Eliane Cantanhêde
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
BRASÍLIA - Israel alegou autodefesa para atacar a densa faixa de Gaza, foi apoiado pelos EUA e condenado mundo afora pela "reação desproporcional". Com a morte de líderes do Hamas e de mais de 800 palestinos (mais de duas centenas de crianças), é hora de recuar.Em guerras, perdem-se vidas, armamentos, infraestrutura, bilhões de dólares e, muitas vezes, amor-próprio. Mas Israel está jogando fora algo mais: a sua imagem.
Ao explodir uma escola da ONU, um caminhão de suprimentos da organização e provavelmente um abrigo para onde atraíra cem civis, Israel permite a suspeita de que não apenas combate um inimigo, mas perdeu o controle do próprio ódio.
E mais: ao confrontar a ONU, confronta o mundo. Isola-se.
Em entrevista ao "Guardian", jornal inglês, a alta-comissária de direitos humanos da ONU, Navi Pillay, defendeu que o Exército de Israel seja julgado por "crimes de guerra". A guerra acaba, mais cedo ou mais tarde, mas o julgamento, sobretudo moral, continua.
É importante defender o direito de existir do Estado de Israel e não cabe a comparação ofensiva entre as ações israelenses de hoje e os massacres nazistas de ontem contra os judeus. Mas o fato é que o ódio de Israel faz nascer, ou crescer, em diferentes regiões, o ódio a Israel.
São vários erros de cálculo do atual governo israelense: sair militarmente vitorioso, mas derrotado politicamente; fortalecido internamente para a eleição de fevereiro, mas enfraquecido internacionalmente. E a cúpula do radical e inconsequente Hamas sair aos frangalhos, mas aguando a semente de ódio das novas gerações e secando o poder moral e político da Autoridade Nacional Palestina.
Toda guerra produz vítimas, mas esta deixa para a história montanhas de corpos infantis, de um lado, e exércitos infantis prontos a tudo, do outro. Todos perdem, ninguém ganha. E o grande vitorioso pode ser o principal derrotado.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
BRASÍLIA - Israel alegou autodefesa para atacar a densa faixa de Gaza, foi apoiado pelos EUA e condenado mundo afora pela "reação desproporcional". Com a morte de líderes do Hamas e de mais de 800 palestinos (mais de duas centenas de crianças), é hora de recuar.Em guerras, perdem-se vidas, armamentos, infraestrutura, bilhões de dólares e, muitas vezes, amor-próprio. Mas Israel está jogando fora algo mais: a sua imagem.
Ao explodir uma escola da ONU, um caminhão de suprimentos da organização e provavelmente um abrigo para onde atraíra cem civis, Israel permite a suspeita de que não apenas combate um inimigo, mas perdeu o controle do próprio ódio.
E mais: ao confrontar a ONU, confronta o mundo. Isola-se.
Em entrevista ao "Guardian", jornal inglês, a alta-comissária de direitos humanos da ONU, Navi Pillay, defendeu que o Exército de Israel seja julgado por "crimes de guerra". A guerra acaba, mais cedo ou mais tarde, mas o julgamento, sobretudo moral, continua.
É importante defender o direito de existir do Estado de Israel e não cabe a comparação ofensiva entre as ações israelenses de hoje e os massacres nazistas de ontem contra os judeus. Mas o fato é que o ódio de Israel faz nascer, ou crescer, em diferentes regiões, o ódio a Israel.
São vários erros de cálculo do atual governo israelense: sair militarmente vitorioso, mas derrotado politicamente; fortalecido internamente para a eleição de fevereiro, mas enfraquecido internacionalmente. E a cúpula do radical e inconsequente Hamas sair aos frangalhos, mas aguando a semente de ódio das novas gerações e secando o poder moral e político da Autoridade Nacional Palestina.
Toda guerra produz vítimas, mas esta deixa para a história montanhas de corpos infantis, de um lado, e exércitos infantis prontos a tudo, do outro. Todos perdem, ninguém ganha. E o grande vitorioso pode ser o principal derrotado.
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