Com popularidade em queda, governador triplica verba para divulgar obras; assessoria afirma que aumento é normal
Wilson Tosta
RIO - O governo Sérgio Cabral Filho (PMDB) empenhou em julho o total de R$ 27,9 milhões para publicidade. É mais de 240% além da média dos gastos dos seis meses anteriores para o mesmo fim, mostra levantamento do Estado na execução orçamentária do Estado.
No mês seguinte aos protestos de junho, que causaram queda generalizada na popularidade de governos, a administração do Rio, cujo chefe amarga apenas 12% de avaliações de "ótimo" e "bom" na pesquisa CNI/Ibope, o dinheiro público reservado a divulgar suas ações mais que dobrou. Até o fim de julho, os empenhos apenas para propaganda somavam R$ 76,9 milhões.
Desde 2007, o governo Cabral, eleito com discurso de crítica ao excesso de anúncios oficiais, empenhou quase R$ 1 bilhão para agências de publicidade, dos quais já pagou mais de R$ 880 milhões, corrigidos pelo IPCA. O governo nega anormalidades nessas despesas.
Os empenhos de julho representam também crescimento expressivo em comparação aju-Iho de 2012: são 39,5% a mais sobre que os R$ 20 milhões de um ano atrás. Naquele período do ano passado, o aumento em relação à média dos seis meses anteriores fora de 127,38% (pouco mais da metade dos mais de 240% de um ano depois).
As despesas liquidadas (reconhecidas como regulares e, portanto, prontas para serem pagas) em julho/12 foram de R$ 24,8 milhões, o que significou um aumento de 206% sobre a média dos seis meses antecedentes.
Agências. Os empenhos do setor até o fim de julho passado foram destinados às agências Artplan (R$ 12,9 milhões), Novas/B. (R$ 16,5 milhões), PPR (RjS 12,1 milhões), Binder + FC (R$ 13,2 milhões), DPZ (R$ 16 milhões), Agnelo Pacheco (R$ 11.2 milhões) e MKT Plus (R$ 11.2 milhões). Também houve verbas empenhadas para empresas de eventos e assessoria (cerca de R$ 55 milhões).
Contestação. O governo Cabral argumenta que em julho de 2013 não houve aumento desses gastos e que o fato de haver mais empenhos em determinado mês não quer dizer que os dispêndios ocorram nesse período. Em nota ao Estado, a assessoria do governo afirma que "comparar empenhos realizados no mesmo mês de anos diferentes não é parâmetro para medir estratégia de comunicação".
O Executivo também argumenta que mais pagamentos em um mês não são sempre decorrentes de "produtos de comunicação gerados naquele mês". Podem quitar serviços prestados bem antes. A nota também afirma não haver novidade no acumulado de despesas de publicidade desde 2007. "Nesses seis anos e sete meses de governo foram realizadas campanhas de toda a natureza, tais como a da Operação Lei Seca, prevenção à gravidez precoce, divulgação do Bilhete Unico, divulgação das UPPs, dentre outras".
Fonte: O Estado de S. Paulo
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