O Planalto encalacrou o Congresso e deixou dois caminhos principais para deputados e senadores. Um deles é aprovar o plebiscito sobre a reforma política a jato, como deseja a presidente. A outra saída é derrotar Dilma Rousseff e dar início ao fim de seu governo.
O Congresso estará colaborando com Dilma se fingir que acha tudo maravilhoso e aprovar o plebiscito com itens que ajudarão o PT a se perpetuar no poder --como o sistema de voto em listas fechadas e com nomes pré-ordenados pelo partido. Nessa hipótese, o Legislativo assume de maneira ostensiva um papel de subserviência ao Executivo.
Se deputados e senadores tiverem um raro surto de independência e rejeitarem o plebiscito, será uma declaração de guerra. Da janela do Palácio do Planalto, a presidente apontará para o Congresso: "Vejam todos. Ali estão os vendilhões da pátria. São eles que ignoram o clamor das ruas. Não querem modernizar a política e não ligam para o Brasil".
Há uma possível saída intermediária. Aprovar um plebiscito desfigurado, incompreensível ou só para ser aplicado na eleição de 2014. Uma embromação. Nesse caso, morreriam todos abraçados, Executivo e Legislativo. Prometeram uma montanha e estariam parindo um rato.
Problemas políticos só se resolvem com mais política. Alta política, no caso. As (poucas) cabeças pensantes do Congresso e do Planalto podem muito bem fazer uma pauta mínima de modernização do sistema. Uma cláusula de desempenho para partidos, evitando a proliferação de aventureiros do aerotrem. O fim das coligações malucas entre comunistas e capitalistas, que só confundem o eleitor. Regras de democracia interna para as siglas deixarem de ser controladas por oligarquias.
Essas medidas podem ser aprovadas por meio de lei. Reduziriam a temperatura. Mas dependem de políticos com a cabeça no lugar e bom-senso. Aí já é querer demais.
Fonte: Folha de S. Paulo
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