sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Bernardo Mello Franco - Disputa no lamaçal

O Globo

Lula quer fechar igrejas, adotar o comunismo e implantar banheiros unissex nas escolas. As acusações parecem absurdas — e são. Mesmo assim, jogaram a campanha petista na defensiva a poucos dias das urnas.

Na quarta-feira, o ex-presidente cedeu à pressão de aliados e divulgou uma carta aos evangélicos. Usou o documento para rebater fake news e reafirmar seu compromisso com a liberdade religiosa.

Depois de governar o país por oito anos, Lula julgava desnecessário dizer que não representa uma ameaça aos cristãos. Foi convencido do contrário por pesquisas que mostraram os danos causados pelo bombardeio bolsonarista.

De acordo com o Datafolha, Bolsonaro abriu 38 pontos de vantagem entre os eleitores evangélicos, mais sensíveis à sua retórica ultraconservadora. A diferença cresceu sete pontos desde o início do segundo turno, quando o capitão dobrou a aposta na tática da guerra santa.

O PT já conhecia a máquina bolsonarista das fake news. Ela operou a pleno vapor em 2018, na campanha que elegeu o atual presidente. Quatro anos depois, o partido se mostra atônito com a virulência dos novos ataques.

“A verdade é a seguinte: ninguém estava preparado para enfrentar a monstruosidade dessa rede mentirosa”, disse Lula ontem, no Rio. O desabafo embute outra verdade incômoda para o PT: a sigla aprendeu pouco desde a última derrota eleitoral.

Aos 76 anos, Lula se diz um “cara analógico”, que se orgulha de não ter telefone celular. Isso não seria grave se seu partido tivesse se preparado para defendê-lo na arena digital.

Sem artilharia própria, o PT se viu obrigado a pedir socorro a um novo aliado: o deputado André Janones, que se notabilizou pelo estilo histriônico nas redes sociais. Os métodos do parlamentar contradizem outra afirmação que Lula fez ontem, referindo-se a Bolsonaro: “Nós não vamos entrar no lamaçal em que ele quer nos jogar”.

Os governistas não disfarçam a euforia com a degradação do debate eleitoral. Preferem combater na lama, onde o capitão chafurda com gosto desde que entrou na política. Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ministro Ciro Nogueira comemorou que Lula teria “se rendido” ao que ele chama de “pauta da família”. “O tema dessa campanha não é economia, são os temas propostos por Bolsonaro”, congratulou-se.

 

5 comentários:

Anônimo disse...

"O desabafo embute outra verdade incômoda para o PT: a sigla aprendeu pouco desde a última derrota eleitoral"

Acho qno PT aprendeu muito. Na verdade, existem 2 formas de se ganhar a eleição: honesta ou desonestamente.
Todos sabem q o genocida tenta comprá-la, tenta aterrorizar, amedrontar, humilhar, desumanizar, armar, impor...
É o q o pedófilo faz.
Difícil é ganhá-la com honestidade, com amor, destemor, brio... É assim q o PT faz.

Não é q o PT tenha aprendido pouco: é q o PT se recusa a usar os métodos vis do canalha da República e isso é confundido, pelo articulista, como "pouco aprendizado".

Anônimo disse...

O PT lida com bandidos. Empresários ameaçando demitir. Mentem q Lula fechará igrejas etc.
Bolsonaristas são bandidos.
Devem os empresários ligados ao Lula ameaçar ou mentir. Aí teriam "aprendido" de acordo com o autor.

Não, não nos rebaixamentos.

Anônimo disse...

Aprender isso nos transformaria em bandidos.
JAMAIS!

Anônimo disse...

Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

ADEMAR AMANCIO disse...

Xingamentos não resolvem nada,fiquem todos na paz.