- Folha de S. Paulo
Poucas figuras são tão constantes nas relações humanas quanto a do inimigo. De Sun Tzu a Oscar Wilde, de cosmogonias dualistas a letras de rock, o conhecimento do adversário e de seu potencial simbiótico permeia a história.
É fascinante ver como o lulismo logrou manipular em seu favor a figura do antagonista. Até 2002, era o "nós contra eles", interrompido pelo Lulinha paz e amor, só para ser sacado sempre que a vitimização ou demonização se faziam necessárias.
O mais recente exemplo vem de Porto Alegre, onde o prefeito do MBL, digo, do PSDB resolveu pedir que o Exército e a Força Nacional impeçam algo como uma horda sanguinária de saquear a cidade durante o julgamento do recurso de Lula no dia 24, como se estivesse na Bagdá cercada pelos mongóis em 1258.
O prefeito caiu como um pato nas provocações de irresponsáveis apoiadores de Lula, um séquito misto de acólitos e réus, condição que encontra um resumo na presidente do PT.
Além de inconstitucional, o pedido de Marchezan Jr. é patético, ainda mais quando forças federais estão sobrecarregadas pelos fardos da insegurança pública. O circo anunciado pelo PT não parece demandar mais que simples operação policial.
Claro, o lado petista sempre forçou a barra, falando nos "exércitos do Stédile" e do "povo na rua" e outra tolices. O incrível é comprar isso pelo seu valor de face, como o próprio Planalto ameaçou fazer.
As prováveis confirmação de condenação e punição eleitoral do petista causarão alvoroço, mas bem menos do que os seus fiéis vendem.
Como a apatia do pós-impeachment e corte do oxigênio do imposto sindical às antes ameaçadoras "manifestações populares" demonstram, a chance de o Brasil vir abaixo porque "eleição sem Lula é golpe" é algo tão provável quanto o DEM ter candidato viável à Presidência.
Eis mais um legado dos anos Lula: uma oposição primária e reativa, que faz o jogo de seus inimigos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário