Pré-candidatos das oposições se mostram afiados para o embate contra o senador Humberto e a imposição da cúpula do PT
Débora Duque
O discurso da oposição no Recife contra seu mais novo concorrente já está pronto. Sem desmerecer o peso político do senador Humberto Costa (PT), todos são unânimes em reconhecer que as fraturas sofridas pelo PT tornaram a campanha deste ano favorável para o grupo. E, na tentativa de potencializar as “vantagens” do momento, os quatro pré-candidatos oposicionistas sinalizaram ontem que devem explorar, ao máximo, três elementos presentes no embate petista: a pecha de candidato biônico, atribuída a Humberto, o processo “anti-democrático” pelo qual sua candidatura foi imposta e, claro, todo o tiroteio promovido por petistas contra petistas ao longo dos últimos dois meses.
A reação da oposição foi rápida. Tão logo espalhou-se a notícia de que o prefeito João da Costa havia abandonado a reunião da Executiva nacional do PT, em São Paulo, o deputado federal Raul Henry (PMDB) divulgou um vídeo na internet, no qual classificava como “deplorável” a briga do PT e afirmava que o partido havia “rasgado” sua história de democracia interna. “O candidato foi imposto de fora para dentro e, numa cidade importante como o Recife, é preciso respeitar o pronunciamento dos militantes”, completou o peemedebista.
Seguindo um tom ainda mais agressivo que o de Henry, o deputado federal Mendonça Filho (DEM) afirmou que a homologação de Humberto Costa como candidato foi “a coisa mais aberrante da história política de Pernambuco”. “Passaram por cima do prefeito. É o chamado centralismo stalinista. Quando o comitê central do PT não quer, não tem força que possa segura uma decisão contrária”, criticou. De acordo com o prefeiturável, o novo candidato petista precisará dar duas explicações ao eleitor recifense. “A primeira é a própria gestão do PT. Ele vai se opor? Ele é co-responsável pela gestão. E a segunda é a forma tratorada como ele se tornou candidato. Tem uma máxima que, em política, tudo que você precisa explicar, complica”, disse.
Já o deputado estadual Daniel Coelho (PSDB) aposta que o desfecho da celeuma petista serviu para impulsionar o “sentimento de mudança” na cidade. E, assim como Mendonça, lembra que Humberto precisará a defender a gestão à qual seu grupo político atacou nos últimos meses. “Humberto é o Costa dois. Ele vai ter que defender esse governo que foi feito a várias mãos, inclusive, pelas dele”, ponderou.
O mais otimista da oposição foi o ex-deputado Raul Jungmann (PPS). Para ele, o cenário atual não constava nem nos “melhores sonhos” do grupo. “O PT rasgou a democracia e escolheu um candidato biônico. A cúpula do PT fez uma opção pela derrota e nos deu um presente”, provocou. Apesar da confiança exacerbada, o pós-comunista propôs que os quatro prefeituráveis da oposição sentem à mesa, abandonem projetos pessoais e lancem, no máximo duas candidaturas para fortalecer o grupo. À exceção do próprio Jungmann, todos se mostraram dispostos ao diálogo, mas não a desistir de suas respectivas postulações, sob o argumento de que os preparativos para a campanha já estão em estágio bastante avançado para haver qualquer recuo. A expectativa é de que, pelo menos, haja uma redução para três candidaturas.
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Nenhum comentário:
Postar um comentário