Investigado na Lava- Jato, o expresidente Lula tem hoje encontro com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB- AL), e o ex- senador José Sarney para tentar evitar o rompimento entre o PMDB e o governo Dilma. Cresce no Planalto a preocupação com o impeachment.
Investigado, Lula reage e assume articulação contra impeachment
• Ex- presidente chega a Brasília, chama Sarney e atua junto ao PMDB
Simone Iglesias, Isabel Braga Leticia Fernandes - O Globo
BRASÍLIA- Com o aumento da pressão no PMDB pelo rompimento com a presidente Dilma Rousseff, cresceu no Palácio do Planalto a preocupação com o processo de impeachment. Ontem pela manhã, em reunião da coordenação política, Dilma avaliou que a situação do governo é “difícil”, porque os partidos aliados poderão acabar se afastando, assim como os peemedebistas, levados pelas manifestações de domingo e pelo desgaste contínuo de sua gestão.
No quadro de tensão e incertezas, o ex-presidente Lula desembarcou em Brasília para assumir a articulação junto ao PMDB e discutir com a presidente mudanças na agenda econômica que tenham impacto imediato. Investigado na Operação Lava- jato, Lula se reuniu ontem à noite com Dilma e alguns ministros, e hoje toma café da manhã na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB- AL), com o ex- presidente José Sarney e o comando do PMDB do Senado, mais alinhado com o governo.
— A semana está afetada pelas manifestações de domingo. Preocupação ( com o impeachment) tem e há uma agenda de conversas com a base. É preciso agir no campo institucional — disse um auxiliar da presidente.
“Faca no pescoço”
Lula assumiu a articulação política junto ao PMDB do Senado, que passou a ter papel decisivo no rito do impeachment determinado pelo Supremo Tribunal Federal ( STF), dias depois de ser levado a depor pela Polícia Federal, que investiga se ele foi ou não beneficiado pelo esquema de corrupção na Petrobras. Ontem, os advogados do ex- presidente apresentaram recurso ao STF, contra decisão da ministra Rosa Weber que validou a 24 ª fase da Lava- Jato.
A convenção do PMDB, marcada para a véspera das manifestações de domingo, reforça o sentimento no governo de que será difícil recompor com o principal aliado. Até ontem, apesar da ação de Lula, não havia no horizonte de Dilma a possibilidade de uma conversa com o vice-presidente, Michel Temer.
Ontem pela manhã, depois da reunião com Dilma, o ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) reuniu os líderes da base. O ministro teria dito que é importante tirar essa “faca do pescoço” do governo e pediu equilíbrio aos líderes. Segundo relato de um participante, Berzoini afirmou que o governo costuma ter entre 280 e 300 votos, dependendo do tema das votações. A maioria dos líderes se posicionou a favor de enfrentar o quanto antes o processo de afastamento na Casa.
— Esse filme está no pause, bota o play e deixa tocar, a vida tem que continuar — afirmou o deputado Hugo Leal (PROS- RJ).
Na reunião, o líder do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB), sugeriu que Dilma convoque o Conselho da República para tratar da crise enfrentada pelo país.
Para discutir o agravamento da crise política e econômica que o governo enfrenta, Lula e Dilma se reuniram, no Palácio da Alvorada, com os ministros Jaques Wagner ( Casa Civil) e Berzoini, além do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, que participou de parte do encontro.
Já a cúpula do PSDB se reunirá amanhã com caciques do PMDB para discutir os possíveis cenários sobre o afastamento da presidente. O encontro será em um jantar na casa do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). (Colaborou Júnia Gama)
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