“O que mais me inquieta é a injustiça social gritante que consiste no fato de os custos socializados do malogro do sistema atingirem da maneira mais dura os grupos sociais vulneráveis. Agora a massa dos que já não constam de todo modo dos ganhadores da globalização é mais uma vez cobrada pelas consequências, sentidas na economia real, de um distúrbio funcional previsível do sistema financeiro. E isso não como com os proprietários de ações, em valores monetários, mas na moeda dura da sua existência cotidiana. Também em escala global esse destino castigador aflige os países economicamente mais fracos. É um escândalo político. Mas eu considero uma hipocrisia apontar o dedo agora para os bodes expiatórios. Mesmo os especuladores se comportaram, no quadro das leis, de maneira consequente, segundo a lógica socialmente reconhecida da maximização dos lucros. A política se torna irrisória se ela moraliza em vez de apoiar-se no direito de coerção do legislador democrático. Ela, e não o capitalismo, é responsável pela orientação do bem comum.”
Jürgen Habermas, Entrevista realizada por Thomas Assheuer e publicada em 6 de novembro de 2008 no semanário Die Zeit (p.53). Título original “Nash dem Bankrott”. .[Cf. Sobre a constituição da Europa, São Paulo, Unesp, 2012].
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