• 'A questão central é que o presidente do PMDB e vice-presidente da República, no entendimento do PSDB, se afasta definitivamente do governo', disse
Isabela Bonfim e Ricardo Brito - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou nesta terça-feira, 8, que a carta do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), na qual faz duras críticas à presidente Dilma Rousseff, é um claro sinal de rompimento entre os dois. “A questão central é que o presidente do PMDB e vice-presidente da República, no entendimento do PSDB, se afasta definitivamente do governo”, disse.
O tucano criticou, no entanto, o tom “fisiológico” usado por Temer no documento. “Talvez fosse mais apropriado discutir na carta mais questões do País que assuntos de caráter pessoal e interno”, afirmou Aécio. Segundo ele, o vice perdeu a oportunidade de se colocar como estadista num momento de crise e preferiu demonstrar preocupação com cargos: “Acho que houve ali um destaque excessivo para nomeação ou ausência de nomeações”.
No texto, Temer reclama que a presidente não renovou no segundo mandato a Secretaria da Aviação Civil, que era ocupada por um de seus aliados, Moreira Franco (PMDB-RJ). Também se queixa de que a presidente nomeou este ano dois ministros indicados pelo líder da bancada peemedebista na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), sem consultá-lo.
O presidente do PSDB também disse que verá com “calma” a acusação de que Temer também assinou decretos com gastos extraordinários do Orçamento – um dos principais argumentos para o processo de impeachment de Dilma. “Não estou pensando em entrar com pedido de investigação ainda”, disse. “É um assunto que veremos mais adiante.” A posição de Aécio diverge da opinião do líder da minoria no Senado, Alvaro Dias (PSDB-PR), que vai levar o caso ao Tribunal de Contas da União (TCU).
PMDB. Até mesmo entre peemedebistas, houve críticas ao conteúdo da carta de Temer. As principais reclamações partiram dos senadores do partido, cuja maioria ainda se encontra mais afinada com a presidente. “Acho que Michel fez seu próprio impeachment”, disse uma liderança. Um dirigente da Executiva do PMDB que encontrou-se com Temer ontem avaliou que o vice demonstrou-se “agoniado” e “apreensivo” com a repercussão negativa da carta na opinião pública.
Em Paris, onde participa da 21.ª Conferência do Clima (COP21) das Nações Unidas, a ex-ministra Marina Silva (Rede) avaliou que a carta enviada pelo vice-presidente “oficializa” a ruptura com Dilma e os dois partidos, PT e PMDB, o que, segundo ela, “na prática já ocorreu”. Para Marina, Temer também é responsável pelas pedaladas fiscais. / Colaboraram Andrei Netto e Giovana Girardi, Enviados especiais a Paris.
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