Qual história cada presidenciável vai contar ao eleitor de 2014?
Nenhuma resposta definitiva, mas muito ensaios, Do "é preciso fazer mais" à "nova política", os motes estão em fase de testes. Nenhum foi aprovado. Por ora, são quatro candidatos em busca de uma narrativa. Mais precisamente, um bando de marqueteiros testando múltiplos roteiros. Tentativas e erros. Muitos erros.
Contar histórias é a mais humana das habilidades. É o que prende a atenção do público, especialmente numa campanha eleitoral. Candidato sem uma boa história para contar está liquidado antes de a campanha começar. Em 2010, Dilma Rousseff foi a "mulher de Lula", a "mãe do PAC", a "gerentona da continuidade". Para 2014 esses personagens não servem mais. O filme é outro.
A propaganda oficial ainda não mudou. Está presa aos acertos do passado. No horário do PT na TV, Dilma dividiu a tela com Lula, lado a lado, do mesmo tamanho. Impossível não comparar os dois.
Quem ganhou? Lula. Em 2010, ele avalizava a desconhecida Dilma. Agora Dilma é presidente, deve andar com as próprias pernas.
Na propaganda do PT, o cidadão é tratado explicitamente como consumidor. Ficou implícita a ideia de que a prosperidade se compra individualmente. De que a política não dá mais conta de soluções coletivas. Mas esse não é o discurso da oposição?
A propaganda do PSB foi centrada em seu presidenciável. Close após dose nos olhos azuis de Eduardo Campos, o narrador da história.
Como escreveu Roberto Jefferson (PTB), o governador ficou parecendo mais holandês do que pernambucano. Clipes de contrastes sociais, de avanços e atrasos, culminam com a conclusão do narrador-candidato: "É preciso fazer mais".
Alguém já disse isso... Ah, foi José Serra (PSDB), em 2010.
Segue o aliado-opositor: "É preciso contrariar os interesses da velha política. Cargo público tem de ser ocupado por quem tem capacidade, mérito, sobretudo espírito de liderança. E não por um incompetente que é nomeado somente porque tem um padrinho político forte". Quem quiser que vista a carapuça.
Nas palavras de Campos, as conquistas do passado são coletivas, sem protagonista. Foram tanto de Luiz (Inácio) quanto de Fernando (Henrique) e de Miguel (Arraes), Mas não de Dilma, que não é citada pelo nome. Já o futuro tem dono: "O Brasil precisa dar um passo adiante. E nós do PSB vamos dar esse passo, junto com o Brasil". Faltou dizer como.
O céu político está repleto de balões, subindo e descendo nas correntes da opinião pública, impulsionados por manchetes, likes e tuitaços. Um dos que furaram, antes de alçar voo foi o fim da reeleição, assoprado por Aécio Neves (PSDB-MG). Acabou abatido pelo próprio patrono da candidatura do tucano, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mais que previsível, já que FHC foi o pai da ideia.
Mesmo que tivesse flutuado, o balão estava condenado à brevidade. Bastaria algum gaiato lembrar que, por tabela, Aécio estaria propondo um ano a mais para José Genoino (PT) na Câmara.
Mineiro, o senador pulou de pronto para outro palanque, o da Força Sindical, na comemoração do 1° de Maio. E mudou de discurso. Ou melhor, voltou a explorar o efeito tomate. Culpou Dilma pela inflação - frase sim, outra também. Mas não falou nada sobre a proposta dos anfitriões de reindexar salários. Sobre isso, só se pronunciou quando foi indagado, já fora do palanque: é contra, mas a culpa não é de Paulinho da Força, o autor da ideia, é de Dilma. Ah? Está no script.
E Marina Silva? Não tem palanque, não tem horário de TV, não tem cargo, não tem partido. Só tem a narrativa - de 2010.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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