Wilson Tosta
RIO - Liberado de depor na CPI do Cachoeira, o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), transformou-se nesta segunda no centro de uma espécie de celebração de seu governo, na inauguração da C-4/Biblioteca Parque da Rocinha, uma das principais obras do PAC na favela. Por mais de duas horas, Cabral ouviu discursos cheios de elogios à sua gestão, como o da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, e da secretária de Cultura, Ana Maria Rattes, além de assistir a apresentações de poesia, forró, samba e funk. Aparentando mais tranquilidade do que na semana passada, percorreu alguns andares do prédio e posou para fotos no palco do auditório com artistas que se apresentaram para ele. Na saída, recusou-se a falar sobre a decisão da comissão de não chamá-lo e descartou que os problemas da Delta Construções prejudiquem obras no Estado.
"Vamos trabalhar em cima de fatos", disse Cabral. "Neste momento, o único fato que ocorreu foi a comunicação da empresa, que chegou na sexta-feira, se retirando do consórcio do Maracanã, como já havia, no caso da cidade, se retirado da Transcarioca (uma das novas linhas de ônibus expresso, em construção para a Copa do Mundo e Olimpíada). Não acredito que vá prejudicar (a reforma do estádio). As duas empresas que ficam são de porte. Portanto, concluiremos a obra no prazo combinado, para a Copa das Confederações. Posso garantir à população que teremos a Copa das Confederações com o Maracanã aberto, sediando os jogos, e a final que espero que o Brasil jogue."
Na quinta-feira passada, por 17 votos a 11, a CPI do Cachoeira rejeitou a proposta de convocação de Cabral. O governador do Rio chamou a atenção da comissão por sua amizade com Fernando Cavendish Soares, sócio controlador da Delta, empreiteira com a qual seu governo fechou contratos de pelo menos R$ 1,49 bilhão. A empresa também tem obras em outros Estados, além de tocar investimentos federais. Imagens de Cabral e Cavendish em viagens ao exterior, divulgadas no blog do deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ), foram usadas para mostrar a proximidade do peemedebista com o empreiteiro, cuja empresa é investigada por ligações com o bicheiro Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Uma operação de bastidores salvou Cabral de ser convocado. Seus colegas Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF), porém, foram convocados.
Cabral disse ter certeza "absoluta" de que o governo federal, como os de Estados e municípios onde houver obras da Delta, tomarão providências para que a população não seja prejudicada. "Dou autonomia aos secretários, os secretários estão avaliando tudo isso, obviamente, mas por enquanto não tivemos nenhuma solução de continuidade. A não ser aquele pronunciamento da empresa, que formalizou a saída do Maracanã", declarou.
O governador também garantiu que vai participar da campanha eleitoral de 2012 para a prefeitura da capital - devido à crise que enfrenta por causa do caso Cachoeira, já se especula que sua participação seria discreta, para não "contaminar" o prefeito Eduardo Paes, candidato à reeleição. "Eu subi (no palanque eleitoral de Paes) em 2008 e subirei em 2012. Claro que limitado ao tempo que me limita o cargo de governador. Mesmo para a minha reeleição, tive restrições legais para realizar campanha, em função do tempo que a lei exige. Mas evidente que, nos finais de semana, fora do horário de trabalho, estarei como eleitor e como militante entusiasmado pela reeleição do Eduardo Paes", afirmou.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário