Com adesão menor do que em outras ocasiões, manifestações tomaram ontem as ruas do país. Em 20 estados e no DF, houve atos a favor do impeachment e em 15, contra o governo Temer. No Rio e em São Paulo, onde não foram divulgadas estimativas oficiais de público, cartazes em inglês criticavam a corrupção e pediam a saída de Dilma.
Protestos tomam ruas em 20 estados
• Manifestações contra e a favor do impeachment tiveram menos adesão que nas vezes anteriores
- O Globo
-RIO, SÃO PAULO E BRASÍLIA- A cinco dias do início oficial da Olimpíada e com o Brasil no foco da imprensa internacional, o país viveu ontem nova onda de protestos a favor do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, e contra o governo do presidente interino, Michel Temer. Houve manifestações em pelo menos 20 estados e no Distrito Federal, que reuniram menos pessoas do que em atos anteriores. Nas principais capitais, sequer houve estimativa oficial de participantes.
As passeatas contra Dilma aconteceram em 20 estados e no DF. A Polícia Militar não informou estimativas de público nos dois maiores atos: Rio e São Paulo. No Distrito Federal, sete mil pessoas foram às ruas, segundo a PM. Em 17 de abril, quando a Câmara dos Deputados votou a admissibilidade do processo de impeachment, foram 53 mil, segundo a PM. Já os protestos contra Temer ocorreram em 15 estados.
No Rio, manifestantes se concentraram na orla de Copacabana para protestar a favor do impeachment de Dilma. Levaram faixas em inglês, atraindo a atenção da imprensa internacional e de turistas que vieram para a Olimpíada.
— Os olhos do mundo estão no Rio. As manifestações estão acontecendo por todo o país. Com as faixas em inglês aqui, queremos dizer para o mundo que não está acontecendo nenhum golpe. Queremos o fim da corrupção — explicou Adriana Balthazar, do Vem Pra Rua, principal movimento que organizou os protestos no país contra Dilma e o PT.
Quatro carros de som participaram da manifestação, que contou com bonecos infláveis representando o ex-presidente Lula vestido de presidiário, e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski. No alto de um carro de som, havia um cartaz com o desenho da presidente afastada com nariz do personagem Pinóquio.
Sabatella hostilizada
Na maioria dos atos não houve incidentes. Mas, em Curitiba, a atriz Letícia Sabatella foi hostilizada por manifestantes favoráveis ao impeachment de Dilma. Conhecida por se posicionar publicamente contra o afastamento da presidente, ela foi xingada e precisou de proteção policial ao passar pelo grupo de manifestantes.
Em São Paulo, houve atos a favor de Dilma e contra o governo Temer. Sem o apoio de todos os movimentos que são a favor do impeachment, grupos contra o PT se reuniram na Avenida Paulista, região central de São Paulo. Além de pedir a saída de Dilma e a prisão de Lula, o protesto foi uma exaltação do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato.
Bonecos que representam o juiz de primeira instância como um super-herói, com capa e símbolo no peito, eram vendidos a R$ 10. Do alto do trio elétrico do Vem Pra Rua, um manifestante puxou um “Parabéns a você” para Moro, dizendo que o magistrado faria aniversário hoje (segunda-feira). Pessoas a favor de intervenção militar e até da volta da monarquia também foram à Paulista.
Em outro ponto da capital paulista, no Largo da Batata, Zona Oeste, a Frente Povo Sem Medo, que congrega diversos movimentos sociais, reuniu manifestantes contra o impeachment de Dilma. Eles saíram em passeata até a frente do escritório do presidente interino, próximo à Praça Pan-Americana, onde gritaram “Fora, Temer”. A Frente Povo Sem Medo, que organizou o ato, estima que 60 mil pessoas compareceram. Em 17 de abril, os organizadores estimaram em 200 mil os presentes.
Em Brasília, cerca de 7 mil pessoas, segundo os organizadores e a PM, protestaram em frente ao Congresso pedindo o impeachment de Dilma. O ato também teve palavras de ordem contra Lula e a favor de Moro.
Além das faixas pedindo a saída de Dilma, manifestantes criticaram o projeto contra abuso de autoridade apoiado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, e comemoraram a decisão da Justiça que tornou Lula réu em processo por obstrução de Justiça. Temer foi citado poucas vezes, mas não foi criticado.
Também ontem, houve um protesto pró-Dilma e contra Temer em Planaltina, a 60 quilômetro de Brasília. O GLOBO não conseguiu contato com os organizadores ou a PM sobre a manifestação. (Com G1)
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