Dilma Rousseff sempre teve uma relação conflituosa com sua base de apoio no Congresso. O azedume e a tensão aumentaram nas últimas semanas.
A presidente reagiu. Trocou seus líderes na Câmara e no Senado. É improvável que a mudança resulte em menos atritos. Os defenestrados iam mal porque não eram empoderados pela presidente. Figuras decorativas, Dilma os adstringia a obedecer suas ordens. Diálogo? Nem pensar. Os novos líderes tampouco têm intimidade com a titular do Planalto. Não é o estilo presidencial.
Dilma, aliás, segue fiel a esse seu estilo. Decide quase tudo de maneira solitária. Age de supetão, com aflição e paranoia por causa de vazamentos para a mídia. A responsabilidade integral é sempre dela.
Trata-se de uma grande diferença em comparação aos outros dois governos "mais normais" pós-ditadura, de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). Era comum os presidentes pré-Dilma compartilharem suas ações políticas com um grupo decisório mais próximo.
No caso de Dilma, não existe tal grupo. Pelo menos, não há assessores com poder de influência para tanger a presidente para um dos lados de uma discussão sobre manejo político. Aliás, ai de quem tentar.
Ontem, enquanto a presidente era homenageada no Senado, um petista lembrou-se de um encontro recente de congressistas de seu partido. Havia cerca de dez pessoas à mesa. Uma delas perguntou: "Alguém aqui pode dizer "a Dilma gosta de mim"?". Fez-se o silêncio.
Essa é a síntese da administração de Dilma Rousseff na política. Trata-se de uma presidente solitária. Não fez nem faz novos amigos. Toca o barco de maneira monocrática. Até agora, aprovou no Congresso poucos projetos de relevância para mudar a cara do país. A chance de ter sucesso com a troca de líderes é incerta, para dizer o mínimo.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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