quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Serra avisa aliados que não disputará Prefeitura

Considerado o nome mais forte do PSDB para a disputa da Prefeitura de São Paulo, o ex-governador José Serra informou oficialmente a aliados que não concorrerá. A decisão torna praticamente certa a realização de prévias para escolha do candidato tucano em março. A tendência é de que o grupo de Serra comece a trabalhar pelo secretário da Cultura, Andrea Matarazzo, que quer disputar as prévias

Serra comunica ao PSDB que está fora da disputa à Prefeitura de São Paulo

Em reunião no domingo, tucano deixou claro que perseguirá plano de concorrer à Presidência; decisão foi repassada a Alckmin, mas dirigentes nacionais do PSDB ainda vão insistir em candidatura

Julia Duailibi, Alberto Bombig e Gustavo Uribe

Depois de meses de pressão para que entrasse na disputa pela Prefeitura de São Paulo, o ex-governador José Serra (PSDB) reuniu o seu grupo de aliados mais próximos e informou em tom solene que não será candidato na eleição municipal deste ano.

O anúncio foi feito por Serra aos seus principais colaboradores no domingo passado, na casa do ex-presidente municipal do PSDB, José Henrique Reis Lobo, e na presença do ex-governador Alberto Goldman, do senador Aloysio Nunes Ferreira e do deputado Jutahy Júnior (BA). O grupo já trabalha num plano B para a eleição na capital.

Em razão da pressão dos tucanos, que o queriam na disputa para trazer o PSD, do prefeito Gilberto Kassab, o ex-governador resolveu chamar os interlocutores e dizer claramente que não concorrerá a prefeito e que está interessado nas questões nacionais. Serra também atendeu a um apelo de Geraldo Alckmin. O governador queria uma posição de seu antecessor antes das prévias do PSDB, em março.

Apesar de já ter dito publicamente que não entraria na corrida, seu partido ainda tinha a esperança de que ele pudesse rever a posição e o pressionava publicamente para isso. A direção nacional do PSDB ainda planeja uma ofensiva para convencer Serra a disputar o cargo.

O Estado apurou que a decisão de Serra foi levada a Alckmin, que também contava com a possibilidade de ele reavaliar sua posição. O ex-governador é considerado o nome mais forte do PSDB na disputa, e a entrada dele no páreo libertaria Alckmin de ter de "carregar", segundo expressão usada por tucanos, um novato na campanha.

"Estou convicto de que ele não será candidato. Para mim, esse assunto está liquidado", afirmou Goldman. "Ele manifestou no encontro que, a partir de agora, se focará ainda mais nas questões nacionais porque o seu projeto é nacional", declarou outro participante da reunião.

De acordo com aliados, o ex-governador acha que, se entrar na disputa, passará a campanha dizendo que não renunciará para alcançar outro cargo - ele deixou a Prefeitura em 2006 para concorrer ao governo estadual e, depois, em 2010 saiu do Bandeirantes e se lançou à Presidência.

Com essa decisão, Serra reitera sua disposição de insistir com o projeto presidencial novamente, agora em 2014. Ele tem afirmado que a alta rejeição a seu nome, conforme as últimas pesquisas de intenção de voto para prefeito, mostra que a população avalia que ele não quer ser prefeito, aumentando assim o risco de ele perder a eleição.

A decisão de Serra de não concorrer torna as prévias para escolher o candidato tucano, marcadas para março, praticamente incontornáveis. O grupo do ex-governador, no entanto, gostaria de prorrogar o prazo da escolha, mas Alckmin não aceita a manobra. Sem o ex-governador, seus aliados vão insistir para viabilizar o plano Afif: o apoio do PSDB à candidatura do vice-governador Guilherme Afif Domingos (PSD), ligado a Kassab, em troca da indicação do vice.

Essa saída, porém, encontra a resistência dos aliados do governador - o próprio Alckmin já deu entrevistas descartando a possibilidade de o PSDB não ter um candidato na cabeça de chapa. Na quarta-feira, 18, o governador afirmou que ainda trabalha para ter o PSD na aliança, mas, segundo interlocutores, a real preocupação de Alckmin é com o DEM, que ameaça migrar para o PMDB.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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