- O Globo
Cada movimento do novo presidente será divulgado, analisado e criticado pelos veículos brasileiros
Jair Bolsonaro foi eleito democraticamente pela vontade da maioria da população brasileira e ganhou o direito de exercer o mandato que lhe foi conferido, sem qualquer questionamento político ou legal. A partir de agora deve ser chamado de presidente eleito, e do dia 1º de janeiro até o fim do seu mandato será o presidente do Brasil. Desde já, todos os seus passos e suas decisões deverão ser acompanhados, debatidos e virados do avesso pelos mesmos cidadãos que o elegeram e pelos que votaram em seu adversário. Para isso, os brasileiros podem contar coma imprensa de seu país. Bolso na rose rá vigiado e fiscalizado.
Esse é o papel dos jornalistas e do jornalismo. Desde a redemocratização, coma eleição de Tancredo/ Sarney, todos os presidentes do Brasil foram objeto de fiscalização permanente da imprensa. Nenhum deles, nem mesmo o primeiro eleito pelo voto direto, foi poupado pelo olhar crítico e independente dos jornalistas. Dois presidentes brasileiros foram afastados de suas funções pelo Congresso Nacional. Ambos foram objeto do escrutínio sem trégua da imprensa. Não será diferente com Bolsonaro. Cada movimento seu será divulgado, analisado e criticado pelos veículos brasileiros.
O Brasil assiste ao início da jornada de poder do presidente eleito coma incerteza que ele mesmo criou durante a campanha e até antes, ao longo dos seus múltiplos mandatos de deputado federal. Uma pesquisa do Datafolha, divulgada no sábado, mostra que a agenda dos brasileiros nem sempre se assemelha à de Bolsonaro. Se apoiam o combate mais rigoroso ao crime, querem (55%) que a venda de armas seja proibida. Por outro lado, afirmam (74%) que a homossexualidade deve ser aceita por todos e defendem (59%) salários iguais para homens e mulheres nas mesmas funções.
Mais do que isso, o brasileiro preza a sua democracia. Para 69%, é a melhor forma de governo. Apenas 13% disseram ao Datafolha, no dia 5 de outubro, que ditadura é melhor. Como o presidente eleito já disse que apoia a ditadura, é importante saber que os brasileiros, inclusive a maioria dos que votaram nele, pensam de maneira distinta. E quem afinal manda no país são os seus cidadãos. Ao lado dos cidadãos é que estará a imprensa.
Esse alinhamento natural não significa que jornalistas serão oposição ao presidente eleito. Claro que não. Este não é o papel da imprensa, quem faz oposição são partidos políticos. E oposição não faltará a Bolsonaro, embora esteja claro que ele vai conseguir fazer uma maioria parlamentar para governar. O papel da imprensa é informar. Quem cria os fatos que serão divulgados e criticados são os mandatários políticos. Esses merecem respeito, mas com eles não pode haver alinhamento.
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