segunda-feira, 6 de maio de 2013

Desventuras em série - Denise Rothenburg

Este primeiro semestre promete deixar o governo Dilma Rousseff com um gosto amargo na boca no que se refere à apreciação de temas importantes no Congresso, Até aqui, na lista de propostas importantes para o Planalto, nada saiu de acordo com os desejos presidenciais. Para completar, o que vem pela frente vai no mesmo caminho.

De março para cá, o projeto mais importante aprovado foi a PEC das Domésticas, cujo texto o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fez questão de ressaltar como um feito do parlamento. Tanto é que, no 1º de Maio, sobrou para Dilma anunciar uma nova tentativa de destinar os royalties do petróleo à educação, um projeto que, aliás, já havia naufragado recentemente no Congresso. Quanto à emenda à Constituição que vai melhorar os rendimentos e dar mais organização ao trabalho doméstico, o mérito já estava estampado na testa dos parlamentares, uma vez que a iniciativa foi de uma deputada, Benedita da Silva (PT-RJ), e a celeridade na votação foi promovida pelos presidentes das duas Casas, não por pressão do governo.

Em relação aos próximos dois meses até o recesso legislativo de julho, as perspectivas não são das melhores. Esta semana, por exemplo, será crucial para o governo Dilma Rousseff mostrar o comando sobre a base parlamentar. Será a hora de tentar contornar a iminente derrota na Medida Provisória nº 595, que fixa o novo marco regulatório para o setor portuário. O desafio é grande porque, conforme dissemos aqui ontem, os congressistas escolheram esse tema para dar um recado de insatisfação ao governo.

Mas não é apenas aí que mora o perigo. O projeto do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que começou como uma grande promessa para esta temporada legislativa, perdeu força e ninguém aposta que vá sair dentro daquilo que desejava o governo. No geral, avaliam os próprios congressistas, tudo o que o governo listou como prioridade não consegue caminhar a contento.

Os motivos para que isso ocorra são os mais variados. Além, obviamente, dos problemas normais de mérito, há a má vontade e a ação deliberada para mostrar que Dilma não vai resolver as coisas no grito ou na queda de braço. A esperança dos políticos é a de que, até sexta-feira, isso fique translúcido para o Planalto. Veremos.

Enquanto isso, no PT...

O presidente do partido, Rui Falcão, não pode se queixar de sua estada em Brasília no fim de semana. Saiu da cidade com o apoio da terceira maior força petista, o Movimento PT , à sua reeleição. Somadas as facções fechadas com ele, Falcão tende a ficar com dois terços dos votos para o Processo de Eleição Direta (PED) de novembro, conforme antecipamos aqui na sexta-feira. O Movimento PT vai trabalhar para conquistar a Secretaria-Geral petista enquanto Falcão terá mais tranquilidade para cuidar dos palanques estaduais de Dilma Rousseff. E trabalho nessa seara não falta.

Enquanto isso, no PSB...

Eduardo Campos entrou na “muda” porque não quer dar motivos para o PT dizer que está fazendo farol aos oposicionistas. Por isso, não foi ao encontro do PPS no mês passado nem ao 1º de Maio da Força Sindical. Quanto à feira agropecuária, a Expozebu em Uberaba, houve quem dissesse que não era de bom tom ficar ali, no meio, entre Dilma e o senador Aécio Neves (PSDB-MG). A próxima investida do governador, segundo seus aliados, será em junho, mês das festas tradicionais nordestinas. Ali, sim, ele estará “em casa”.

Fonte: Correio Braziliense

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