- Folha de S. Paulo
Ataques iniciados na CPMI das Fake News são exibição de misoginia sem pudores
A CPMI das Fake News transformou-se, ao vivo, em produtora de seu objeto de investigação. Esse paradoxo acabou por dar utilidade à comissão, finalmente. Pois as mentiras proferidas na CPMI e reverberadas em redes sociais nas últimas horas são sim um ponto de inflexão.
Os ataques abjetos à jornalista Patrícia Campos Mello carregam aspectos importantes, e vale aqui destacar dois.
O primeiro é que o submundo emergiu em carne e osso. O que houve a partir da tarde de terça (11) não foi uma operação protagonizada por robôs. Eram fake news do mais baixo nível proferidas por gente que não sente necessidade de esconder a cara. Uma horda que se manifesta no microfone e na conta real do Twitter.
O comportamento covarde e furtivo de quem espalha fake news no Whatsapp agora tem sua versão pública. Assistir ao vídeo de Hans River do Rio Nascimento mentindo sobre o comportamento de Patrícia é exercício de revirar o estômago. Frieza e caráter aparecem em proporções muito desequilibradas no depoimento.
Ato seguinte, e não há surpresa nisso, entrou em ação o deputado Eduardo Bolsonaro, inflamando o ataque sórdido. Se alguém enxergar aqui uma estratégia de comunicação poderá concluir que a mentira de Hans tira do foco a busca pela verdade sobre a morte do miliciano Adriano.
O segundo aspecto é a misoginia sem pudores. O episódio todo não deixa nenhuma margem para dúvida: Patrícia está sendo atacada dessa forma porque é mulher.
Mesma conclusão pode ser tirada quando se observa o que ocorreu com outras jornalistas que, sem ter relação direta com a história, acabaram virando nas últimas horas alvo de agressões machistas —de novo, feitas abertamente.
Ao expor as fake news da campanha eleitoral, Patrícia acabou mostrando como agem brasileiros reais escondidos no cartão de memória do celular. Menos de dois anos depois, esse tipo de pessoa até aparece no vídeo.
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