A presença de filiados do PT nas quebras de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB, entre elas uma filha do candidato posicionista José Serra, de par com as de grande número de outros contribuintes, ganhou as dimensões de um escândalo equivalente ao dos Aloprados, em 2006, e que, como este, poderá também empurrar o resultado da disputa presidencial para o 2º turno. Possibilidade cuja concretização dependerá de uma recuperação, significativa, dos índices de intenção de votos de Serra e de alguma queda dos de Dilma Rousseff. O que começaria a configurar-se nas próximas pesquisas. Tal recuperação teria de recolocar o candidato tucano à frente da disputa na Região Sul e em São Paulo, ademais de um equilíbrio ou menor desvantagem em Minas Gerais. Em condições, assim, de reduzir o peso da fragilidade de sua campanha e da grande superioridade da adversária nos estados do Nordeste, do Norte e, em grau menor, do Centro-Oeste.
A princípio tratando publicamente com desdém (“cadê esse tal de sigilo que ninguém sabe onde está”) e o deixando a cargo dos dirigentes do PT e de explicações técnicas do ministro da Fazenda Guido Mantega, o presidente Lula finalmente anteontem, em reunião com seu estado-maior político no Palácio do Planalto, cobrou “solução rápida do problema para que a oposição não continue a usá-lo como palanque eleitoral”. É que ele passou a preocupar-se com a ampla cobertura do escândalo por parte da televisão, especialmente da Globo, e dos principais veículos da mídia impressa. Reforçada pela extensão da quebra de sigilo com objetivos políticos de agências da Receita Federal no ABC paulista para a da cidade mineira de Formiga, na Grande Belo Horizonte, praticada também por funcionário filiado ao PT. A preocupação manifestada por Lula deve ter refletido sinais de desgaste do partido e de sua candidata presidencial em pesquisas qualitativas promovidas pelo próprio Planalto. E a “solução rápida” por ele recomendada não significa obviamente uma verdadeira apuração do escândalo mas uma resposta que proteja o governo, a campanha de Dilma e, se possível, o PT.
Mas a possibilidade de uma reversão das pesquisas sobre a corrida presidencial que adie a decisão para o 2º turno, como a que ocorreu quatro anos atrás em benefício de Geraldo Alckmin, é pouco provável em face da combinação de bons indicadores econômicos – inflação sob controle, crescimento do PIB e do emprego - com enorme popularidade de Lula, inclusive na periferia das regiões metropolitanas do centro-sul do país e com sua capacidade, já plenamente comprovada, de alto grau de transferência dessa popularidade para Dilma Rousseff. Tudo isso num contexto qualificado em inglês de feel good factor, fator de bem-estar social.
Bem maior probabilidade de efeito do escândalo das quebras de sigilo fiscal – mais uma e grave evidência de criminoso aparelhamento partidário da máquina federal – é o de contenção da ofensiva comandada pelo presidente Lula, na fase final das campanhas eleitorais deste ano, para um salto quantitativo das bancadas petistas na Câmara e no Senado. Ofensiva a que procuram vincular-se candidaturas do partido a cargos de voto majoritário de reduzida competitividade, como a de Aloizio Mercadante, em São Paulo. Mas que deverá refluir, sem a onda lulista projetada e o salto pretendido dessas bancadas nas regiões Sudeste e Sul (nem o ganho de competitividade de tais candidaturas) em face da associação que amplos segmentos da sociedade passam a fazer entre o novo escândalo e outros praticados anteriormente por petistas que estavam menos vivos na memória coletiva, como os Mensalão e dos Aloprados.
A contenção ou esvaziamento da referida ofensiva interessará não só à oposição (em São Paulo, Minas, na região Sul e em vários estados onde ela é competitiva nos pleitos majoritários e proporcionais, como Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Pará), mas também ao PMDB, na disputa que trava com o PT pela eleição de maiores bancadas nas duas Casas do Congresso.
Jarbas de Holanda é jornalista
A princípio tratando publicamente com desdém (“cadê esse tal de sigilo que ninguém sabe onde está”) e o deixando a cargo dos dirigentes do PT e de explicações técnicas do ministro da Fazenda Guido Mantega, o presidente Lula finalmente anteontem, em reunião com seu estado-maior político no Palácio do Planalto, cobrou “solução rápida do problema para que a oposição não continue a usá-lo como palanque eleitoral”. É que ele passou a preocupar-se com a ampla cobertura do escândalo por parte da televisão, especialmente da Globo, e dos principais veículos da mídia impressa. Reforçada pela extensão da quebra de sigilo com objetivos políticos de agências da Receita Federal no ABC paulista para a da cidade mineira de Formiga, na Grande Belo Horizonte, praticada também por funcionário filiado ao PT. A preocupação manifestada por Lula deve ter refletido sinais de desgaste do partido e de sua candidata presidencial em pesquisas qualitativas promovidas pelo próprio Planalto. E a “solução rápida” por ele recomendada não significa obviamente uma verdadeira apuração do escândalo mas uma resposta que proteja o governo, a campanha de Dilma e, se possível, o PT.
Mas a possibilidade de uma reversão das pesquisas sobre a corrida presidencial que adie a decisão para o 2º turno, como a que ocorreu quatro anos atrás em benefício de Geraldo Alckmin, é pouco provável em face da combinação de bons indicadores econômicos – inflação sob controle, crescimento do PIB e do emprego - com enorme popularidade de Lula, inclusive na periferia das regiões metropolitanas do centro-sul do país e com sua capacidade, já plenamente comprovada, de alto grau de transferência dessa popularidade para Dilma Rousseff. Tudo isso num contexto qualificado em inglês de feel good factor, fator de bem-estar social.
Bem maior probabilidade de efeito do escândalo das quebras de sigilo fiscal – mais uma e grave evidência de criminoso aparelhamento partidário da máquina federal – é o de contenção da ofensiva comandada pelo presidente Lula, na fase final das campanhas eleitorais deste ano, para um salto quantitativo das bancadas petistas na Câmara e no Senado. Ofensiva a que procuram vincular-se candidaturas do partido a cargos de voto majoritário de reduzida competitividade, como a de Aloizio Mercadante, em São Paulo. Mas que deverá refluir, sem a onda lulista projetada e o salto pretendido dessas bancadas nas regiões Sudeste e Sul (nem o ganho de competitividade de tais candidaturas) em face da associação que amplos segmentos da sociedade passam a fazer entre o novo escândalo e outros praticados anteriormente por petistas que estavam menos vivos na memória coletiva, como os Mensalão e dos Aloprados.
A contenção ou esvaziamento da referida ofensiva interessará não só à oposição (em São Paulo, Minas, na região Sul e em vários estados onde ela é competitiva nos pleitos majoritários e proporcionais, como Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Pará), mas também ao PMDB, na disputa que trava com o PT pela eleição de maiores bancadas nas duas Casas do Congresso.
Jarbas de Holanda é jornalista
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