Executiva Nacional do partido decidiu, ontem, pelo nome do senador para disputar a prefeitura, sem prévias. Sileno Guedes, presidente do PSB estadual, deve ser o vice na chapa. Prefeito João da Costa ainda pode recorrer.
João da Costa derrotado por Humberto no tapetão
PT x PT Como já era previsto, Executiva nacional impõe nome do senador para a disputa no Recife. Prefeito avalia se recorre ao Diretório
Joana Rozowykwiat
SÃO PAULO – A reunião da Executiva nacional do PT mal tinha começado, ontem, quando o prefeito João da Costa abandonou a sala, anunciando à imprensa que, antes mesmo da votação, o partido já tinha um veredicto: intervir no Recife e homologar a candidatura do senador Humberto Costa à Prefeitura. Ele achou que não tinha mais o que fazer no encontro e, acompanhado pelos aliados, foi embora. Era a crônica de um desfecho anunciado. Três horas depois a Executiva nacional emitiu uma curta nota, confirmando o nome de Humberto como candidate do PT.
Segundo o prefeito, cinco minutos antes da reunião começar, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, o chamou em sua sala para informar que “pelo seu sentimento”, a decisão era essa. O dirigente teria argumentado que a sua candidatura à reeleição não era competitiva.
João da Costa entrou na sala do encontro e comunicou que, diante do que que tinha acabado de ouvir, não participaria do debate. Com isso, torna-se o primeiro prefeito do Recife a não disputar a reeleição.
Dos 21 membros da Executiva, 17 compareceram à reunião de ontem. Os deputados que acompanhavam os pré-candidatos não puderam permanecer na sala durante o debate, que começou às 18h e prosseguiu noite adentro. O prefeito deixou a sala às 18h30, bastante abatido.
Disse que decidirá seu futuro político depois de conversar com a militância, no Recife. Um dos seus principais aliados neste embate do PT, o deputado federal Fernando Ferro, contudo, já se antecipou, defendendo que ele deve recorrer da decisão ao Diretório nacional do partido, que tem 84 membros. Se isso ocorrer, João da Costa pode ser expulso da legenda.
Com a decisão da Executiva nacional, a saga em torno do nome petista que concorreria à Prefeitura do Recife chega ao fim, mas começam outras batalhas: tentar unir o partido e a Frente do Recife e tirar de Humberto Costa a pecha de candidato imposto em um processo do qual João da Costa seria vítima – um sentimento que ganhou corpo nos últimos dias.
Com medo da carga que a palavra intervenção carrega, o coordenador nacional da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), da qual Humberto faz parte, procurou uma outra tipificação para o ocorrido. Segundo ele, não houve intervenção, porque os diretórios municipal e estadual não foram destituídos. “O prefeito pode ter entendido da forma dele, mas o que existe é uma decisão política de afastar os dois candidatos, ele e Maurício Rounds, para encontrar um terceiro nome capaz de disputar a eleição do Recife e ganhar”, afirmou Francisco Rocha, Rochinha.
Durante a tarde de ontem, poucos petistas estiveram na sede do PT. Os aliados de João da Costa foram os primeiros a aparecer. O prefeito chegou às 16h20, acompanhado do ex-presidente estadual da legenda, Jorge Perez, que não quis falar com a imprensa, mas se disse otimista.
O adversário Humberto viria dez minutos depois, ao lado do ex-prefeito João Paulo e do secretário estadual de Governo, Maurício Rounds, que abriu mão de disputar a segunda prévia (perdeu a primeira) com João da Costa, em favor do senador. Chegaram de táxi e desembarcaram na garagem, onde jornalistas não tinham acesso. Nos poucos instantes em que a imprensa pôde entrar na sala da reunião, para que os fotógrafos pudessem registrar o encontro, os dois pré-candidatos estavam em lados opostos, com cara de poucos amigos. Já se comentava que o resultado traria consequências negativas para a sigla.
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)
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