Disposto a reconquistar a confiança do velho aliado, PSDB decidiu dar apoio a candidatos viáveis da sigla para manter oposição coesa
Christiane Samarco
BRASÍLIA - Ameaçado de perder o "espólio" do DEM para o governo petista de Dilma Rousseff, caso o partido desaparecesse do mapa político do Brasil, o PSDB resolveu dar um reforço eleitoral ao velho aliado nas eleições municipais. Os tucanos já decidiram que estarão juntos com o DEM em cinco capitais e estão negociando parcerias em São Paulo, Recife e Campo Grande.
"Vamos apoiar o candidato do DEM onde o partido tiver candidato viável", anuncia o senador Aécio Neves (PSDB-MG), ao confirmar o "esforço real da direção partidária para reatar a relação de confiança com o DEM".
O sinal mais claro da disposição do PSDB nacional de reconquistar a confiança dos parceiros que resistiram à criação do novo PSD foi dado em Sergipe. A direção nacional fez uma intervenção no diretório sergipano para garantir apoio à candidatura do ex-governador João Alves (DEM) a prefeito de Aracaju e pagou o preço da desfiliação do ex-governador Albano Franco. "Nossas relações com os democratas são prioritárias", justifica o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE).
Na capital paulista, a presença do PSD na coligação da eventual candidatura tucana de José Serra a prefeito não impedirá uma aliança com os democratas. O que fala mais alto é a gratidão dos dirigentes do DEM à atuação do governador Geraldo Alckmin para preservar o partido aliado.
Foi de São Paulo que o DEM saiu mais inteiro da investida do PSD. Por isto mesmo, o lançamento da candidatura de Rodrigo Garcia (DEM) a prefeito foi combinada com o governador que queria ganhar tempo à espera de uma definição de Serra. "Estamos afinando o discurso e as mágoas estão superadas", afirmou o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
"É claro que não podemos ser um partido satélite do PSDB, mas temos que estar juntos", ponderou o senador, resumindo a orientação geral das duas legendas para seus quadros em todo o País. Será assim em Goiânia, embora ainda não haja definição do candidato. Na semana passada, Demóstenes recusou o apelo do governador Marconi Perillo (PSDB) para disputar a prefeitura da capital. A única certeza por enquanto é a de que haverá aliança.
Nordeste. Em Salvador, os dois principais quadros da oposição ao PT do governador Jaques Wagner também acertaram que não disputarão entre si. Pesquisas apontam o favoritismo do líder do DEM na Câmara, ACM Neto, mas os tucanos ainda mantêm a alternativa de lançar o deputado Antônio Imbassahy.
Já em Natal, ambos convergem para a candidatura do deputado Rogério Marinho, que preside a regional tucana. Ele sai com o apoio do DEM na capital potiguar e os tucanos se dispõem a retribuir a parceria em Fortaleza, em torno de Moroni Torgan.
Sérgio Guerra lançou a candidatura do deputado estadual Daniel Coelho a prefeito do Recife, mas a decisão de investir em um quadro jovem que veio do PV não descarta a parceria com o DEM do deputado federal Mendonça Filho. A definição dependerá do que for mais estratégico para a oposição no Estado.
Em Pernambuco, onde a boa relação dos tucanos com o PSB incomoda o DEM, o projeto de Guerra é fazer com que o PSDB saia das urnas como o segundo maior partido no Estado, atrás apenas do PSB. Em número de prefeitos, a regional pernambucana já ultrapassou o PT e o projeto para este ano é bater os petistas também em número de votos.
"Das oito principais cidades da região metropolitana do Recife, já lideramos a corrida municipal em três: Jaboatão, Cabo e Ipojuca, sede do Porto de Suape que concentra a segunda maior arrecadação do Estado", relata Guerra.
Também é dado como certo um acerto eleitoral das duas siglas em Campo Grande (MS), onde o deputado federal Reinaldo Azambuja (PSDB) e seu concorrente do DEM, Luiz Henrique Mandetta, já conversaram e concluíram que têm perfis e projetos semelhantes para a cidade.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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