• Miguel Rossetto vai para Secretaria-Geral, e Carlos Guedes, para o MDA
Simone Iglesias e Fernanda Krakovics – O Globo
BRASÍLIA- Como forma de tentar minimizar a insatisfação da esquerda do PT por convidar o ortodoxo Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e a presidente da Confederação Nacional da Agricultura, senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), para a Agricultura, a presidente Dilma Rousseff resolveu antecipar para quinta-feira o anúncio dos petistas Miguel Rossetto para a Secretaria-Geral e de Carlos Guedes de Guedes para o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Dilma também deve manter José Eduardo Cardozo no Ministério da Justiça, apesar do desejo dele de ser indicado para a vaga deixada por Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal (STF).
Rossetto e Guedes integram a Democracia Socialista, corrente mais à esquerda do PT e crítica à indicação de Levy e Kátia. Rossetto está no Desenvolvimento Agrário e passou a integrar o núcleo político de Dilma durante a campanha eleitoral. Sua ida para o Planalto era dada como certa pela proximidade com a presidente. Guedes é presidente do Incra e afilhado político de Rossetto.
No caso do Ministério da Justiça, pessoas próximas a presidente afirmam que ela não quer mexer na pasta "no meio do furacão" da Operação Lava-Jato, que investiga esquema de desvio de dinheiro na Petrobras.
Além disso, a indicação de Cardozo para o STF, que precisaria ser aprovada pelo Congresso em votação secreta, enfrenta resistência do PMDB. Os peemedebistas não engoliram a revista feita pela Polícia Federal, durante a campanha eleitoral, em avião da comitiva do senador Lobão Filho (PMDB-MA), que disputou o governo do Maranhão.
Wagner cotado para Comunicações
Dilma marcou para a próxima quinta-feira a oficialização da nova equipe econômica, liderada por Joaquim Levy, Nelson Barbosa, Alexandre Tombini e Armando Monteiro. Pressionada pelas críticas públicas de petistas, incluiu nessa primeira leva Rossetto e Guedes.
Cotado para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), que acabou indo para Monteiro, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), foi avisado por Dilma na semana passada que ela daria o ministério a um empresário. Ontem à noite, ele se reuniu com a presidente no Palácio do Planalto. Interlocutores palacianos afirmaram que Wagner poderia ir para o Ministério das Comunicações.
Além de ter que equacionar um começo de crise com o PT, Dilma começou a negociar espaços com o PMDB. Os dirigentes do partido reagiram à decisão da presidente de convidar Kátia Abreu sem avisar nem ao menos o vice-presidente Michel Temer, que é também presidente nacional do PMDB.
Ontem pela manhã, no Palácio da Alvorada, a presidente recebeu o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e fez elogios ao ministro do Turismo, Vinícius Lages, sinalizando anunciar sua permanência na pasta. Lages é aliado do presidente do Senado. Renan, no entanto, afirmou que qualquer definição sobre o Ministério tem que ser discutida com o partido e não apenas com ele.
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