Diplomacia se faz por sinais, imprensa, cartas. Depois, vem o sub; mais adiante, o ministro; por fim, o encontro dos presidentes, com tudo acertado para dizer, assinar, sorrir.
Só foge desse script se Lula decide falar em "ponto G", como na entrevista com Bush, com os tradutores engasgados e o mundo boquiaberto.
Amorim marcou a inflexão brasileira na relação com Obama em agosto, elencando para a Folha os pontos de discórdia: tropas nas bases colombianas, fiasco da Rodada Doha de comércio, recuo na revisão de tarifas do etanol. Depois, voltou à carga, cobrando "franqueza" e falando de "frustração", e Marco Aurélio Garcia tascou uma "decepção". A lista engrossou: Honduras, Copenhague e Irã.
No caso Honduras, o Brasil correu para os EUA ("toma que o filho é teu"), mas querendo ensinar a embalar a criança. Agora, o acordo: interlocução com o eleito, Porfírio Lobo, só com salvo-conduto para Zelaya sair do país.
No de Copenhague, Lula se uniu a Sarkozy e foi buscar os desmobilizados países amazônicos para tomar a dianteira e confrontar os EUA. Mas Obama se mexeu e também jogou metas na mesa. E o Irã? Nem os EUA, a maior potência, nem a França, o maior aliado brasileiro, acreditam que o Brasil vá sensibilizar Ahmadinejad, e ambos rejeitam um "flerte". Mas o fato é que, na carta para Lula, Obama respalda o esforço brasileiro.
Em vez de condenação, há sugestões, até estímulo. Voltando à vaca fria, diplomacia se faz assim: o sub para a região, Arturo Valenzuela, estava ontem em Brasília; a chanceler Hillary Clinton está chegando; Obama vem aí no primeiro trimestre. No fundo, Lula, Amorim, Jobim, Garcia e Samuel latem, mas não mordem. E o "pitbull" sabe a força que tem.
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Virtual e real: o PMDB do Congresso fecha com Dilma, mas o PMDB de Minas e São Paulo não.
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