sábado, 29 de junho de 2013

Manifestações não inspiram oposição

Partidos contrários ao governo se mostram acuados com a dimensão dos protestos e dizem que as legendas não devem se capitalizar com as ações populares

Bruna Serra

Ainda que a maior vitrine das manifestações que tomaram o Brasil seja o governo em exercício - com contestações mais imediatas ao PT da presidente Dilma Rousseff (PT) -, a oposição tem demonstrado dificuldades em catalisar os anseios populares. Desde que o movimento foi iniciado, há aproximadamente 15 dias, os partidos que são contrários à administração petista se posicionam apenas por meio de notas públicas, deixando transparecer que estão acuados com a dimensão dos protestos.

Na próxima semana, as lideranças de Democratas, PSDB e PPS devem se encontrar com a presidente para que seja acordada uma agenda de modo a atender novas demandas dos manifestantes. O ex-íder do PSDB na Câmara Federal, o deputado Bruno Araújo, defende o bloco oposicionista afirmando que não é possível nenhum partido político capitalizar com os movimentos. Para o tucano, quem não tiver a compreensão desse momento terá dificuldades para permanecer na vida pública.

"Do ponto de vista de oposição está claro que esses importantes movimentos encerram um ciclo de cultura de passividade. Eles contestam um sistema político como um todo, mas gera um passivo muito maior para quem preside o status quo do poder hoje que é o PT, que é levado a falar e gera um desgaste maior dentro da contestação do todo do sistema", avalia.

Sintonia

Araújo ataca o governo afirmando que todas as demandas da população atendidas até agora devem ser computadas na conta do Congresso Nacional. De acordo com o parlamentar, o cenário para 2014 ficou ainda mais nublado.

"Um viés importante de troca de começa a se confirmar. Um viés de alta para um eventual alternância de poder para 2014", provocou. A disposição do bloco oposicionista em relação ao encontro da próxima semana é jogar no colo do governo o peso de sua base aliada. "As oposições querem saber da presidente porque ela não orienta a base a derrubar o veto à emenda 29, por exemplo, que retirou dezenas de bilhões da saúde."

Tentando demonstrar sintonia com a pauta das ruas, o PPS usou seu horário político nacional para abordar as reivindicações. Presidente nacional do partido, o deputado federal Roberto Freire está apostando na força dos manifestantes para derrubar ainda mais a popularidade da presidente. "O que pode acontecer em 2014 já aconteceu agora, com o governo sendo contestado. A próxima pesquisa deve indicar uma queda maior na avaliação da presidente e do governo. A oposição está se articulando, se afirmando e vai ter uma participação em 2014", assegurou o oposicionista.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

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