Ary Ribeiro, o Carlão, receberia R$400 mil para matar Freixo. De acordo com documento reservado da Coordenadoria de Inteligência da Secretaria de Segurança, o ex-PM já teria feito um levantamento da rotina do político, inclusive dos horários em que ele dispensa a segurança da Alerj.
Carlão é ligado à milícia chefiada pelo ex-PM Tony Ângelo de Aguiar. Segundo investigações da coordenadoria, Tony seria o financiador do suposto plano de atentado ao parlamentar.
Carlão fugiu do BEP menos de 24 horas após a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança desencadearem uma operação contra a milícia na Zona Oeste. Na ocasião, 19 pessoas foram presas. O nome de Carlão figurava entre os que tiveram mandados de prisão expedidos pela Justiça e que ele deveria ser transferido do BEP para Bangu 8.
Ontem, a polícia prendeu em Saquarema um homem acusado de integrar uma milícia de Jacarepaguá. Ele é investigado por envolvimento em homicídios, além de casos de roubo, extorsão e usurpação de função.
FONTE: O GLOBO
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